CAPÍTULO VIII - O lamento do Devoto

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  Boa tarde gente, é com um orgulho imenso que venho hoje com esse último capítulo de Devoção Doentia, foram mais de dois anos escrevendo, quase desistindo e no fim, voltando com tudo e acabando com essa maravilha. Sienna e Marcus me acompanharam em um bloqueio criativo enorme, mas nunca deixaram minha mente, sem conseguir esquecê-los eu me reergui e escrevi como nunca antes.
Estar postando o último capítulo é tão gratificante
Eu preciso agradecer a cada um de vocês que me acompanharam nesses poucos capítulos foram os melhores dias da minha vida poder compartilhar isso com vocês.
Boa leitura, pela última vez ♥  

Escutem essa música antes do capítulo, ela é completamente Marcus!

  As lembranças não paravam de me atormentar, essas malditas e inevitáveis lembranças da face angelical que tanto me encantou, de seu beijo doce, inteiramente de Sienna.

  De minha Sienna.

  Encarei minhas mãos onde as algemas se apertavam em torno de meus pulsos assim como as correntes em volta de meus pés, como se eu fosse um animal selvagem pronto para atacar qualquer um. Aquilo tudo não fazia diferença alguma agora.

  Quebrado, era como eu estava naquele momento, sentado naquela maldita sala minúscula onde as paredes pareciam cada vez mais se fechar em torno de mim, dos policias fortemente armados prontos para acabarem com toda a munição em meu corpo a qualquer prova de desobediência.

  Estou engasgado em meus próprios pensamentos, sendo atormentado pelos olhos verdes de Sienna a me encararem apavorados enquanto minhas mãos se apertavam em volta de seu delicado pescoço.

  Foi tudo culpa dela.

  Sua maldita insistência em nutrir esperança me levou aquilo, eu temi perde-la, temi nunca mais poder ver o meu doce anjo, a minha pequena. Mas ela estava errada em fugir, errada em crer que poderia fugir. Estava errada em ter cogitado a hipótese de me abandonar.

  Eu não pude aguentar a ideia de que ela seria de outro alguém, então eu fiz o que foi preciso fazer.

  No momento em senti sua vida se esvair eu senti minha alma a congelar, e o grito que saiu de minha garganta fez surgir o animal que habitava minha mente, eu havia matado a minha doce menina.

  Mas assim, Sienna se tornara apenas minha!

  Quando entrei naquele tribunal, ouvindo o irritante barulho das correntes em meus pés, sentindo todos aqueles olhares a recaírem sobre mim eu pedi para que fosse rápido. Eu desejo ardentemente que a sentença seja dada, eu não me importo, estou cercado por mentirosos imundos, mergulhados em suas próprias crenças indigestas, nada naquilo me atraia a não ser eles.

  Os olhos carregados de lágrimas da mulher agarrada a seu marido me faziam lembras os dela, seus cabelos também loiros, a face contraída em uma tristeza imensa, e o seu marido me fuzilava como se pudesse me matar apenas com a força de sua mente. Moldei meus lábios secos em um sorriso ao passar por aquelas duas pessoas, causando ainda mais pavor em suas faces.

  Minha mente estava em plena solidão a cada palavra vazia dita naquele lugar por aquelas pessoas sem valor, eu queria poder gritar aos quatro ventos a minha dor, o meu pesar por não tê-la aqui agora, por não poder sentir a maciez de sua pele em meus dedos, eu queria poder simplesmente me atirar no abismo de minha dor e tentar encontra-la. Meu corpo estava lá, mais eu estava preso comigo mesmo, com minhas memorias, minhas dores e minhas mentiras. Meu corpo está travado e minha alma bloqueada.

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