CAPÍTULO 4: DADDY.

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O estranho que me seguia tinha passo largo, era muito alto, não consegui ver os detalhes de relance, mas já senti medo, comecei a caminhar mais rápido.
Não pude acompanhar a caminhada com o salto, pus-me a agarrar minha barriga e descansar, ofegante, mal havia percebido onde havia parado, maldito beco.

O estranho agarrou minha cintura, me arremessando em direção à uma caçamba fétida e úmida, o barulho de meu corpo batendo no chão assustou os ratos que se alimentavam ali. Me contorci assustada. O estranho me observava na entrada do beco, não pude ver seu rosto naquela escuridão, apenas o contorno de seu corpo. Ele fez gestos com a mão, me ameaçando momentos antes de dar dois passos para trás e chamar alguém do outro lado da rua, eu estava sentada no chão, tremendo e esperando o pior, assalto, estupro, eu só queria ir para casa.

Vejo um grupo de garotos encapuzados vindo em minha direção, todos com pedaços de coisas na mão, canos, pedaços de madeira, até mesmo tacos de beisebol.

-É você a vadiazinha dos Theodosia? -Disse um deles batendo o taco na mão.

-Quem? -Respondi confusa. -O que vocês querem?! Me deixem em paz!

-Ah, não, você não vai a lugar algum. -Disse o mesmo se aproximando.

-Quem os mandou? -Eu já estava suando.

-Os Rodrick perderam a filha por sua causa, não acha que deve pagar por isso? Pois nós achamos, segura ela!! -Gritou antes de me acertar na barriga com um taco.

-B-Beatrice?!! O que houve com ela??!

Pude sentir uma pedra me acertar no ombro, o grupo de garotos se aproximaram, me socando, empurrando, levantando pela camisa e me jogando em direção à parede, um deles havia me erguido, deixando-me em pé, de repente o garoto ao lado me acerta com um cano, perco a consciência.

Acordo com uma mão suave acariciando minha testa, luz forte me impedia de abrir os olhos de imediato, pude ver a silhueta perfeita de um corpo feminino, conforme a luz se dissipava, a silhueta tomou forma, era Beatrice!

-Já estava preocupada, você está aqui faz dois dias... -Ela parecia cansada.

-Beatrice...onde estou? -Disse tentando me sentar onde quer que eu estivesse deitada.

-Te encontramos em um beco, nua...machucada... -Como se sente?

-Eu não sinto dor alguma, o que aconteceu com você? Por que não foi às aulas?

-Estive ocupada, meus pais estavam me deixando louca! -Disse levando as mãos à cabeça.

-Fico feliz que esteja bem, aparentemente está, não?

-Lotte...eu preciso te pedir uma coisa...

-O que, Beatrice? Qualquer coisa! -Respondi com pressa.

-...

-Beatrice?

-...

-...?

-ACORDE

Luz forte novamente, me sinto confusa, meus olhos se abrem num impulso repentino, estou numa sala de hospital, soro sendo injetado em minhas veias. Procuro por Beatrice.

-Beatrice!? Ond...

Sou interrompida por uma enfermeira que acabara de entrar, trazia uma bandeja com comida, torradas, uvas, suco de laranja e manteiga que ela coloca em meu colo, me olhava curiosa mas ainda séria, após deixar a bandeja, passa a checar o soro, colocou a mão em minha testa e em seguida se virou para sair.

-Ei! Você tem o meu registro de visitas?

Ela me olha de cima a baixo.

-Você não teve visitas. -Disse antes de sair do quarto.

Confesso que isso fez meu coração doer um pouco, enfim. Como a comida da bandeja, mas que gosto de merda. Levanto-me e me visto com as roupas lavadas que estavam finamente dobradas em uma poltrona da sala, calço meus sapatos e desembaraço os cabelos com os dedos, saio do quarto de fininho e vou em direção à escadaria, queria ir para casa.

Conforme eu caminhava, me vinha o pensamento de...

"será que foi meu pai que mandou aqueles garotos?"

Charlotte Onde histórias criam vida. Descubra agora