Jacob Começa a relembrar sua vida passada

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Jacob entra no quarto e olha Célia dormindo tranquilamente na cama agarrada ao travesseiro, seus cabelos estão solto e emoldura seu rosto e ele segue para o berço de Nilufer e passa a mão em todas aquelas medalhinhas presas em seu protetor de berço e sorri, a filha dorme de braços abertos e tranquilamente e se senta no pequeno sofá e fica olhando a chama da lareira consumir a madeira de lenha, seu pensamento voa para quando era criança - "sentado no chão brincando com carrinhos de ferro que faltavam algumas rodinhas, sua mãe resmungava o tempo todo fervendo uma água para fazer uma sopa com o que seu pai conseguiu mexendo em lixos de restaurantes, para ele o cheiro era bom, sua irmã está sentada em uma cadeira e rabisca algo em um papel, seu pai passa por ele e lhe da um pequeno tapa em sua cabeça e o manda se levantar e ir buscar seus chinelos debaixo da cama, ele corre para pegar os chinelos, seu pai é um homem bom, mas muito severo, trabalha muito para trazer umas moedas para casa e ao se abaixar ele vê algo dependurado nas molas do colchão e se deita para ver o que é, foi a primeira vez que teve contato com uma arma, a pegou na mão e a olhou curioso e praticamente apontou para ele, queria ver o que tinha lá e foi puxado violentamente debaixo da cama, ele largou a arma rapidamente e viu o rosto de seu pai nervoso e ameaçador, pegou Jacob pela camisa e o esbofeteou várias vezes e o jogou e num canto, pegou a arma que estava no chão e apontou para ele e disse.

- Da próxima vez que pegar essa arma na mão de novo... Você será um homem morto!... Não me interessa se é meu filho ou não!... - Ele lhe dá outro tapa no rosto e se levanta e confere se a arma estava intacta e sai colocando na cintura.

Foi um choque de realidade para ele, seu rosto doía e queimava o canto da boca que escorria o sangue, ele limpou com a manga da camisa surrada e se levantou devagar, pegou os chinelos e levou até o pai e pôs a frente dos pés dele e o encarou com tristeza."

Jacob se remexe no sofá e olha para Nilufer que se mexe no berço resmungando, olha o relógio e vai até ela, não era hora de mamar,  balança o berço e a menina se acalma, e sorri ao ver o rostinho da filha, sua mãe gostaria de conhecer sua neta, já tinha mais de cinco anos que não os via, nem sabia como estavam, mandava dinheiro sempre para eles, mas se sentia culpado por ter perdido a irmã de vista e até hoje não sabe o que aconteceu com ela, sua mãe sempre procurava por informações, mas ele sempre dava um jeito de contar uma mentira, Keren nunca contou o que aconteceu com Sarah, Nilufer reclama novamente e desta vez ensaia um chorinho e ele a pega, não resistia ficar tanto tempo longe assim, e a encosta em seu peito e se senta novamente perto da lareira e a embala nos braços, Nilufer quase some diante de seu peito lardo, ele ajeita seu cabelinho preto e ela enfia o dedinho na boca e chupa e volta a dormir sentindo o aconchego dos braços do pai, Jacob olha para Célia e novamente não se sente merecedor daquele amor, agora muito menos por não poder dar a liberdade que tinha antes e se perdeu em suas lembranças novamente.

"Sarah é uma jovem muito bonita, puxou a cor dos olhos de seu pai um azul violeta e ele os olhos de sua mãe castanhos e grades e expressivos, os dois estão dormindo debaixo de uma marquise, seu pai mandou que fossem atrás de comida, por algum motivo ele não podia sair de casa, se dizia doente, mas andava de um lado para o outro dentro de casa, Keren e mais dois homens chegam perto de Sarah e tocam em seus cabelos ruivos fazendo-a acordar rapidamente, Jacob sente o solavanco e acorda e os dois se abraçam.

-Qual é o seu nome garota?... - Pergunta Keren pegando em seu queixo.

- Sarah!... - Diz ela baixinho.

- Quantos anos tem Sarah?

- dezoito anos senhor!... - Sarah engole em seco e olha para Jacob amedrontada.

- E você meu jovem?

- Vinte!-Jacob o olha com cara feia, mostrando que não era bem vindo.

- Mas você me parece tão pequeno!... - Keren ri dele encolhido a trás da irmã.

Ele se levanta e Keren tem uma noção do quanto ele é alto, mas é magro por demais, não servia para levar com ele, mas era muito bonito e por algum motivo se encantou com aquele jovem que parecia ser destemido e corajoso.

Keren se afasta e conversa com os dois rapazes.

- Sarah e uma linda moça, só precisava de um bom dentista para fazer uma limpeza nos dentes e um bom tratamento nos cabelos e será um linda mulher... - Um deles olha para Sarah com olhos de desejo e volta a falar com Keren.- E me parece virgem ainda!

Keren os olha novamente e volta e os olha com sorriso amigo no rosto.

- Tenho uma proposta para vocês dois!...- Ele convida para entrarem no carro.

Sarah olha para o irmão e balança a cabeça que não queria ir, mas ele queria ouvir, queria sair daquela vida e pula para dentro do carro e chama a irmã, que reluta para entrar, mas acaba cedendo e os três partem com ele.

- Tenho uma casa noturna em Istambul e tem emprego lá, como de garçonete, cozinheira, e ajudante de cozinha... O que acham de ir comigo para lá e começarem a trabalhar?... Assim vocês ajudam seus pais aqui!... Sei que devem passar muitas dificuldades.

- Não podemos aceitar Senhor!... - Diz Sarah se sentindo encabulada.

- Seu irmão vai viver comigo!... Será um futuro segurança de minha filha!... - Keren sorri e olha para Jacob.

- Eu vou!... - Diz Jacob Sorrindo. - Quanto vou ganhar Senhor... Minha mãe precisa de dinheiro e quero muito ajudar.

- Pagarei 100 dólares por dia!

Jacob sorri animado, é um bom dinheiro para um mês e apertou a mão de Keren, agora precisava convencer a irmã, os dois conversaram com ela e acabou aceitando em ser ajudante de cozinha na casa noturna e seguiram para casa dos pais, precisavam pedir autorização, Keren vendo a relutância da mãe, tira do bolso um maço de dinheiro e Poe sobre a mesa, dizendo que é uma adiantamento, todos ficam olhando para aquele dinheiro sobre a mesa e se olharam entre si e seu pai voou sobre a mesa e pegou o dinheiro e riu animado com a quantia assim que contou nota por nota e sem olhar para os filhos, os mandou arrumar as malas e partirem de imediato, sua mãe chorou e implorou para não irem, mas seguiram se despedindo com um forte abraço."


Jacob (Volume 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora