Samanta não estava confortável.
Estar perto da sua irmã, vivendo pela primeira vez sua própria vida sem precisar receber ordens que nem sempre concordava, sendo ela mesma, tudo isso era incrível. Mas não estava sendo fácil trabalhar.
Nunca antes fizera nenhum esforço e ali ninguém facilitava para ela. Passava horas de pé lavando louças, dando assistência aos cozinheiros, arrumando a dispensa e muitas vezes tinha que levar e trazer cafés ou refeições aos diretores principais e até servir mesas durante o dia.
Ela sempre soube que seria difícil, principalmente para uma mulher que sempre teve tudo nas mãos e nunca nem ao menos cortou uma fruta e colocou em um prato para comer. Estudou nos melhores colégios, fora servida a vida toda, vestia roupas de estilistas famosos, dormia em travesseiros e edredons egípcios, fazia viagens internacionais mensalmente, saia com pessoas da mais alta nata social, estudara arte e história e nunca soube nem ao menos o valor das suas compras que eram sempre passadas em seu cartão sem limites.
Viagens a Europa, línguas aprendidas, cruzeiros, privilégios, entradas VIPs nos eventos mais disputados e seu nome sendo citado em jornais e revistas apenas por doações efetuadas para ONGs que ela nem ao menos sabia o que significava ou qual o propósito. Era imitada, saía em revistas ao lado dos seus pais, ditava moda em revistas e até mesmo realizava eventos e festas para visitantes internacionais.
Mas o que precisava fazer em troca era muito, não que se preocupasse e realmente não o fazia, o que era dormir com alguns homens importantes em troca de favores, casar-se por status social, viver uma vida de mentiras e agir como se tivesse a família mais perfeita do mundo?
A verdade era que Samanta não se importava, fazia há tanto tempo o que a mãe queria que era um preço mínimo para manter sua vida. No entanto uma voz que sempre fora muda em sua cabeça, começara a soar cada vez mais alta, qual era a importância do que fazia? Era reconhecida?
A cena do sequestro da sua irmã caçula não saia da sua cabeça, ali sentira todas as dúvidas caírem por terra ao perceber que para sua mãe, seus três filhos eram peões comandados para alcançar seus objetivos. Começara a se questionar sobre toda a vida que levava e a cada dia sentia mais e mais remorso, sacrificava sua vida em prol de agradar alguém que a via como um meio para chegar ao dinheiro e ao poder.
Não podia mais ignorar o que fazia ou o mal que causava, já não era mais possível obedecer a Daniela com um sorriso fútil e vazio no rosto, sua consciência havia sido despertada e via a podridão que se tornara sua existência.
Não era fácil para Samanta acordar de madrugada e pegar ônibus para chegar na boate e passar horas sendo tratada como uma empregada, na sua vida antiga empregados eram invisíveis e agora era uma. Chorava todos os dias ao chegar no apartamento pequeno e saber que no dia seguinte tudo seria o mesmo e não haveria alguém para lhe servir um conhaque escocês enquanto sentia seu mundo desabar. Estava sozinha e tinha que trabalhar para manter uma vida... comum.
O pior era saber que Daniela a desprezava.
Bom, nunca me amou realmente.
-O que faz aqui ainda, menina? - Wanda se aproximou de onde Samanta estava, perdida em lamúrias enquanto arrumava a pilha de louças que lavara anteriormente. A senhora negra a fitava perplexa. - Já são mais de 01:00a.m.
-Eu... não notei. - olhou ao redor vendo a cozinha vazia.
-Você sai as 16:00 da tarde quando entra no primeiro turno, tudo bem? Desse jeito Gabriel me chamará atenção, não estamos te pagando para ficar tanto tempo aqui, ande, venha se trocar. - segurou seus ombros e a Braga assentiu se deixando ser guiada pela cozinha. - Tire a parte da manhã de folga, está bem? Tem trabalhado muito para pegar experiência.
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RomanceCAPÍTULOS DE DEGUSTAÇÃO, LIVRO DISPONÍVEL INTEGRALMENTE NA AMAZON Livro 4 A família Backar administra a boate Sex And Sex há gerações, sua matriz localiza-se no Morumbi e apenas convidados selecionados têm sua entrada permitida. Space Dance é o...