Capítulo 33: Aceite o Amor

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Chloe

Eu não conseguia manter a calma enquanto esperava na recepção do hospital. Meu pai saiu para ir a lanchonete pois disse que queria pegar um café para o mesmo. Ele me ofereceu, porém eu não aceitei. Eu só conseguia pensar em como estaria a minha mãe!

— Quando pequena, você sempre ficava com alguma coisa na mão quando estava triste ou pensativa. Nesse momento, percebi que esse fato não mudou em você! — papai sentou-se ao meu lado e eu suspirei. Eu não parava de amassar um copo descartável que havia bebido água.

— Muitas coisas permanecem as mesmas em mim, pai. Mesmo que você e a mamãe não me observem mais tanto quanto antes. — eu não queria, mas aquilo saiu um tanto amargurado de minha boca.

— Ouça, Chloe, eu sei que o que fizemos com você e sua irmã não foi certo...

— Vocês nos afastaram. Foi como se quisessem, de alguma forma, apagar nossa existência.

— Chloe, sua mãe e eu erramos em afasta-las da gente, mas nós nunca deixamos de ama-las. Só não queríamos que nossas brigas fúteis prejudicassem vocês. Hoje eu vejo que nós perdemos muito tempo discutindo por bobagens sendo que nós poderíamos ter vivido tantas coisas boas ao lado de vocês duas. Sei que vocês devem guardar mágoas da gente, mas, por favor, nos perdoem. Eu não quero mais viver afastado de vocês dessa forma e sei que, provavelmente, sua mãe também não quer isso! — seu olhar parecia triste e eu não tinha nenhuma dúvida que suas palavras eram sinceras. Não o respondi, apenas o abracei e tentei passar para ele que tudo iria ficar bem.

Passaram-se alguns minutos e eu já estava ficando impaciente com a demora do médico. Meu pai não parava de passar a mão na cabeça e eu via a preocupação estampada em seu olhar. Ele ainda a amava! Era tão claro.

— Pai... — o chamei e ele me olhou. — Ela vai ficar bem!

— Eu estou com medo... — confessou e eu abri um sorriso fraco.

— Eu sempre soube que o amor de vocês era maior do que qualquer coisa! — falei, fazendo com que ele esboçasse um pequeno sorriso.

— Eu sei disso. Você sempre quis nos alertar sobre isso, só que estávamos cegos! — disse e uma lágrima escorreu pelo seu rosto. — Eu nunca quis o divórcio, sempre deixei isso claro. Nunca deixei de amar a sua mãe, porém ela parecia não querer acreditar em mim. Ela sempre queria tomar a palavra e a única coisa que fazíamos era discutir a toda hora, em todo momento... Eu já estava ficando cansado dessas discussões, foi por isso que concordei com o divórcio. Queria pôr um fim nisso, pois eu sabia que você e Camille também eram afetadas com nossas brigas.

Ele deu uma pausa e limpou suas lágrimas.

— Eu amo a Kate. Nunca deixei e nunca vou deixar de ama-la. Ela é a mulher da minha vida, por mais que tenhamos nossos desentendimentos, nunca deixei de acreditar nisso. Ela me deu os meus melhores presentes, você e Camille, e é com ela que quero passar o resto da minha vida! — senti lágrimas descerem pelo meu rosto com sua confissão e fiquei extremamente feliz em ouvi-las. Eu nunca tinha ouvido o meu pai falar daquela forma, há anos eu não os vejo mais trocar olhares apaixonados ou sorrisos que deixasse claro o que sentiam um pelo outro.

— Eu não quero que vocês se separem... Não quero ficar sem a mamãe... — sussurrei e as lágrimas jorraram pelo meu rosto.

Meu pai me envolveu em seus braços e tentou me passar calma.

— Kate não irá nos deixar, filha. Ela irá ficar bem... Não deixe de acreditar nisso! — assenti e ele depositou um beijo em minha cabeça.

O médico finalmente chegou e chamou o meu pai para conversarem sobre o estado de minha mãe, que ainda permanecia grave. O doutor liberou minha visita e eu fui até o quarto de mamãe que, graças a Deus, já estava acordada.

Cremos | Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora