Era quinta-feira que antecedia o carnaval e já estávamos de recesso escolar. A cidade já respirava festa e as pessoas só comentavam em qual bloco, camarote ou "pipoca" iam sair. Eu ainda estava começando a entender como aquilo tudo funcionava. Em nosso colégio era costume acontecer um Baile de Carnaval, providenciado pelos próprios alunos, que aproveitavam a folga de quinta para montar a festa. De imediato, pensei em não ir, não me imaginava vestida de Mulher-Maravilha, ou algo do tipo, mas Malu insistiu tanto para eu ir que não tive como recusar.
Gabriela e Mateus ficaram responsáveis por montar o Baile, mas todo o 3° ano estava envolvido. Toda a matéria-prima para a produção da festa foi doada ou reciclada de alguma festa anterior. A intenção era de que toda a venda de alimentos fosse revertida para a viagem de formatura que a turma do 3ª ano faria, em dezembro. Eu não estaria com eles no final do ano, e mesmo se estivesse, o que eu iria comemorar? Não fazia o menor sentido. Mas, mesmo sabendo disso, achei que poderia ajudar de alguma forma. Resolvi o problema "fantasia" com a grande ideia de Caio. Coloquei um vestido amarelo, comprei meias de 5/8 também amarelas e calcei meu All star branco. Ele fez as orelhas amarelas numa cartolina e eu pintei duas bolotas vermelhas nas minhas bochechas. Pronto, Caio me transformou num Pikachu irado!
A festa foi toda montada no pátio central. As árvores, iluminadas de rosa e verde, davam um ar charmoso à festa. No meio do pátio, uma pista de dança com luz estroboscópica e um mini palco, onde Mateus discotecava, agitavam a festa. Barracas foram montadas nas laterais do muro para venda de alimentos, com algumas poucas mesas e cadeiras próximas a elas. O cheiro que vinha de lá era maravilhoso!
Jamile e eu ficamos na portaria, recepcionando as pessoas e recebendo o passaporte de entrada. Ela vestia uma fantasia totalmente sexy de Hera venenosa, com uma luva verde que cobria até o cotovelo. Sorria pra mim e seus olhinhos se remexiam eufóricos, como se fossem sair de órbita. Eu já esperava algum dos seus comentários.
- Então... Seu namorado não vem hoje? - falou no meu ouvido.
- Namorado? Eu não tenho namorado - respondi.
- Jasper? Todo mundo está comentando...
- Comentando o quê?
- Teatro, você e Jasper, mãos dadas, cochichos no ouvido. E aí, ele beija bem? Ele tem pegada? Sempre tive essa curiosidade.
- Não... quer dizer... não sei! Não aconteceu nada!
- Ah! Que pena! Xande tá achando que rolou alguma coisa.
- E o que ele tem a ver com isso?
- Marina - ela sorriu incrédula -, não notou que Xande tá afim de você?
- De mim e da torcida do Flamengo, né, Jamile? Fala sério!
- Sim, mas você não quer se divertir um pouquinho? Ele beija bem.
- Você também? Eu sabia!
- Já sim, tem um tempinho! Foi logo quando cheguei na escola. Mas a gente percebeu que não tinha química, entende? - Ela fez uma careta. - Estamos mais para irmãos do que outra coisa. Fica tranquila! - Ela piscou.
- E o que eu tenho a ver com isso? Eu não me importo com quem ele namora...
- Certo, tudo bem! Mas e Jasper?
- Jamile, eu já disse que não estou namorando com ele...
- Mas você quer? Não quer?
- Eu? Eh... Olha, está vindo alguém. Boa noite, seja bem-vindo.
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Onde eu quero ficar (Degustação)
Roman pour AdolescentsMarina é uma garota americana que vem para o Brasil após uma tragédia familiar. Porém, nunca fica em um só lugar. Cansada de tanto mudar de endereço, Marina decide que não criará raízes em lugar algum. Afinal, sem amigos seria mais fácil partir par...