Capítulo 9 - Mais uma história ridícula pra minha coleção.

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Era quinta-feira que antecedia o carnaval e já estávamos de recesso escolar. A cidade já respirava festa e as pessoas só comentavam em qual bloco, camarote ou "pipoca" iam sair. Eu ainda estava começando a entender como aquilo tudo funcionava. Em nosso colégio era costume acontecer um Baile de Carnaval, providenciado pelos próprios alunos, que aproveitavam a folga de quinta para montar a festa. De imediato, pensei em não ir, não me imaginava vestida de Mulher-Maravilha, ou algo do tipo, mas Malu insistiu tanto para eu ir que não tive como recusar.

Gabriela e Mateus ficaram responsáveis por montar o Baile, mas todo o 3° ano estava envolvido. Toda a matéria-prima para a produção da festa foi doada ou reciclada de alguma festa anterior. A intenção era de que toda a venda de alimentos fosse revertida para a viagem de formatura que a turma do 3ª ano faria, em dezembro. Eu não estaria com eles no final do ano, e mesmo se estivesse, o que eu iria comemorar? Não fazia o menor sentido. Mas, mesmo sabendo disso, achei que poderia ajudar de alguma forma. Resolvi o problema "fantasia" com a grande ideia de Caio. Coloquei um vestido amarelo, comprei meias de 5/8 também amarelas e calcei meu All star branco. Ele fez as orelhas amarelas numa cartolina e eu pintei duas bolotas vermelhas nas minhas bochechas. Pronto, Caio me transformou num Pikachu irado!

A festa foi toda montada no pátio central. As árvores, iluminadas de rosa e verde, davam um ar charmoso à festa. No meio do pátio, uma pista de dança com luz estroboscópica e um mini palco, onde Mateus discotecava, agitavam a festa. Barracas foram montadas nas laterais do muro para venda de alimentos, com algumas poucas mesas e cadeiras próximas a elas. O cheiro que vinha de lá era maravilhoso!

Jamile e eu ficamos na portaria, recepcionando as pessoas e recebendo o passaporte de entrada. Ela vestia uma fantasia totalmente sexy de Hera venenosa, com uma luva verde que cobria até o cotovelo. Sorria pra mim e seus olhinhos se remexiam eufóricos, como se fossem sair de órbita. Eu já esperava algum dos seus comentários.

- Então... Seu namorado não vem hoje? - falou no meu ouvido.

- Namorado? Eu não tenho namorado - respondi.

- Jasper? Todo mundo está comentando...

- Comentando o quê?

- Teatro, você e Jasper, mãos dadas, cochichos no ouvido. E aí, ele beija bem? Ele tem pegada? Sempre tive essa curiosidade.

- Não... quer dizer... não sei! Não aconteceu nada!

- Ah! Que pena! Xande achando que rolou alguma coisa.

- E o que ele tem a ver com isso?

- Marina - ela sorriu incrédula -, não notou que Xande afim de você?

- De mim e da torcida do Flamengo, , Jamile? Fala sério!

- Sim, mas você não quer se divertir um pouquinho? Ele beija bem.

- Você também? Eu sabia!

- Já sim, tem um tempinho! Foi logo quando cheguei na escola. Mas a gente percebeu que não tinha química, entende? - Ela fez uma careta. - Estamos mais para irmãos do que outra coisa. Fica tranquila! - Ela piscou.

- E o que eu tenho a ver com isso? Eu não me importo com quem ele namora...

- Certo, tudo bem! Mas e Jasper?

- Jamile, eu já disse que não estou namorando com ele...

- Mas você quer? Não quer?

- Eu? Eh... Olha, está vindo alguém. Boa noite, seja bem-vindo.

Onde eu quero ficar (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora