Ainda sem acreditar no que tinha acontecido na piscina, eu ria feito uma hiena enquanto separava os ingredientes para fazer o Creme Brulee. Apesar do nome francês elegante, a receita era fácil de fazer. Meu grande desafio era encontrar meu maçarico nas caixas largadas na cozinha, para fazer a cobertura crocante. Eu ainda faria uma pequena variação da receita, acrescentando açúcar mascavo, então, tinha que começar a fazer logo, porque se desse errado, ainda daria tempo de fazer outra coisa. Comecei derretendo o chocolate no creme de leite e depois misturei o resto dos ingredientes: gemas, açúcar e baunilha. Depositei a mistura em refratários individuais com formato de coração, eles assaram por alguns minutos no forno em banho-maria e em seguida deixei na geladeira. Simples, prático e gostoso. Finish!
Depois da sobremesa pronta, achei que devia descansar, pois eu ainda estava indisposta. Por isso, depois de comer uma saladinha no almoço, deitei na minha cama esperando o sono chegar, mas fiquei "fritando" de um lado para o outro sem conseguir dormir.
O que eu ia vestir? O que eu ia dizer? O que será que eu encontraria? O que Jasper sabe sobre Gabriela? Ah... A cena de Jasper nadando não saía da minha cabeça. Não! Nunca fui dessas apaixonadinhas ridículas, qual é? Precisava parar com esses pensamentos idiotas e racionalizar. Liguei a TV e tentei maratonar séries na Netflix. Desliguei a TV. Voltei a ler o livro de Crônicas. Fechei o livro. Abri meu caderno e meus livros do colégio. Concentração zero!
Entediada, resolvi ligar para minha mãe. Era melhor do que pensar bobagens.
- Filha, o que houve? Está tudo bem? Por que está me ligando? - ela disse, com tom de voz preocupado.
- Nada, mãe, só para te avisar que estarei mais tarde na casa do vizinho, fui convidada para jantar.
- Na casa do vizinho? Quem é esse vizinho, Marina? - Ela engrossou o tom de voz.
- Calma, mãe, não surta...
- Como assim "não surta"? Tu endoidou, garota?
- Não é isso que você está pensando...
- Foi por isso que você não queria viajar com a gente? Ai, meu Deus... O que eu faço com essa menina?
- Mãe, ME ESCUTA! - eu gritei - O vizinho é meu colega do colégio e a mãe dele foi quem me convidou.
- Ah... Você quer me matar de susto, Marina? - Ela respirou fundo. - Você tá sempre tão sozinha, de repente me diz que vai jantar com um homem no apartamento dele? Eu quase tenho uma síncope!
- Meu Deus, mãe, calma!
- Bom... Então você está fazendo amizade com alguém da sua idade - ela disse, já com tom de voz melhor. - Fico feliz em saber.
- Sim, ele é da minha turma, fizemos aula de teatro juntos e hoje pela manhã os encontrei na piscina. Daí a mãe dele me convidou para jantar.
- Ah, que bom. E como ele é?
- Não é de falar muito, mas é legal.
- É bonitinho?
- Ah, mãe, sei lá! Quando você chegar eu te apresento e você tira suas conclusões.
Eu, hein! Imagina ficar conversando com minha mãe sobre esses assuntos... Tratei de desligar o telefone e comecei a me arrumar para o jantar. Combinei um vestido jeans soltinho com uma sandália rasteira branca e uma trança lateralizada em meus cabelos. Nem sei quanto tempo eu esperei, mas às 19h em ponto eu estava na porta do 1803 apertando a campainha, carregando uma bandeja com as sobremesas e o meu maçarico numa sacola. Quando a porta se abriu, Jasper e seu maravilhoso cheiro de shampoo me recepcionaram. Eu fiquei sem ar. Ele vestia uma bermuda de brim bege e uma camiseta azul, estava descalço e me olhando sem dizer absolutamente nada com aquele jeito Jasper de ser.
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Onde eu quero ficar (Degustação)
Teen FictionMarina é uma garota americana que vem para o Brasil após uma tragédia familiar. Porém, nunca fica em um só lugar. Cansada de tanto mudar de endereço, Marina decide que não criará raízes em lugar algum. Afinal, sem amigos seria mais fácil partir par...