(P)apéis são sinónimo de amizade?

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Por mais que o nosso querido loiro tenta-se concentrar nas aulas da professora Jellie, era impossível.

Encontrava-se solitário na sua secretária a olhar para a frente, mas perdido em pensamentos. A cabeça apoiada na sua mão direita, que tinha o cotovelo na mesa de madeira por entre papéis e rabiscos que gostava de fazer nas aulas.

Suspirou. Coisa que chamou a atenção do rapaz ao seu lado, que conhecia muito bem.

" – Está tudo bem, Bill?".

Questionou o seu irmão gémeo, Will, num sussurro para a professora de história da arte não os apanhar. O mais alto só se deixou quase deitar na cadeira, afastando-se da secretária.

" – Estou sim... Só tenho sono".

O de cabelos azuis levantou uma sobrancelha.

" – Devias ter descansado ontem. Porque raios te antas a deitar tão tarde?".

Silêncio.

Por mais que se tenta-se negar, ele tinha ficado horas e horas seguidas a trocar mensagens entre papéis A4 a tinta preta com o rapaz que vivia à sua frente. Os horários não coincidiam muito bem, mas isso também não importava; Dormiam menos. Paciência. Tinha-se tornado interessante a companhia um do outro e eles literalmente não se importavam de perder uma hora ou duas de sono por isso, que fosse.

A verdade é que já se conheciam à umas duas semanas e tornaram-se meio que... Amigos? Embora sem nunca admitir e sempre naquela relação de amor e ódio, entre insultos; Mas sempre uma amizade verdadeira, quando o outro precisava.

" – Bill Mischief Cipher...". – Murmurou a voz do mais velho, ao observar os lábios comprimidos do irmão, com um ar de cúmplice. – "O que estás a tramar?".

E inclinou-se mais para o lado do irmão, para ter a certeza que não lhe escapava nada do que lhe ia dizer sobre andar-se a deitar tão tarde.

O mais bronzeado e coberto de sardas rolou o olhar, fitando-o de lado com um sorriso irónico.

" – E o que raios tens a haver com isso, rapaz que me expulsou do nosso quarto?".

E cruzou os braços, num tom provocativo e ainda quase deitado na cadeira. O outro encolheu os ombros e imitou-lhe a pose, com o seu olhar azulado cerrado.

" – Ninguém te mandou apostares comigo, maninho. Eu levo desafios muito a sério e não é à toa que, apesar de seres mais matreiro, eu sou mais inteligente. Pensei tal e qual como tu para te ludibriar".

" – Arg!". – Reclamou, um pouco mais alto e sem entender que tinha chamado a atenção das pessoas à sua volta. – "Mas como raios é que me apanhaste a roubar no banco do monopólio?!".

Sim.

Ele apostou um ano da sua vida a viver num quarto horrível. No monopólio.

Digamos que... O nosso querido protagonista é levado muito facilmente pela raiva.

" – Simples...". – Afirmou o mais velho, num sorriso de canto e ficando muito direito na cadeira, ainda de olhos fechados e braços cruzados. – "Sempre que tu começavas a falar com a Wendy e a Peace, que eram tipo as júris do jogo, arranjavas sempre maneira de me meter na conversa. E, assim que elas começavam a focar-se mais em mim, tu lá tiravas umas quantas... Notinhas".

" – Tsc!". – Resmungou-lhe o de olhos amarelados, a bufar. – "Eu odeio-te!".

Nisto, Will deu-lhe um sorriso doce.

Paper Friends ▲ BillDipOnde histórias criam vida. Descubra agora