Capítulo 17

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-Vamos, Pata de Neve! – a gata com o pelo com tons de dourado ofuscado, olha para o lado tentando orientar o gato. –Faça assim quando achar sua presa.

Pata de Orvalho levanta o traseiro e mexe a cauda de um belo modo da esquerda á direita, engatinha para um arbusto que se movia de cá pra lá e assim pulou com as garras soltas.

-Uau! – Pata de Neve se aproxima da presa, se surpreendendo do quão grande ela era, mas depois se substitui por um sentimento de culpa por nunca ter conseguido pegar nada que não seja um camundongo médio. –Você é ágil.

-Oh. Obrigada. – ela fala passando a pata no rosto disfarçadamente. –Agora sua vez, repita o que eu fiz! – Ele assentiu e assim fez, elevou os quadris, desembainhou as garras, inalou o cheiro do lugar e quando iria saltar ele se sentiu desconfortável.

-Pata de Neve, por que hesitou? – ela trota até o lado do companheiro e ele num salto se levanta e reseta as orelhas.

-Tem alguém... Eu sei que tem... – ele observa desesperadamente o terreno onde estava procurando pelo semblante do ser misterioso.

-Alguém? Quem? – Pata de Orvalho estava com a voz trêmula, mas ela preferiu sentar-se do lado de Pata de Neve e encostar o focinho em seu pelo.

-Não é do nosso clã, seu rastro de águas salgadas está tão forte que o gato com o olfato menos aguçado do mundo conseguiria sentir. Sinta! – a gata levanta o focinho e exala o cheiro que rapidamente invadiu-lhe a cabeça, o cheiro parecia ir do Noroeste ao Sudoeste.

-Vamos seguir a trilha. – Pata de Neve toma atitude e segue o caminho que os vestígios lhe levavam e Pata de Orvalho o puxa pela cauda.

-Ei, não podemos sair daqui! – ela fala enquanto bate a pata dianteira no chão. –Prometi á Pelo de Prata e Cauda Preta que não sairíamos daqui até eles voltarem da caça.

-Não é como se eles voltassem bem na hora que eu desse uma saidinha daqui.

-Pata de Neve, eu só estou avisando para o nosso bem.

-Se não quiser vir, fique. – ele continua com seus passos longos atrás do cheiro, olhou de soslaio para trás e Pata de Orvalho se sentou e bufou, vendo que era impossível retirar uma ideia da mente de Pata de Neve quando ela era "ótima".

Pata de Neve correu para a floresta, sentindo as pequenas mudas de algodão que estavam a florescer baterem levemente em seu rosto, miscigenando os odores das águas com as plantas. Quando saiu da floresta, viu Pelo de Prata sozinho carregando um acervo de peixes, o sentimento de culpa dominou novamente no gato por suspeitar que ali fosse um gato de um clã inimigo.

-Pelo de Prata! – Pata de Neve anuncia depois de pular em cima do gato, pegando o mentor de surpresa.

-Pata de Neve? Nem lhe vi escondido. – ele fala lambendo seu pelo que parecia bem desgrenhado. –Está se tornando um bom caçador silencioso.

-Tudo isso aprendi com você. Lembra? – ele diz levantando a cabeça para olhar nos olhos do mentor. –Um bom guerreiro é aquele que passa despercebido.

-Então você reverteu meu truque contra mim, pequeno. – Pelo de Prata chega arrastando a porção de presas que havia caçado.

-Pelo de Prata, posso lhe perguntar uma coisa? – o aprendiz pergunta seguindo os passos grandes do gato prateado. –Claro, Pata de Neve.

-As águas correntes para o acesso de peixes são salgadas?

-Não, Pata de Neve. – ele diz sério enquanto reorganizava a pilha. –Agora venha me ajudar, tenho um monte de peixes para levar ao acampamento.


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