Pra você, de mim.

cinco

          Já era segunda, eu tinha evitado ir em qualquer lugar que me lembrasse você e estava tudo indo bem. Eu e Mari havíamos conversando e chegamos a conclusão que eu tinha razão. Eu podia cuidar da minha vida.
         Eu estava na aula quando você apareceu na porta procurando por mim, mas eu fingi que não te vi, você tentou chamar a minha atenção mas desistiu quando percebeu que eu não olharia.
          Depois das aulas eu preferi almoçar fora do campus pra não correr o risco de te encontrar. Fui em um restaurante não tão distante da faculdade. O dia estava um pouco mais quemte, eu estava com um vestido solto azul liso. Sentei em uma mesa mais afastada e fiz meu pedido. Eu passei os olhos pelo restaurante e percebi que um garoto me olhava. Pelas roupas, ele era de medicina. Ele era bonito. Mas não tanto quanto você, eu pensei. Mesmo sem querer, eu pensei em você.
          Ele sorriu quando me viu olhar, ele tinha um sorriso bonito e contagiante, então eu sorri de volta. Desviei o olhar quando a garçonete trouxe o meu prato. Quando eu terminei, a garçonete me trouxe um suco, mas eu não havia pedido.- Senhora, com licença, aquele senhor de branco lhe mandou esse suco com este bilhete.- Ela disse e saiu.
         "Oi, desculpe chegar assim, mas tive vergonha de ir até você. Eu te achei muito bonita e queria te conhecer. Me chamo Felipe. Me encontra na cafeteria do campus às 20h? Vou estar te esperando."
         Ele tinha me chamado pra sair e nem sabia meu nome, corajoso. Eu deveria aceitar? Qual era o problema? Eu não tinha nada com você! Olha você nos meus pensamentos outra vez. Felipe deu um tiro no escuro. E acertou.

X

         Voltei pro dormitório ainda um pouco surpresa, não ia contar à Mari, não seria nada demais.
         Peguei meu celular e decidi ligar pra minha casa. Meu irmão Nathan atendeu e ficamos algumas horas conversando sobre mim, depois sobre como estavam as coisas em casa. Ouvir Nathan falar que meu pai estava com saudades me apertou o coração, pois ele era tudo pra mim.
          Depois que nossa mãe foi embora sem avisar, logo após o nascimento de Arthur, meu pai foi mãe e pai para nós três, se virou como pôde pra nos criar sendo pai solteiro. Nós tínhamos uma vida boa, mas meu pai trabalhava muito e as vezes não tinha tempo pra nós.
         Nunca descobrimos o motivo de ela ter ido embora, eu era muito nova, não entendi na época, só chorei um pouco. Eu não a culpo, ela era nova, quis viver a vida dela, mas meu pai a amava muito e ficou muito mal quando ela foi embora. Eu estava com saudades da minha família.
          De imediato, assim que eu terminei a ligação, você me ligou, eu não atendi, deixei cair na caixa postal. "Júlia, é o Lucas... Você está me evitando? Me desculpe pelo beijo, eu sei que você acha que foi muito cedo, mas naquele momento não se passava nada na minha mente a não ser beijar você. Eu só queria muito te beijar... Eu sei que isso não justifica, mas é a verdade. É isso... Tchau."
         

          Realmente, Lucas, isso não justificava, mas eu acreditei, só não podia me entregar.
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