Capítulo 1 (parte 1/2)

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Mesmo aqui, no meio do nada, você fica preocupado de alguém estar te ouvindo. (Jogos Vorazes).

Olho pela janela do carro, observando os prédios, casas e lojas. O céu estava nublado, o que não aumentava nem um pouco a minha vontade de ir para aquela prisão, também conhecida como escola. Suspiro, e desvio o meu olhar para os cortes que fiz em meu braço com o nome Jeff The Killer. Eu não sabia o que era pior, ficar em casa podendo estar com a minha família (que, por acaso, me odiava) ou ir para aquela merda de lugar e ficar perto de pessoas desnecessárias e inconvenientes que ficavam encarando os cortes que tinha feito e depois me olhando estranho.
- Você tem que parar de ler essas coisas Eduarda Gabriela - disse minha mãe, arrancando-me de meus pensamentos. - Elas não fazem bem a você.
- Eu tenho dezessete anos, mãe. A vida é minha. Eu leio o que quiser. E desde quando você se importa com isso? Você está se importando comigo? Pra mim é novidade.
- Eu me importo com o que as pessoas vão pensar de mim e da minha família. E, querendo ou não, você é da família também. Eu tenho uma imagem para manter e você está estragando ela. Mas, como já notei que você não vai me dar ouvidos e que não vai falar o problema para que possamos resolver, agendei uma consulta em um psicólogo esta tarde. Acabamos de chegar ao colégio, saia do carro. E nem pense em fazer besteiras para que falte o médico, entendeu?
Eu saí do carro, completamente atônita. Ela não podia me obrigar a ir para aquele lugar. Mas é claro que obrigou.

Quando cheguei ao psicólogo, percebi que lá havia muitas pessoas, o que era óbvio. Quando foi a minha vez, entrei na sala sem antes olhar para trás e fulminar minha mãe com os olhos. A mulher que abriu a porta para eu entrar era loira, com um olhar simpático e um sorriso doce. Como se fosse o remédio para minha doença e a solução dos meus problemas. Sento-me na cadeira de frente a ela e fico encarando-a, séria. Ela começa a me fazer algumas perguntas e a primeira era se podia me chamar de Gabi ou Duda, dou de ombros com indiferença e total tédio. Até que ela chega a uma pergunta que capta minha atenção.
- Então Gabi, do que você gosta?
- De creepypastas.
-

E o que são creepypastas?
- São histórias de terror transmitidas pela Internet. Eu gosto de creepypastas desde os meus onze anos. E... - minha atenção se desvia para uma mesa que tinha no consultório. De baixo dela, estava saindo uma menina. Meus olhos se arregalaram, comecei a pensar seriamente se eu estava tendo alucinações. A garota chegou mais perto da cadeira da doutora que estava de costas escrevendo em sua prancheta e por causa disso, não a viu. Ela segurava um pedaço de papel em que estava escrito: "Aja naturalmente e não grite". Eu estranhei aquele pedido, mas tentei disfarçar. A menina desconhecida colocou uma das mãos atrás das costas e tirou uma faca. Jogou o papel no chão e colocou a outra mão na boca da loira, para abafar seus gritos. A médica entrou em estado de choque, com os olhos desesperados cheios de lágrimas. A assassina desconhecida então sussurrou algo em seu ouvido e cravou a lâmina no seu crânio. Ela não teve a mínima chance de sobreviver. Eu não me movi. Continuei sentada na cadeira, perplexa. Não estava com medo. Estava impressionada demais. Minha boca começou a se alargar em um imenso sorriso.
- Valeu por me ajudar. Poupou bastante tempo. Não faz idéia de quanto trabalho ia dar se ela tivesse gritado e essas coisas. Meu nome é Spooky. Prazer em conhecê-la pessoalmente. - disse Spooky, estendendo a mão para mim. Eu a apertei. Então franzi a testa com algo que ela tinha dito.
- Você disse pessoalmente? Estava me observando?
- Aham - respondeu ela com um sorriso divertido como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo. - Ei, nós duas temos que ir agora. Espera só eu avisar pra minha amiga. Ela que vem buscar a gente. E pode ficar tranquila que ninguém vai desconfiar. Você e essa moça ainda tem meia hora de consulta. E eu quero que você fale baixo, pras pessoas não percebem que ocorreu uma invasão por aqui. Porque se alguém brotar aqui, assim, tipo, agora, não vai dar certo. - ela parou de falar e olhou pra mim com uma carinha meio safada. - Você gosta do Jeff. Dá pra ver nos seus olhos. E no seu braço. Quando alguém fala o nome dele seus olhos brilham igual lâmpada fluorescente.
- Não é pra tanto. Mas o que você quis dizer com "a gente"? Eu não vou a lugar nenhum.
- Ah, vai sim Love. Eu te explico tudo depois, com mais calma. E não se preocupe com o cadáver ou com a sua mãe. Eu vou cuidar de tudo, prometo. - assim que ela terminou de falar aquilo, duas mãos apareceram em sua cintura. Coloquei a mão na boca, para evitar um grito e apontei, mas Spooky visivelmente não se assustou. Ao invés disso, se virou e se pendurou no pescoço da dona daquelas mãos.

 Um Amor InsanoOnde histórias criam vida. Descubra agora