Parte 3 -
Aika entrou no pequeno restaurante e saudou o dono.
- Como vai a esposa?
- Cuidando da pequena. Tem um bom tempo que não aparece, achei que tivesse abandonado a Casa. Vai se surpreender com o tamanho da Lara agora.
- Ora, sou freguesa antiga. Claro que não deixaria de vir aqui. Só muito trabalho nas mãos. Mas tio, poderia me arranjar algo a essa hora? Estou caindo de fome.
- Me sinto velho assim. Ainda estou na casa dos 30, sabia?
O homem foi a cozinha pedir algo e voltou com um copo de cerveja dando a Aika para bebericar enquanto esperava.
- Hoje foi um dia e tanto.
- Mas nem acabou ainda, Aika.
- Não me lembre, Seu Carlos. Posso esquecer de dar as gorjetas.
O homem deu uma risada estrondosa que não era incomum dado o seu porte grande. Desde quando se mudara a três anos, Aika vinha a esse restaurante para relaxar depois de uma tarefa difícil, principalmente a noite. Ela achava o lugar muito acolhedor e fez amizade com todos ali. Em alguns dias juntava um grupo bem alegre e ela ria a vontade junto. Em outros eles só sentavam e bebiam ouvindo música e ela ficava pensando. Carlos, o dono, conhecia cada freguês, desde que tivesse ido uma vez lá. Ele fazia questão de chamá-los pelo nome e recebê-los. Sua esposa muitas vezes o acompanhava. E quando fazia, Aika conversava um bom tempo com ela.
Finalmente ela comeu e saciada agradeceu pagando a conta e indo pra casa depois de prometer voltar mais vezes.
Aika chegou na porta de seu apartamento e ficou com a mão na maçaneta por um instante antes de abrir. Tomou fôlego e entrou. Não havia sinal de ninguém na sala ou cozinha. Ela jogou a bolsa no sofá pequeno e tirou os sapatos antes de recostar-se no outro e por os pés sob o centro de mesa. E ficou ali de olhos fechados. Depois de longos minutos ela abriu os olhos e viu um rosto a encarando. Seu coração saltou.
- Não me assuste. A quanto tempo estava aqui?
- Acabei de terminar minhas coisas. Nem ouvi você chegar, Aika.
Rey foi até a cozinha, pegou duas latinhas de cerveja, entregou uma a Aika e abriu a outra depois de sentar no sofá oposto a ela, bem acomodado. Aika não fez menção de abrir a dela e o observava.
- Você joga em grupos?
- Hum?
- Você nem sequer tirou os fones, quando se joga geralmente se usa chats online mas fica complicado digitar em algumas situações e jogadores em grupos preferem conversar por chamadas de voz para se organizar melhor.
- Aika, você conhece muito bem essas coisas, hein.
Ela sorriu embaraçada e depois virou o rosto murmurando algo. Rey tomou um gole de sua cerveja antes de responder.
- Terminei o planejamento para essa semana, não vou mais ser incomodado pelo resto do dia. Vai me levar a algum lugar hoje como recompensa?
- Por que eu faria isso? Estou acabada. E você só ficou jogando!
- Fiquei? Ah, fiquei. Por isso, me faria bem sair um pouco. E eu não conheço nada por aqui, cadê sua hospitalidade?
- Você está se impondo aqui. Será que ninguém entende que meu domingo é sagrado? E eu continuo fazendo coisas pros outros.
- Vamos fazer um acordo. Os gastos ficam por minha conta e você quem decide o lugar.
- Se você decidisse eu não seria necessária.
- Eu iria querer companhia.
- Estamos apenas dividindo o apartamento, O.k.
Rey sorri, levanta e joga a lata no lixo antes de ir para seu quarto pegar roupas limpas e uma toalha. Aika fixa o olhar em suas costas. *Suspiro* Mas que homem! Por que eu não posso simplesmente me jogar nele? Por que ele tem que ser o tipo que mais desprezo e que mais machuca, irresponsável e cara de pau. O que estou pensando...
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RomanceAika não se lembra do dia anterior e tem que lidar com um novo inquilino em seu apartamento que não a leva a sério. Pelo menos isso é o que ela acha.