Era, se não me engado, por volta das 6:35 da manhã... o galo já cantava lá fora, quando eu ia acordando ainda em baixo da cama. Enquanto eu ia acordando, ouvia, nada de mansinho, batidas fortes e firmes na porta da minha casa e uma voz grave que pedia para que eu a abrisse. —Enfim meu pai chegou em casa para acabar com este pesadelo, trazendo todo conforto de minha família, afinal tudo devia ter passado de um grande pesadelo. Caminho tonto em direção a porta da sala, mas, a voz que pedia à minha porta entrada, não era do meu pai...
—Abra a porta!!! —Disse firme, alto, grave; dizia, ordenava.
Vou em direção a janela. Abro a cortina e olho em direção a porta...
Era um cachorro colossal, um cão enorme e preto, sentado de frente para minha porta, esperando para que eu abrisse.
O medo e as recordações da última noite retornam como num instante, mas este animal é diferente do que vira noite passada. Este, era realmente um cão negro, de olhos vermelhos como o sangue, olhos que fixam em mim -Mentira! Ouvi alguém me chamar... seria este cão negro em minha porta? —Impossível! O cão então se levanta e põem as patas na porta começando a arranhar a madeira. Fico olhando a porta que treme como se não fosse aguentar. Perco a cabeça por um segundo e então me senti forte de repente. Escancaro a porta, mas não há mas há mais cachorro algum. Ele sumiu. Pensei que ele havia desaparecido, até algo começar a rosnar atrás de mim...
O cão está no meio da sala rosnando pronto para me atacar. Hesito começando a me afastar levemente de costas, decido procurar minha família. Fecho a porta de casa com o animal lá dentro, enquanto eu me afastava podia ouvir ele destruindo tudo lá dentro...
A partir deste momento, eu comecei a entender realmente o que estava acontecendo na minha vida. Um turbilhão de pensamentos se puseram sobre mim, quando lá, no chão da estrada de terra — foi onde eu vi! —E choro a me recordar destas dores imortais, daquelas ilusões (assim espero de ti grata loucura) que inferno algum poderia me causar, mas as visões que o lobo me uiva, que aqui onde escancara em minha frente, o lobo que vem do surrealismo e do fantasioso conto tornando os meus maiores temores reais, nítidos e tocáveis, — Aquele lobo colossal desta última noite, desta última noite donde eu me desperto em um novo pesadelo... jazia os corpos de meus pais mutilados em minha frente. Não puderam nem chegar à cidade ontem à noite, o Lobo os cassou antes. Meu irmão recém-nascido não está aqui e eu não sei mais o que pensar ou o que fazer, presumo que o lobo estava com ele em baixo da árvore de laranjeira ontem a noite quando eu o vi.
Não tenho a quem socorrer. Havia uma cidade pequena a algumas horas de caminhada. Quando cheguei lá chorando em prantos, os policiais não me deram ouvidos... eu gritava, implorava, chorava, mas ninguém ligava, achavam que eu estava louco por tentar convence-los de que vi um lobisomem no meio do nada— Perdi horas de caminhada. Por fim, eles se convenceram a dar uma olhada em minha casa, mas pediram que eu aguardasse... Horas se passaram e nada. Decidi voltar para casa, sim, retornar ao lar do horror... mas a final era a minha casa. Retornando, decido tirar os corpos deles da estrada de terra, guardei os corpos e os restos em sacos separados... e com muito esforço durante dois dias, finalmente consegui enterrá-los nos fundos de nossa casa. Demorei, porque ainda antes do noitecer eu entrava e me trancava no quarto... não fazia nenhum barulho mesmo que não fosse noite de lua-cheia... E assim passei durante anos, decidi continuar com a quinta, fazendo uma dieta de apenas alguns alimentos que na fazenda restavam durante a colheita, aos poucos começou a me sobrar frutas e verduras para vender em feiras da cidade e conseguir algum dinheiro. Nas noites de lua-cheia eu era obrigado a colocar os animais dentro de casa, preguei madeira nas janelas e colocava reforços, com o tempo percebi que o lobo se recusava a entrar, mas batia e arranhava as paredes do lado de fora, arranhava a porta, com aqueles músculos ele podia entrar, mas parecia que ele não fazia questão disso. No outro dia arrumava tudo de novo e com o tempo, fui me adaptando e evoluindo minhas estratégias.Uma certa noite de lua-cheia em casa com os animais não ouvi nenhum barulho sequer do lobo, ao amanhecer quando sai de casa, vi que os caixões de meus pais estavam terrivelmente violados e os corpos estavam jogados para fora do caixão, foi a gota final! Precisava me mudar. Na cidade conheci um homem um tanto estranho, mas enquanto conversávamos vi que ele também vivia no campo, mas não muito afastado da cidade, ele queria uma casa isolada de todos e então vi a oportunidade perfeita de mudar a minha vida, fizemos um negócio rápido e simples... Não demorou mais alguns dias e enfim me mudei, a casa era perfeita para mim. Enquanto caminhava pelos campos às vezes pela manhã, bem cedo, via aquele cão negro colossal que bateu em minha porta após meu encontro com o lobisomem, não entendia por que ele me seguia, por que ele me observava?
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A Maldição Do Lobisomem
Werewolf-Deixe-me ver.... Homem moreno; não muito alto; deve ter uns 40 anos eu diria... Causa da morte...? Hum... vejamos... Desconhecida. -Uma cena terrível, não é? Olha a cabeça degolada sobre mesa, nunca vi algo assim! -Confesso que há tempos que nesta...