Um achado bem escondido.

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  Eles chegaram juntos na empresa e compartilharam o elevador. Aika já ia saindo para o seu andar quando Rey segurou sua mão.

  - Aika, vamos almoçar juntos hoje. Traga seus colegas. Vamos fazer um social pro pessoal novo se conhecer. 

  - Um social não seria melhor a noite?

  - Então no almoço hoje é só a gente. - ele disse com um sorriso travesso. 

  - Tenha um bom dia, Sr. Reymond.

  Rey soltou sua mão e Aika saiu com a mão pinicando, quente. Ela ainda podia sentir seu toque quando colocou as mãos nos bolsos.

  - Aikita!

  - Oi, Ana. - disse Aika para a exaltada de sua colega. - Bom dia.

  - Me conta tudo. Você não falou que o cara de sábado era aquela gostosura. Você nem falou dele. Estou amaldiçoando Daniel por não ter me mandado no seu lugar.

  - Você não sabe o quanto o amaldiçoei por ter me mandado.

  - Sabe garotas, eu estou aqui também, acho que esse é o motivo dos meus calafrios esses dias.

  - **Sr.**Daniel, bom dia.

  - Bom dia, chefinho.

  Daniel suspirou com as duas, uma claramente não o respeitava mais, a outra demostrava ressentimento por trás de sua fala educada.

  - Ei Aika, acredita que o chefe tá namorando? Eu nunca poderia dizer.

  - Mesmo? Ele é reservado afinal.

  - ... Eu ainda estou aqui.

  - E você?

  - O que tem eu?

  - Se ele é reservado, você é o que?

  - ...

  - ...

  - ...

  - Srta. Aika não parecia tão reservada mais cedo. Ela estava com o Sr. Reymond... - disse um interno.

  - Ele estava marcando um social, novato.

  O rapaz ficou em silêncio com a imprensão de que seria comido vivo se dissesse algo a mais. Aika não sabia em que momento eles foram vistos, saindo do carro ou no hall da empresa ou na saída do elevador ou pior, vindo ou indo pro mesmo apartamento, qualquer coisa dita a mais podia levar a um caos já que não era o seu normal ser vista por ai com colegas homens. E ela já tinha coisa demais na sua bandeija, ela sempre separou trabalho do resto.Sofie vai pegar firme comigo nesse fim de semana, já vejo a dor de cabeça chegando.

  Aika esqueceu de Rey até a hora do almoço, ela falou para Ana ir na frente enquanto esperava um pouco. Ela não sabia se ele apareceria. Ele não apareceu, o que a aliviou, mas ligou a chamando para ir com ele e mostrar um bom local se tivesse livre. Ela ficou em dúvida se perguntava ou não no setor quem gostaria de ir junto. E decidiu deixar pra lá. Eu realmente não estou no meu normal. Aika pegou sua bolsa e saiu. Ana almoçava na própria empresa assim como muitos outros e já tinha se dirigido a cantina. Ela não ia até lá só para chamá-la.

  Rey a esperava na rua, encostado em seu carro estacionado. A chave rodando em suas mãos enquanto assobiava.

  - Você não ficaria assim se não tivesse essa sombra.

  - Vamos?

  - Sim. Fica aqui perto.

  - Você nem precisa de academia assim.  Está sempre andando.

  - Eu não tenho carro, é claro que vou procurar sempre o que tiver nas redondezas. Bora.

  - Sim, senhora.

  Ele ergueu-se do carro e foi atrás dela, que já estava se afastando, para ficar ao seu lado. Os dois tinham as mãos nos bolsos e olhavam para frente.

  - Aconteceu um acidente na avenida a pouco.

  - Alguém morreu?

  - Não sei. Ainda tem repórteres por lá e viaturas. O trânsito deve tá uma merda. -  Aika fez uma careta com a resposta de Rey e pareceu pensativa.

  - Não é uma coisa prazerosa de se discutir antes do almoço. - disse ela por fim.

  - Desculpe. Só quebrando o gelo.

  - Marcou o social? Eu comentei lá no meu setor apenas, ninguém fixou uma data.

  - Vamos deixar pro final da semana.

  - Certo. Chegamos!

  - Humm... O que posso dizer... Você tem a capacidade de descobrir locais super escondidos.

  - Rá.

  O restaurante ficava num andar superior, entre duas grandes lojas um corredor de escadas levava a entrada do estabelecimento. O letreiro era grande mas quem parava para olhar mais no alto, acima de uma loja. Muitos passariam pensando ser uma propagando e nem veriam o estreito acesso a entrada. Mas seu interior era bem aconchegante e espaçoso. Mesas e cadeiras eram de madeira e a decoração possuía objetos bem retrô.

  Aika pegou seu prato para fazer, era a peso e tinha um cardápio bem variado. Rey fez o mesmo. As comidas estavam em panelas de madeira num banho maria e se podia rodar pela mesa para se servir.

  - Não acredito!

  - Só aqui para encontrar tantos pratos típicos de outras regiões. Me sinto em casa. As vezes ponho até coisa demais por sempre querer de tudo.

  - Imagino, estou com água na boca.

  Os dois comeram e a conversa fluiu. Rey conseguiu tirar risos e sorrisos de Aika e parecia satisfeito. Eles termiram praticamente juntos, de forma que um não teve que esperar muito pelo outro.

  - Me dê seu papelzinho.

  - De jeito nenhum.

  - Sério mesmo que você não vai me deixar te tratar? Você viria aqui hoje se não fosse por mim?

  - Você é um cabeçudo sabia. Só não queria que visse o valor.

  - Sei. Meu prato com certeza deu mais.

  Eles faziam o caminho de volta a empresa, uma rua adjacente a avenida ligava-se a deles, havia uma equipe de televisão parada ali. O cinegrafista discutia com um jovem de paletó. O repórter fazia vários movimentos com as mãos. E mais duas pessoas pareciam estar ali para serem entrevistadas.

  Aika parou bruscamente por um instante ao mirá-los e Rey a interrogou com o olhar. Ela apertou o passo e atravessou. Seu rosto estava meio pálido e ela tinha uma feição séria. Seus momentos de descontração haviam desaparecido.

  Rey olhou para trás e depois para ela e parecia querer perguntar algo mas permaneceu calado. Ele pensava.

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