Percebendo crises

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PERCEBENDO CRISES

A milenar sabedoria chinesa nos ensina que por trás de cada crise está oculto um momento de oportunidade. Identificar este momento depende da capacidade do líder em perceber o ambiente à sua volta. Captar a essência de cada situação torna possível ir além do simples aproveitamento das oportunidades. Torna possível superar desafios preservando a qualidade das relações envolvidas.

Tomando como exemplo o ambiente corporativo, por vezes, os líderes se deparam com momentos de grande pressão. Imagine uma situação em que os resultados obtidos por uma organização, liderada por você, afastaram-se rapidamente dos esperados. Relatórios e análises produzidos por sua equipe não dão conta das múltiplas variáveis envolvidas. A origem do problema é difusa, difícil de ser identificada. Suas iniciativas não foram suficientes para evitar o estrago, algumas claramente pioraram a situação.

Neste cenário hipotético as pessoas que deveriam compor o sistema de suporte à sua liderança não estão atuando eficazmente. Você percebe, em meio a crise, que os investimentos burocraticamente feitos em melhoria contínua, atração e retenção de talentos, programas de treinamento para equipes, adoção das melhores práticas de mercado e todo aquele blá, blá, blá daqueles consultores, com seus modismos, aparentemente foram diluídos em uma corrosiva mistura de inépcia, vaidade e oportunismo. De uma hora para a outra, aquela estrutura teoricamente ágil e flexível, arquitetada ao longo de sua gestão, parece irremediavelmente concretada, incapaz de reagir a uma inexplicável mudança de rumo dos negócios.

Não por acaso, alguns colaboradores, antes aparentemente solícitos e transparentes, começam a parecer resistentes, opacos e inacessíveis. O tempo de resposta às questões surgidas só faz aumentar e toda a comunicação fica impregnada de um ruído contraproducente. Cresce a pressão, difusa, por soluções que satisfaçam a necessidade coletiva de sucesso sem, entretanto, aumentar o nível de comprometimento exigido dos indivíduos.

Em pouco tempo o burburinho e o grau de resistência alcançam o nível capaz de inviabilizar uma leitura clara do que realmente está acontecendo. Mas você ainda precisa decidir! O tempo é um recurso precioso e em momentos de crise, mais do que nunca, precisa ser administrado com sabedoria.

Esforços para obter consenso, o que permitiria decidir coletivamente, comprometendo a equipe com a solução e valorizando o senso democrático, serviram apenas de estopim para aprofundar o caos. As divergências de pontos de vista são abordadas pelos integrantes da equipe de forma passional. Com os nervos aflorados e sob o peso das responsabilidades, as acusações, esquivas e lamentações não permitem a produção de ideias com lucidez, profissionalismo e isenção adequados.

Conforme a pressão aumenta, você percebe que grande parte daquele circo de horrores à sua volta poderia ter sido evitado! Talvez, você tenha deixado de atuar para formar uma equipe... Agora parece que foi um erro ser tão reticente no trato com as pessoas ou no desenvolvimento da equipe de trabalho. Faz tempo que você deixou de agir metodicamente, cobrando, com rigidez, mais e mais perfeição de seus colaboradores. Pior ainda, você perdeu a oportunidade de conhecer as pessoas por trás dos nomes, complementar suas competências, incentivar o desenvolvimento e, pouco a pouco, interligar os pontos luminosos na rede de valores à sua volta. Alias, quem são aquelas pessoas com tamanha importância na definição dos rumos que a crise irá assumir? Como você não as percebeu até hoje? Quais os sonhos, competências ou histórias de superação delas?

Seu relaxamento pode ter, no mínimo, alargado, perigosamente, a zona de conforto de pessoas importantes no contexto da crise. A debilidade da equipe é reflexo de como sua liderança preparou cada profissional para este momento. Agora, sem um sistema forte o suficiente para dar suporte à liderança, seus esforços não repercutem eficazmente.

A atenção dos acionistas, sócios, colaboradores, mercado, imprensa ou da própria família parece irremediavelmente voltada para uma única pessoa. Afinal de contas, existirão sempre muitos interessados na aparente causa dos maus resultados: Você!

Os telefonemas, e-mails e as solicitações de relatórios a intervalos cada vez mais curtos comprovam: Você já está sangrando! Talvez, apenas, ainda não tenha percebido e isto pode transformá-lo numa presa de oportunidade. Um cordeiro capaz de aplacar o apetite dos predadores corporativos, aqueles sempre a espreita para obter o nome de um responsável pelas crises ou, até mesmo, aguardando a abertura de uma vaga para a tão desejada promoção.

Partiremos, entretanto, da premissa de que neste cenário hipotético você possui algum nível de consciência a respeito da condição delicada em que se encontra. Assim, surge em sua mente uma questão que pode ser resumida da seguinte maneira: Estou no olho do furacão, qual a atitude capaz de fazer a diferença diante da crise?


Líder Forte - os segredos da liderança à prova de criseOnde histórias criam vida. Descubra agora