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A noite chegou  e parecia que eu estava aqui há umas três semanas, mas eram apenas algumas horas.
Eu ia dormi em um colchão, porque as quatro camas já estavam ocupadas.

As luzes do corredor se apagaram, mas isso não impediu que as detentas parassem de gritar, sim, gritar!
Elas gritavam muito, tudo que Pom falou sobre prisão, estava de fato acontecendo comigo. Ele disse que aqui só consegue dormir quando se toma remédio. Alguns presos se dopam, de dois, três remédios. Porque a noite é sombria aqui. As presas que não dormiam, gritavam " que merda de cadeia "  " quero sair dessa porra " " fogo nos cachorro do governo" .

E com tudo isso, quem disse que eu dormi ? Não consegui, pelos gritos e pelo medo de amanhecer sem vida, pois até agora nenhuma das três réus que dividem sela comigo, não me olharam com cara boa, já a quarta nem me olhava, como se não tivesse entrado ninguém.

A madrugada foi longa, eu chorei silenciosamente, lembrando de Bryan. Como deve estar meu pequeno ? E Pom, onde está ? Está cuidando do nosso filho ?

O sol nasceu quadrado pra mim pela primeira vez. Eram cinco da matina e as mulheres que dormiram, já estavam acordando.
_ Bora todo mundo se aprontar pro banho - Uma agente bateu palma, despertando meus pensamentos.

Fiquei acanhada olhando as minhas "colegas" de sela, pra saber como devia me comporta. Uma delas tirou a roupa, pegou sabonete, escova e pasta e foi pra trás de uma cortina, que era dentro da sela mesmo, bem como Pom falou. Um buraco no chão pra fazer as necessidades e no alto um torneirão saindo água fria, isso sendo tampando apenas pela cortina.

Todas tomaram banho e foi a minha vez, o banho era rápido. Quem em sã consciência iria demorar em um banho gelado as cinco da manhã ?

Tirei minhas roupas e aposentei no canto do meu colchão. Peguei minhas coisas e entrei pro banheiro. A água gelada caindo em mim, pensei que em qualquer momento teria uma hipotermia. Escovei os dentes, me lavei, lavei minha calcinha e  sai enrolada na toalha. Pendurei a calcinha em uma espécia de "varal" bem pequeno que tinha ao lado da cortina.

Coloquei a minha roupa laranja de novo, fiz um coque no cabelo me encostei no colchão. Me cobri pra passar o frio do banho gelado e fiquei fitando o chão.

As mulheres conversam como se fossem parentes, eu apenas pensava, no meu filho. Mas eu não estava sozinha, a anti social da sela também não falava nada, apenas pensava.

As horas passaram e quando bateu seis e meia, meia trouxeram o lanche. Era um pão de sal com manteiga e um copo de café com leite em pó. Isso já era mais que suficiente, eu estava morrendo de fome.

Comi, passei uma água na minha caneca e deixei ao lado do meu colchão.

_ Ei - Ouvi uma voz grossa, feminina mas grossa.
Olhei pra cima e uma das detentas estava parada em minha frente e com certeza não era a quarta, era uma das três.

_ Oi - Respondi seca.
_ Qual seu nome ? - Me olhava fixamente.
_ Valesca.
_ Tu tem cara de filha de mamãe, tá aqui por que? - Cruzou os braços.
_ Isso não lhe diz respeito, Diz ? - A fitei.
_ Olha, tu mal chegou e já tá se criando ? - Apontou o dedo e eu me levantei. - Você não me conhece.
_ E nem quero conhecer - Retruquei.

Sei que minha audácia pode me ferrar aqui, mas não posso permiti essas coisas.
_ Eu acho muito bom você me respeitar e dividir o seu jumbo comigo. Porque tu tem cara de quem vai ser muito fortalecida aqui dentro - Dizia autoritária.
_ Deixa ela em paz Renata - A anti social falou, com uma voz suave, porém firme.

A Renata a olhou e me olhou de novo.
_ Mas.. - Foi interrompida.
_ Cala a boca, tu ja tá falando demais nessa porra - Ela  se levantou e se aproximou da Renata. Chegou perto bem perto, seu labios já estava quase colados na bochecha da  Renata.

Dei um passo pra trás e a Renata saiu.
_ Meu nome é Josyane - Ela me dirigiu a palavra e voltou pra sua cama.

Meu coração batia acelerado, minha respiração estava ofegante. Me sentei no meu colchão, mas logo vi uma carreira de agentes se aproximar.
_ Banho de sol - Uma delas Gritou e elas foram abrindo a sela.

Abriram a nossa e as três saíram, eu fiquei por último com Josyane.
_ Obrigada - Assenti pra ela.
_ Não tem nada que agradecer - Deu um sorrisinho e me puxou pra fora da sela.

Fomos pra um pátio enorme, lá era possível ver todas as detentas. Umas jogavam futebol, outras se exercitavam e outras conversavam, trançava o cabelo uma das outras, fumavam.

Me sentei em um banco e a Josyane se sentou do meu lado.
_ Você parece ter muita autoridade sobre as outras - Falei enquanto olhava o futebol.
_ Eu tenho mais tempo na sela, de certa forma, elas me respeitam - Ela disse e também olhava o futebol.
_ tu é muito calada - dei um sorriso.
_ Aqui tu tem que ouvir muito e não falar nada. Mas pode dormi viu - Deu uma pausa e riu.

_ Oshi, fiquei com  medo - Gargalhamos.
_ Percebi - Assentiu.
_ Quem te fortalece aqui ? - A olhei e voltei a olhar o futebol.
_ Meu irmão. E você ? Quem vai ? - Coçou a nuca.
_ Meu marido - Dei uma pausa. - Espero. - Falei baixo, bem baixo.
_ Vamo joga ? - Apontou.
_ Mas eu não sei - Disse confusa.
_ Aprende - Me puxou e fomos pro futebol.

________________Avisos_______________
Boa noitinha de sábado pra nós.

Mas e então, oque estão achando ? Nossa Vaaaal presa :(

Quero dizer que quanto mais demoram pra votar, mais demorou pra postar. Vamos colabora então né ?

A fiel mandou avisar 2 🎶Onde histórias criam vida. Descubra agora