Capítulo 13

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Sabe quando tudo que você quer é paz? Só paz. Naquela noite descobrir que não era a praia que me trazia essa paz, mas sim ela e querendo ou não admitir, eu fui até aquela praia na esperança de vê-la, na esperança de achar essa paz.

- O que houve Charlie? - ela pergunta depois de alguns minutos, ainda me abraçando. Eu não digo nada. - Tudo bem, não precisa falar agora. - diz ela calma.

- Por que está aqui? - pergunto baixo.

- Porque sempre venho aqui. E você? O que faz aqui? - eu suspiro saindo do seu abraço.

- Nem pensei direito quando vim para cá, só queria ficar sozinho. - digo e ela pega minha mão, mas eu não deixo, pois nesse momento lembro-me de tudo que ela disse e do que fez.

- Por favor não faça isso, eu quero te ajudar Charlie, por favor. - ela diz triste olhando em meus olhos. Ela consegue quebrar todas as minhas barreiras, não consigo ter raiva dela por muito tempo, droga, eu a amo.

- Eu também queria te ajudar lembra? - ela suspira e baixa a cabeça.

- Não vamos falar de mim, nem das merdas que faço, quero saber o que houve, o que te fez ficar assim.

- Meu pai. - digo.

- Vocês brigaram? - ela pergunta e eu confirmo. - Por quê?

Resolvo contar a ela, resolvo me abrir com a garota que estou completamente apaixonado e que a menos de 24 horas estava aos beijos com outro.

- Meus pais se separaram quando eu tinha apenas sete anos, e até hoje eu não sei o porquê, simplesmente um belo dia estávamos bem e no outro minha mãe pegou todas as nossas coisas e disse que iríamos embora, disse que tudo daria certo e que íamos ser felizes. - dou um pequeno sorriso frustrado e Lucia me olha cuidadosamente parecendo que vai chorar a qualquer momento. - Nunca fomos felizes Luci, nunca. Não demorou muito tempo e minha mãe apresentou seu namorado, Richard. - digo cheio de mágoa e com as lágrimas prestes a sair.

- Ele era bom, certo? - ela pergunta e sinto que ela tem esperanças e torce para que eu diga que sim.

- Não. Richard era um lutador de boxe fracassado, ele não era alcoólatra quando se casou com minha mãe, bom, ele já bebia, só não era alcoólatra, mas foram tantas derrotas que acabou se tornando um, ele começou a trabalhar em uma loja de tatuagens praticamente falida, ele também era um viciado em drogas, Richard nunca foi uma boa pessoa, mas a medida que ele se drogava e bebia foi se tornando cada vez mais violento...

- Por favor diga que ele não te machucava. - ela me interrompe a beira das lágrimas.

- Ele espancava minha mãe. - Lucia aperta minha mão. - E a mim também, foi assim que cresci, vendo minha mãe apanhando e sendo violentada bem na minha frente, e quando eu tentava impedir, eu também era espancando. - nesse momento Lucia me abraça forte e eu acabo chorando. - Eu era só uma criança Luci. - digo chorando em seu abraço e percebo que ela também está chorando.

- Eu sei meu amor, eu sei. - ela diz tentando me consolar. - Esse filho da mãe merece morrer. - diz ela com raiva e eu estremeço.

- Eu não quero mais falar disso. - digo antes que ela resolva fazer mais perguntas.

- E seu pai? - Saio do seu abraço e começo a olhar o mar.

- Brigamos porque eu o confrontei, perguntei porque ele nunca me procurou. - respondo.

- E o que ele disse?

- Que nunca fomos felizes e que eu sou um erro. - repito suas palavras e estremeço com o peso delas.

Meu Anjo AzulOnde histórias criam vida. Descubra agora