Os Crononautas

Viagem ao Passado

Dr. Iago era um jovem cientista fascinado por dinheiro. Nascido de uma família um tanto abastada, morava no Edifício Megaleius, com 108 andares, sendo um apartamento por andar, situado na Avenida Visconde de Souza Franco. Os colegas de trabalho dele costumavam dizer que um dos seus bordões era uma paródia a uma das frases de Dante: É o dinheiro que move o mundo e não o Amor, o Sol e as outras estrelas!

Quando criança, Iago dizia que queria ser cientista e ficaria milionário. As pessoas riam da cara dele, dizendo que todo cientista morre pobre, porém, Iago se formou cedo e foi um dos primeiros, além de ser o mais novo, com 23 anos (mesmo aparentando ter o dobro da idade) a participar do Projeto Tesla para viagens no espaço-tempo.

Em 2040, a equipe liderada pelo Dr. Iago conseguiu finalmente criar a tão esperada máquina do tempo, mas foi só em 2042 que a máquina teve uma viagem no espaço-tempo bem sucedida.

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O Dr. Iago estava indo em direção ao museu da Universidade procurar pelo Dr. Leonam, um dos cientistas participantes do Projeto.

— Está livre? — a voz do Dr. Iago era seca.

— Sim, estou. Já estou fechando o museu, como pode ver.

— Isso é ótimo. Assim posso falar com você sem ninguém perturbar.

O Dr. Leonam ajeitou os seus óculos e disse:

— Sobre o quê?

— Acerca do Projeto. Como você sabe, a máquina apenas recua no tempo por até 40 anos.

— Para ser preciso, por até 40 anos e 3 meses, de acordo, com a Letícia.

— E como era Belém há exatamente 40 anos e 3 meses?

— Como diabos eu vou saber? — Foi a rápida resposta do Dr. Leonam — Eu ainda nem era nascido nessa época. — ele ia dar um início de gargalhada, mas logo parou quando percebeu que o Dr. Iago permanecia sério.

— Bem, uma coisa é certa, Leonam. As coisas eram bem mais baratas.

— Ora, e você quer voltar até 2002 e comprar uma casa? — o tom de voz do Dr. Leonam era de alguém que estivesse fazendo uma piada.

— Por que não? — seu tom de voz era seco novamente. — Com o nosso dinheiro hoje, podemos ser ricos no passado. Podemos investir no passado e quando nós nos cansarmos daqui...

— Cansarmos? Quando nós nos cansarmos? — interrompeu Dr. Leonam. — Olhe o que está falando, tudo isso é um absurdo. Viver no passado, se cansar daqui, ser rico em outro tempo. Ora, pare com isso!

— Leonam, por que acha que eu lhe chamei e não outros cientistas? Sei que você é ambicioso também. Sei que venderia até a esposa por uns trocados. Ora, vamos. Nós podemos ficar investindo em 2002 e quando acumularmos bastante dinheiro, ficamos morando lá! E quem disse que vamos morar em Belém de novo? Podemos morar em qualquer lugar.

— Toda essa ideia é loucura — a voz do Dr. Leonam era de desespero e raiva. — Não faz sentido algum. E se você voltar ao passado e depois de alguns anos encontrar com você mesmo ou então alterar todo o presente?

— Eu iria criar um paradoxo. Acha que não sei como funciona? Mas voltando para 2002 em Belém, eu não iria voltar para essa Belém e sim para uma Belém aproximada em algum outro paralelo. Acha que não pensei em tudo isso? Não seja idiota, irei com ou sem você. — Então o Dr. Iago virou-se e saiu do museu apressadamente.