Capítulo 10: Um amigo para todas as horas

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*Camille na imagem acima

Domingo, 04:38pm.

Chloe

Camille ouvia com atenção cada nota, cada som entoado pelo piano. Eu estava a ensinando a tocar, ela tem me pedido muito isso, pois o meu pai não tinha tempo para ensina-la. Na verdade, nossos pais tem andado muito afastados da gente por conta do trabalho.

Ao terminar de tocar, Camille me aplaudiu e eu sorri.

- Agora é a sua vez! - falei e ela, rapidamente, negou.

- Ah, não! Não sei se consigo, toda vez que tento, não sai bom... - falou cabisbaixa e eu a fitei.

- Uma vez eu ouvi uma frase que dizia: Substitua o não consigo, pelo vou tentar outra vez! - falei e ela sorriu fraco.

Antes de tocar seus dedos pequeninos nas teclas do piano, ela respirou fundo e sussurrou um você consegue. Ela tocou as primeiras notas muito bem, errou alguns acordes, mas foram mínimos.

Quando ela terminou, bati palmas e ela sorriu.

- Eba! Eu consegui! - falou fazendo sinal de vitória e eu ri.

- Tá, mas agora é hora da senhorita ir lanchar.

- Comida! - exclamou e correu para cozinha. Não é a toa que ela é minha irmã.

Fui para a cozinha e vi que meus pais tinham acabado de chegar de uma reunião do trabalho do meu pai. Eles não estavam com uma cara boa, no mínimo brigaram. De novo.

Após lanchar, Chloe foi para o seu quarto desenhar e eu fiquei na sala com minha mãe.

- Está tudo bem, mãe? - perguntei e ela me encarou.

- Eu e seu pai precisamos falar com você e a Camille hoje. - respondeu e eu franzi o cenho.

- Por que?

- Chloe, na hora você descobre o porquê, agora vai para o seu quarto.

- Mas, mãe, eu iria à igreja hoje, não quero faltar.

- Você praticamente vive nessa igreja, não faz mal faltar um dia. - ela disse isso e caminhou para o seu quarto.

Suspirei. Eu não gostava de faltar cultos, mas eu precisava saber o porque de meus pais estarem tão estranhos.

✝=❤

Havia um incômodo silêncio na mesa de jantar. Eu sentia falta de jantar conversando e rindo com os meus pais, como uma família normal. Mas nossa família não tem sido tão normal como as outras. Meus pais vivem ocupados ou discutindo um com o outro. Ultimamente, a minha verdadeira família tem sido Camille. Ela é a única pessoa que me faz ter esperança de que tudo vai ficar bem. Eu creio nisso e não posso deixar de acreditar.

Minha mãe pigarreou e nós a encaramos.

- Chloe, Camille, eu e seu pai tivemos uma conversa que não muito agradável... - isso não é novidade... Pensei. - e chegamos a uma conclusão.

- Você chegou a essa conclusão. - disse meu pai dando ênfase à palavra.

- Deixe-me terminar, August. - falou sem olha-lo. - Vou direto ao ponto. Eu e seu pai iremos nos divorciar! - falou sem mais delongas.

Ouvir aquilo tirou qualquer vestígio de fome que eu tivera. Eu não falei nada. Afinal, o que falar? Eu só conseguia encara-los sem dizer absolutamente nada. Eles mantinham uma expressão indecifrável.
A primeira lágrima desceu pelo meu rosto e eu não conseguia controlar.

Cremos | Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora