Depois do pesadelo que tive não consegui dormir a noite, pois tive medo de ter outro, ninguém sabe desses pesadelos que tenho e eu prefiro assim. Às vezes eles são apenas pequenas lembranças e a maioria são daquela noite, a noite da morte deles.
- Charlie? - olho para a porta e vejo Rose parada olhando para mim.
- Eu já estava descendo. - digo terminando de arrumar minha mochila.
- Aconteceu alguma coisa? - pergunta ela me analisando com uma cara preocupada.
- Não, por quê? - pergunto confuso.
- Eu bati na porta umas três vezes, e você não respondeu e quando entrei você estava com um olhar distante, como se estivesse pensando em algo.
Eu podia falar sobre isso com Rose, pois apesar do pouco tempo que a conheço sei que posso confiar nela, mas eu não quero falar sobre meus pesadelos, muito menos sobre a morte da minha mãe e de Richard.
Nem meu pai perguntou sobre isso, Para falar a verdade ele sequer perguntou algo. Não perguntou como eu estava, nem como foi passar todos esses anos sem ele ou qualquer outra coisa. Mas eu ao contrário dele, tenho muito a perguntar, porém isso está um pouco difícil, até porque eu mal vejo ele.
- Está tudo bem Rose, não precisa se preocupar. - digo tentando tranquiliza-la e pego minha mochila, uma das coisas boas de Rose que percebi, é que ela sabe quando eu realmente não quero falar, e respeita isso.
Saio do quarto e ela me acompanha, tomo um café rápido e vou para a escola, não vi meu pai e nem perguntei por ele.
°°°
Assim que chego na escola vou direto para minha sala, como não tenho amigos não vi motivos para ficar nos corredores.
Quando sento no meu lugar vejo a garota que se apresentou para mim ontem, acho que se chama Olivia, ela sorri para mim enquanto joga seu cabelo para o lado, e eu apenas dou um pequeno sorriso de lado para ela.
Observo enquanto ela comenta alguma coisa com seu grupo de amigas, mas apenas dou de ombros.
Logo um professor entra na sala e todos sentam-se em seus devidos lugares. Então a primeira aula começa.
°°°
Não demorou para chegar o intervalo, saio da sala e caminho até o refeitório, depois de comprar algo para comer, vou para uma mesa que está vazia.
Mas não consigo comer nada, estou muito ocupado procurando ela, meus olhos percorrem atentamente todo o refeitório a sua procura.
Será que ela veio? Se sim, por que não está aqui?
Eu tenho que vê-la, nem que seja de longe. Sei que isso parece ridículo, mas não me importo e nem consigo controlar ou entender porque me sinto assim.
- Procurando alguém? - ouço uma voz atrás de mim e me assusto.
Olho e vejo Nathan rindo.
- Não. Por quê? - Pergunto enquanto resolvo comer.
- Porque parecia. - diz ele puxando uma cadeira para se sentar. - Foi mal ter saído praticamente correndo ontem, é que eu tinha algumas coisas para fazer com uns amigos meus. - ele explica-se. Para ser sincero nem sei porque ele está falando comigo, mas ele me parece ser legal, então não vejo problema em sermos amigos.
- Tudo bem. - digo e nesse momento eu a vejo e um sorriso bobo surge sem permissão.
Todos a olham também, é como se todos parassem apenas para vê-la passar.
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Meu Anjo Azul
RomanceCharlie Cooper é um adolescente que acabou de perder a mãe de uma maneira trágica e agora é obrigado a morar com seu pai, um homem frio e que se importa apenas com seu trabalho. Charlie é um garoto solitário que não vê muito sentindo em sua vida, ch...