Noite no bar

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Parte 4 -

Rey entrou em seu quarto e pensou em brincar mais uma vez com *Ela*.  Mas desistiu. Ele iria chamá-la para ir pro banho juntos e já imaginava a negativa. *Ela* diria simplesmente não ou lhe tacaria algo? Aika o tinha levado a sério quando ele disse que ia jogar e  foi por pouco que ele conseguiu se conter quando ela comentou mais tarde sobre isso. Ela se mostrava séria e atenta, e mantinha uma faxada neutra difícil de decifrar que o deixava mais interessado ainda em ver suas reações quando esta caia, Rey massageou as têmporas um pouco cansado e foi pegar suas coisas para tomar banho. Ele voltou ao corredor e percebeu os olhos dela fixos nele, de costas ele sorriu.

O apartamento era bem dividido e confortável. Só não possuía uma suíte, o que deixava a desejar. Porém para ela que morava sozinha até ontem isso não devia ser um problema, **até ontem**. Numa próxima eu faço o convite. Ele ligou o chuveiro, assoviando.

Mesmo morando sozinha, suas coisas eram muito bem arrumadas e limpas.  Ele queria saber mais sobre a vida dela. Aika também parecia ser muito indefesa, como podia estar tão calma com essa nova situação e com um estranho e aceitar tão facilmente? Mas se ela não lembra de ontem que seja. Se ela não lembra de mim que seja. Irei me aproveitar disso e criar mais oportunidades.

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Quando ele terminou de se ajeitar, Aika tomou seu lugar.  Rey ficou esperando enquanto assistia o noticiário.  Aika saiu do banheiro com os cabelos ainda molhados e secava com uma toalinha.  Rey a viu e desviou o olhar rapidamente para a tv.Ela parou atrás dele e via também o telejornal quando um repórter se apresentou. Seu rosto ficou pálido e ela correu para o quarto batendo a porta. Rey que estava sentado no sofá viu apenas ela correr de trás dele. E ficou sem entender. Ele desligou a televisão e a seguiu parando de frente a porta dela.

  - Aika?

  Ela não respondeu na hora e ele ficou parado sem saber o que fazer.

  - Tudo bem? Posso entrar?

  - Me dê um minuto.

  - O.K.

  Ele ouviu o barulho do secador de cabelo então voltou a seu lugar sem ligar novamente a tv. Aika apareceu em cinco minutos pronta. E o chamou. Já começava a escurecer.

  - Vamos lá.

  Ele a seguiu em silêncio para fora do prédio.

  - Vamos andando?

  - Sim. É próximo daqui.

  Eles pararam em frente ao bar e restaurante que ela estava tão familiarizada. Rey abriu a porta pra Aika e ela deu um leve sorriso.

  - Aika!

  - Seu Carlos, trouxe um novo freguês.

  - Oh, muito prazer. Sou o dono desse estabelecimento, Carlos.

  - Igualmente. Me chamo Reymond.

  - Rey...?

  - Sim?

  Aika tinha ouvido bem ele dizer para ela que se chamava Rey, ela não imaginava estar chamando-o por um diminutivo até agora.

  - Nada.

  - Vamos entrando, vocês dois. Não fiquem na porta.

  Aika sentou  num banco de frente pro balcão ao invés das mesas. E Rey do seu lado.  Ela olhou pro canto do estabelecimento onde tinha caixas de som e fios que não estavam mais cedo.

  - Hoje teremos música ao vivo, esqueci de lhe dizer mais cedo.

  - Bom. Fiz bem em vir de novo, então.

  - Você veio aqui ainda hoje, Aika?

  - Sim, almoçei aqui. Embora com atraso.

  - Era umas 16 horas quase. Foi um recorde.

  Rey olhou-a com reprovação. Aika só podia fingir não entender o que ele estava transmitindo com os olhos e virar para outra direção. Ainda era cedo então tinha pouca gente mas ela sabia que encheria logo.

  O dono de alguma forma parecia divertido com os dois e ficava sorrindo e balançando a cabeça. Ele deve estar achando que nós.... Ahhhh. Fiz mau em vir aqui. Aika mostrava um olhar desolado.

  -    O que foi? O mau dia ainda não terminou, mesmo com o...? - perguntou o dono. Ele definitivamente tinha se enganado.

  - Mereço um bom Whisky ou qualquer outra coisa pra me deixar fora. Só cerveja não adianta.

  - Ei ei, amanhã você trabalha.

  - Ah, cala a boca Rey.

  - Uma dose pra mim também então.

  Eles beberam calados. Uma voz do fundo chamou Aika e ela se virou.

  - Nando! Cadê a Julia?

  - Ela está vindo com umas amigas. Veio ouvir minha banda? Claro que não. Ha ha.

  - Vocês sumiram.

  - Você que desapareceu dos círculos, e este é?

  - Reymond, Nando. Nando, Reymond.

  - Que apresentação mais imprópria. Prazer em conhecê-lo. Sou amigo de faculdade da Diva. Músico nas horas vagas também.

  Rey apertou sua mão e começou a conversar embora com reserva.

  - Aika, ...?

  - Oi?

  - Eu perguntei pela Sof e Leo.

  - Estive com ela hoje. Dele não sei.

  - Quê?!

  - A Julia tá atrasada. Não vai ligar pra ela?

  Aika cortou com uma voz grave não adimitindo mais perguntas. E virou mais um copo de uma vez.

  - Nesse ritmo você não vai chegar ao fim da noite.

  - Dane-se.

  Rey estava atônito com essa Aika. O que diabos aconteceu tão de repente? Mais gente chegou e Aika apresentava a maioria. Ainda dizia que mulheres estavam disponíveis e quem ele não devia ir atrás. Rey escutou e ficou do seu lado todo o tempo. Por uns momentos ela só escutava as músicas em outros conversava e gargalhava. Tinha muitos senhores de meia idade no meio. E eles pareciam simpáticos com sua causa dando tapinhas e palavras de conforto(?) nas entrelinhas como se fosse algo comum.

  - Carlos, posso dar uma palavrinha com você?

  - Claro, Reymond. O que foi?

  Eles se afastaram um pouco e Rey falou em privado.

  - Acho melhor levá-la pra casa agora. Ela não está normal.

  - Hoje pior.

  - Queria que ela se abrisse. Há tanto que não sei.

  -    Cuide dela, ela está sangrando por dentro. Até hoje não sei que ferida foi essa exatamente mas você como namorado deve apoia-la. Quando ela tiver pronta ela vai dizer, então até lá seja paciente, ok?

  Rey acentiu e não clarificou o mal-entendido. Pagou a conta e levou Aika pelo braço, ela meio apoiada sobre ele. As pessoas só podiam pensar que eles estavam saindo de fininho.

Tonta, ela só podia procurar apoio nessa figura caminhando ao seu lado a uma distância nula. Ela sussurou uma desculpa quase inaldível.


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