5. Pequenas coisas.

45 7 13
                                    

- Eu preciso ir, já está tarde e você precisa dormir.

O homem logo se levantava perdendo o contato das pequenas mãos do outro no seu rosto. Suas bochechas ficando levemente rosadas, de um modo que passaria despercebido por alguém distraído.

Com o tempo que viveu na Terra, Harry percebeu que as pessoas adoravam as chamadas covinhas, sempre elogiando a beleza que elas davam ao rosto alheio e desejando ter aquelas má formações em si mesmas. Porém, Harry não fazia parte deste mundo, não se sentia bem com aqueles erros, como o mesmo dizia.

Cresceu longe de todos, criado por uma senhora estranha no meio de uma floresta. Não pôde brincar como as outras crianças, cresceu isolado e solitário. Quando Umay o procurou, pedindo que fosse até um lugar a anos luz de distância, conheceu a gratidão. Sentia-se grato a senhora Isis por tê-lo criado quando sequer tinha a obrigação de falar com o mesmo. Sentia-se grato pela mulher lhe dar um nome e algo que ele pudesse chamar de lar.

- Tudo bem.

Harry calçou rapidamente seus sapatos enquanto Louis colocava-se em pé para acompanhar o outro até sua sacada. Seria difícil Harry sair pela porta da frente sem ser percebido pela garota que ainda assistia na sala.

- Nos vemos amanhã no colégio.

- No colégio?

- Já se esqueceu? Você irá me orientar sobre como funcionam as coisas no seu colégio.

Apesar de aquela ser a maneira de Harry ficar por perto, Louis não se sentia mais incomodado com isso. Já entendia melhor o objetivo do outro ali, por mais que parecesse tudo loucura, Louis acreditava.

- É claro, Sr. Baseggio.

- Na verdade, é Styles.

- Styles?

O vento frio de Londres bagunçava os fios de Louis, seu corpo encolhido fazendo o mesmo parecer menor. Tomlinson adorava o frio, menos nos momentos em que não estava vestido adequadamente para ficar em sua sacada sentindo a ponta de seu nariz ficar cada vez mais fria.

- Exatamente. Longa história. Mas eu precisava parecer estrangeiro.

- Harry não soa muito como italiano.

Uma risada divertida fez o corpo de Louis vibrar no frio. O outro apenas cruzou os braços semicerrando os olhos para o de olhos azuis a sua frente.

- Você sabe falar italiano, Harry? Creio que a Sra. Oris não seja tão ingênua em acreditar que você seja italiano, sem falar italiano.

- Para sua informação, Sr. Tomlinson, eu falo sete línguas.

Harry empinou o nariz orgulhoso, passou tanto tempo perambulando pela Terra e com sua facilidade de aprender as coisas, com o tempo acabou aprimorando seus conhecimentos sobre as linguagens.

- Eu realmente preciso ir. Boa noite, Louis.

- Boa noite, e tome cuidado ao descer.

Harry balançou a cabeça já posicionando-se para descer a escada apoiada na parede. Seus pés indo degrau por degrau tomando cuidado para não pisar em falso e acabar caindo. Sentiu o chão firme sob seus pés e pois-se a andar para longe, em um momento olhando para trás e vendo a luz passar pelo vidro da porta, que levava ao quarto do garoto, já fechada.

Seus sapatos faziam um barulho baixo e contínuo enquanto caminhava calmamente por entre as ruas do bairro de classe média em Londres. Casas com seus gramados e alguns gnomos enfeitando jardins, flores e pedras fazendo um caminho até os poucos degraus da entrada das casas. Algumas sem enfeite algum e o gramado crescendo, provavelmente pelo morador não tem tempo ou paciência para cuidar.

Brave Heart || l.sOnde histórias criam vida. Descubra agora