Capítulo 2

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- Então, gostou? - perguntou a mulher dentro da cozinha.

- Amei! - respondeu Queenie apreciando o forno de micro ondas.

- A comida fica pronta rapidinha nele! - Alex puxou uma das cadeiras em volta da mesa e sentou.

A bruxa se virou animada - posso preparar alguma coisa para gente comer se você quiser.

- Quer aprender a usar o micro ondas?

- Estava pensando em fazer do meu jeito, se você não se importar.

- Me importar? Eu adoraria! - Alexandra ficou empolgada. - Fique à vontade!

Queenie se entusiasmou enquanto a jovem mostrava a ela toda a comida que tinha nos armários e na geladeira. Outra invenção que a bruxa achou extremamente interessante e prática.

Já sabendo onde estava tudo, a magia entrou em ação. Ingredientes, panelas, pratos e talheres saíram dos armários e se juntaram como um balé muito bem ensaiado e repousaram sobre a mesa diante do olhar admirado de Alexandra.

- Espero que você goste!

- Parece ótimo!

As duas se serviram e começaram a comer.

- Hum, nunca comi uma macarronada tão gostosa!

- Obrigada! Queria ter feito mais alguma coisa, mas você tem tão pouquinha comida guardada.

- É que como vivo sozinha raramente eu cozinho. Prefiro almoçar fora.

Queenie ficou em silêncio e Alexandra se perdeu em pensamentos. Dos amigos de infância que simplesmente seguiram a vida se afastando dela até os mais recentes da faculdade que só mandavam mensagem quando precisavam de mais pessoas para dividir o custo das festas que eles programavam. Imaginou se ela não era chata demais para alguém querer ficar perto por muito tempo.

- Não tem nada de errado com você. A gente se conheceu há poucas horas e eu seria sua amiga para sempre.

- Obrigada, mas essa não é a opinião da maioria das pessoas. Geralmente elas até se aproximam, mas acabam ficando ocupadas demais para se lembrar de mim. Deve ser alguma coisa que eu faço de errado.

- Não Alex... Olha, você vai encontrar alguém que não vai embora - a bruxa sorriu.

- Já perdi a esperança nisso...

- Pois não deveria. Suas experiências no passado não definem o que acontecerá no seu futuro.

Cada palavra de Queenie despertava mais memórias em Alexandra e ela não conseguiu evitar pensar nas paixões platônicas que teve desde a adolescência. A jovem se sentia muito mal por todos os homens por quem se apaixonara a terem desprezado e também doía o fato de nenhum rapaz nunca demonstrado interesse suficiente por ela a ponto de se declarar. Definitivamente ela estava convencida de que não valia à pena para ninguém.

- Não se sinta assim, você é muito preciosa! - a bruxa interrompeu os pensamentos dela.

- Queenie, será que dá pra você não ler?

- Me desculpe, não consigo evitar.

- Tente pelo menos.

Os próximos pensamentos foram de seu pai ausente. Nunca deixou faltar nada material em casa, mas o carinho dele Alexandra nunca recebeu. Só pensava em trabalho e reclamava pela menina não ser imensamente grata por isso.

Ela olhou séria para Queenie quando percebeu que a bruxa ainda lia seus pensamentos.

- Para!

- Desculpa, mas eu...

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