Capítulo 06

59 17 173
                                    

- Você não fez isso! - digo rindo da história absurda que Lucia quer que eu acredite.

- É claro que fiz! Por que não faria? - ela rir mais ainda.

Lucia garante que em uma madrugada pegou "emprestado" um dos carros do seu pai e deu para um mendigo em troca de um sanduíche de presunto, ela se justifica dizendo que estava bêbada e morrendo de fome.

- E o que o seu pai fez quando descobriu? - pergunto, ambos estamos comendo lasanha no restaurante preferido dela.

- Ele teve um ataque, era o seu carro favorito e um dos mais caros. - ela continua rindo. - Sério Charlie, ele rodou a cidade inteira em busca do tal mendigo, isso quando ele acreditou em mim, a cara dele explicando para a polícia o que tinha acontecido com seu carro foi hilária. - ambos estamos rindo alto e uma senhora nos olha como se estivéssemos à incomodando, o que faz Lucia rir ainda mais alto.

- Você é louca! - afirmo enquanto ela bebe um pouco do seu suco.

- Tem mais. - ela rir.

- Claro que tem. - digo rindo, e é uma sensação tão boa, rir depois do que parece um século. Não me divertia assim desde... Para ser sincero, acho que nunca me divertir tanto assim. E é  uma das melhores sensações do mundo.

- Meu pai me fez ir com ele na busca pelo mendigo, depois de algumas horas procurando encontramos ele, a melhor parte, foi que ele exigiu seu sanduíche de volta. - ela não consegue parar de rir assim como eu também não.

- O seu pai fez o que depois disso? - não acredito que Lucia teve mesmo coragem para fazer isso, mas quanto mais eu a conheço vejo que ela talvez faria pior.

- Ele deu dinheiro, mas o mendigo ainda saiu dizendo que depois teríamos que devolver seu sanduíche. - Lucia rir e é um som lindo de se ouvir, sua risada é contagiante.

- Essa é a história mais louca que já ouvir. - comento ainda rindo.

- Sério? Pois você ainda vai ouvir muitas outras histórias loucas, tenho várias para contar. - ela diz e o garçom se aproxima de nós, quando disse que iria pagar a conta Lucia quase me bateu dizendo que achava isso ridículo e machista, então dividimos a conta.

                                °°°

- Então você não se dar muito bem com seu pai? - ela questiona depois que eu disse que desde que cheguei mal o vim.

- Não temos sequer uma relação para sabermos se nos damos bem ou não. - digo e ela concorda enquanto tenta se equilibrar no meio fio da calçada.

- Bom, como você já deve ter percebido meu pai e eu também não temos a melhor relação do mundo. - ela diz e ambos nos sentamos em uma calçada próxima do restaurante onde estávamos.

- E com a sua mãe? - pergunto e ela parece distante novamente, como se a menção da sua mãe a levasse para outro lugar.

- Ela morreu. - Lucia responde depois de alguns segundos em silêncio, então levanta-se para pegar sua mochila e eu a sigo.

Resolvo não perguntar mais nada sobre o assunto, pois ela parece não querer falar sobre isso, e também não é justo que eu queira que ela fale sobre sua família, enquanto eu não quero falar da minha.

- Então você nunca teve muitos amigos? - ela pergunta alguns minutos depois que começamos a caminhar.

- Nenhum na verdade. - respondo dando de ombros e ela rir.

Meu Anjo AzulOnde histórias criam vida. Descubra agora