Aulas de Surfe com Professor Intrigante

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— Filha, você voltou para a barraca ontem em silêncio! Achei que fosse gritar de alegria por ter saído com o seu ídolo preferido! — exclamou papai com um entusiasmo nada normal para pais, mas minha família é diferente das outras. Minha mãe adora fofocar e contar para as suas amigas tudo que acontece comigo na escola. Todas as minhas notas viram notícia no grupo que ela tem no WhastApp.

"Rayssa tirou 10 em matemática, fulana. Que orgulho da minha bêbê.". "Rayssa acertou 3 cestas hoje na aula de basquete. Minha filha é uma atleta.". O pior foi quando menstruei pela primeira vez e ela filmou a minha cara de desespero e mostrou para todas as amigas. "Olha a minha filhota tentando abrir o pacote do primeiro absorvente. Ó minha menina é mocinha!".

Aff! Minha mãe me faz pagar cada mico. Eu detesto ser exposta por ela, mas o meu pai consegue ser pior. Ele não fala nada de mim para os seus amigos, mas me faz perguntas indelicadas o tempo todo na frente dos meus amigos. Ou então me faz pagar mico em restaurantes ou quando me leva no cinema.

Ele quer saber tudo sobre a minha vida e acha que pode me ajudar com os seus conselhos do século passado. Sei que ele também já foi adolescente, mas os tempos mudaram e eu não quero contar todos os meus segredos para ele.

— Pai, por favor. Estou pegando sol. Podemos não tocar nesse assunto.

— Claro que não! Eu quero saber se o cabra teve coragem de beijar a minha filha. — sorriu e tomou um gole de sua cerveja.

— Ai eu não acredito! Mãe — gritei desesperada. —, você pode parar de ler esta revista e me ajudar a explicar ao papai que minha vida amorosa não interessa a ninguém. Que saco isso! Me deixem em paz! — Eu me levantei e caminhei em direção ao mar deixando os dois sem entender a minha fúria.

Meus pais me irritam com tanta invasão de privacidade. Eu sou adolescente e menor de idade, mas não tenho que contar tudo que sinto para eles o tempo todo. Isso é demais.

Andei a passos largos até encontrar o mar gelado. Ui, que frio! Detesto mergulhar na água gelada, mas não tive escapatória, ou nadava para o fundo do mar, ou teria que enfrentar a sabatina de perguntas dos meus pais sobre o meu fracassado encontro com Yuri.

Hoje de manhã, depois de tomar o café tentei dar uma espiadinha na barraca dele, mas estava fechada e só consegui ver um homem alto, barbudo e bem moreno cozinhando uma omelete bem cheirosa. Deve ser o tio dele que sempre o leva para fazer aventuras em lugares divertidos. Yuri já comentou dele em alguns vídeos, mas nunca vi foto dos dois juntos, acho que ele tem vergonha de se expor na internet para milhares de garotas.

Entrei na água de uma vez e mergulhei bem fundo para acordar todos os nervos do meu corpo. Quando emergi bati a cabeça em algo bem duro e senti um galo enorme se formar. Olhei para o lado e dei de cara com um garoto mulato, de olhos verdes intensos, cabelos crespos e um sorriso encantador. Ele estava preocupado e me ajudou a ficar em pé no banco de areia mais próximo.

— Você está bem? Peço desculpas, mas não te vi. Eu estava distraído admirando o sol.

— Tudo bem. Eu mergulhei fundo demais.

— Qual o seu nome?

— Rayssa e o seu?

— Leonardo, mas pode me chamar de Leo.

— Muito prazer, Leo.

Ele sorriu e saiu nadando com a sua prancha por mais uns 100 metros até parar e me encarar por alguns segundos.

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