Capítulo 2

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                       MUITOS ANOS ATRÁS

— Corram! - Ana gritou assim que recebeu o sinal — Depressa! - Todos saíram desesperados com suas enxadas nas mãos para se protegerem dos guardas que iam atrás deles furiosamente — Rápido! Os guardas estão atrás de vocês - gritou escondida atrás de um arbusto. Esperava ansiosamente que seus amigos conseguissem chegar até onde estava — Não... - abafou a próprias voz com as mãos ao ver que os guardas haviam cercados uma boa parte de seus amigos. Não havia como fugir, mesmo lutando com as enxadas. Eram mais fortes e tinha armas mais poderosas e perigosas.

— Vai Ana! Vai! - Manuel gritou tentando se livrar dos guardas.

Ele tinha razão. Ana enxugou as lágrimas e junto com outras pessoas que estavam ao seu lado, correu por um corredor cheio de flores rumo à uma caverna escondida que havia encontrados dias atrás quando conseguiu fugir sem que ninguém percebe-se. Voltou apenas para tirar dali seus amigos e quem mais conseguisse, entretanto, nem todo o plano dera certo.

Ao chegarem na caverna Ana percebeu que havia mais de vinte cinco pessoas salvas. Ficara feliz por elas, mas era tão pouco se comparado as mais de duas mil sendo escravizadas. Mas não iria desistir, não tinha nada a perder.

Duas semanas depois ao anoitecer ela voltou para o corredor cheio de flores. Os números de guardas haviam aumentado, dificultando ainda mais a fuga dos outros e a sua entrada.

"E agora? O que irei fazer?". Ana sentou em uma pedra ao lado de um arbusto.

— Psiu! - olhou assustada para os dois lados, mas não viu ninguém.

— Psiu! Ana! Aqui atrás - Virou-se e só então conseguiu ver Manuel escondido atrás de uma árvore. Correu até ele.

— O que você está fazendo aqui? – sussurrou em seu ouvido.

— Estou tentando encontrar maneiras para fugir. É a terceira vez que estou aqui. Já instrui os que ficaram. A cada três dias alguém vai tentar fugir. Vai ser perigoso, mas é a única saída por enquanto.

— Vem! Conversamos na caverna. É melhor irmos antes que algum guarda apareça.

Manuel pegou em sua mão e foram até o esconderijo. As pessoas que estavam na caverna ficaram alegres de vê-lo, era mais um salvo.

— Preciso contar algo que devem saber - Uma senhora aproximou-se. Todos ficaram atentos para ouvi-la — Estava trabalhando perto da Casa grande. Vocês sabem, a casa do chefe. Escutei algo sobre uma profecia. Não lembro exatamente das palavras, mas falava algo sobre um casal que tocaria a canção intocada e nós seríamos libertos. .

Manuel ficou pensativo por um momento.

— Acho que é a nossa esperança.

— O que? Esperar por eles? Nem sabemos se isso é uma profecia ou uma lenda - Ana irritou-se.

— Eu sinto que é verdade. Quando era criança ouvia muito sobre isso – a senhora acrescentou compreensiva.

— E o que faremos enquanto esperamos por eles? Há muitas pessoas que estão exaustas de tanto trabalhar, outras estão morrendo..

— Ana! Preste atenção - Manuel olhou-a seriamente — Temos que ter fé em Deus. É a nossa única esperança. A profecia vai se cumprir no tempo certo. Enquanto isso, vamos continuar ajudando as pessoas a fugirem.

O começo de um Legado - Degustação ♥Onde histórias criam vida. Descubra agora