O começo de um Legado - Degustação ♥

Capítulo 14

          O sábado chegou de mansinho trazendo a saudades da qual Sara lutava para não sentir. Focar nos estudo era a nova forma que encontrou para não pensar em sua família, amigos e principalmente em Bruno. Mas ao final do dia pode desfrutar de uma boa notícia. Sandro a esperava com um sorriso no rosto. Bil conversou com o amigo e ficou pasma com a mudança em suas atitudes. Aquela nova amizade realmente estava fazendo bem para ele.

Os amigos caminharam lentamente pela calçada após se despedirem de Bil que inventou uma desculpa qualquer para não ir junto ao destino programado. Sara ficou preocupada com a amiga. Era confuso, ela estudava teologia, mas não queria ir a igreja. Tentava encontrar uma conexão, e não chegou a resultado algum. Naquele instante Sandro a despertou para a realidade enquanto adentravam uma pequena sala no meio de alguns prédios. Observou rapidamente o lugar e por um instante se desanimou. Tão diferente da igreja grande onde frequentava. Alguns jovens vieram a cumprimentar com simpatia, entre eles Brenda e Andréia que se animaram com sua presença. Conversaram sobre a faculdade e logo a reunião começou.

Cristian, um jovem alto e atleta deu as boas vindas para Sara com um sorriso tranquilo. Se reuniram em círculo, ele pegou o violão e começou a dedilhas uma canção já conhecida por todos. Aquele toque suave juntando com a letra perfeita da música a fez embalar e se perder no meio da melodia. Por um instante fechou os olhos e era somente ela e Deus outra vez, sem problemas e nem a saudade apertando no peito.

Ao final, enquanto ainda dedilhava o violão e de olhos fechados o líder falou mansamente sobre o amor de Deus de uma forma tão diferente que ela sentiu-se protegida e amada.

A mesa do banquete estava posta. As mais deliciosas especiarias faziam parte da imensidão daquela bela mesa. A toalha branca como lã reluzia diante dos seus olhos. As cadeiras estavam expostas e uma delas era aguardada para que a filha se sentasse. Era o seu lugar de honra ao lado do Pai.

Os olhos pequenos observavam aquela cena completamente deslumbrados, mas algo a impedia de dar o primeiro passo. Já havia ganhado demais. O fato era que sabia que Ele realmente era o seu Pai. Viveu durante muitos anos longe dele, mas de alguma forma que não compreendia ela o sentia. Ele estivera ao seu lado como um anjo, mesmo que não pudesse enxergá-lo. Lembrava quase que diariamente dos princípios aprendidos e que assim como Ele era amável também havia a justiça diante dos homens.

Talvez o temor maior fosse o medo da ira, como iria agir quando ela errasse? Era difícil estar longe de casa e não sentir a vontade de fazer parte daquele mundo onde vivera toda a sua vida. O certo e o errado estavam em suas mãos, e nem sempre era fácil aceitar o que tinha que fazer.

Talvez o passado a impedia de sentar naquela cadeira tão majestosa. Como sussurros as palavras doces que vinha do seu Pai adornaram os seus pensamentos. Ela era filha, amada, escolhida! Sempre estaria com as mãos estendidas para ela. Não importava a distância, os erros, sempre que estava arrependida o Pai a olhava com amor a convidando para sentar em seu colo. Era o amor incondicional que o mundo não lhe deu. O Pai sempre lhe dizia que ela tinha parte da herança, precisava ser forte e tomar posse dela. E uma parte da herança era essa, sentar naquele lugar de honra.

Ela estava acanhada, compreendia o que precisava fazer, mas o seu coração estava dividido. Agradecia todos os dias ao seu Pai por sempre a estar protegendo e dando o pão de cada dia, mas reivindicar não era algo do qual estava acostumada. Não merecia...

E novamente a última lição aprendida se apossou da sua mente. A cada dia o grande adversário tirava coisas da sua vida, e só enxergaria quando estivesse sem nada. Ela fitou o seu Pai que a aguardava pacientemente com aqueles olhos que a estremeciam tamanho era o amor que brotava deles. Queria entender porque o Pai não poderia impedir tudo aquilo. A resposta veio como uma carícia do vento. Apenas ela poderia fazer isso. Precisava lutar, enfrentar o grande adversário, e se adornar da autoridade que vinha do seu Pai. Se ela era filha do Grande Pai tinha todos os seus atributos e estava na hora de ela mesma descobrir isso. Seu Pai a enchia de formosura e graça, e com o amor que se estendia até os confins da terra e infinitamente mais, a escolha era apenas dela.