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Valesca Narrando:

Terminei de lavar a louça, fiz pipoca de microondas e fui assistir tv com Bryan.
Estava passando Era do gelo.
_ Filho você é a cara do Sid - Falei entre  risadas.
_ Mamãe mamute mamãe - Apontou pro mamute
_ Deixa de ser linguarudo menino - Repreendi enquanto ria.

Ouvi meu celular tocando na cozinha e fui correndo até o mesmo, na tela estava número restrito.  Virei os olhos, pois sabia exatamente quem era. Desligue a chamada e tocou mais uma vez, mais uma e mais uma.. Por fim resolvi atender.

Início da ligação:
_ Até que emfim né – Falou impaciente.
_ Pegou o bonde que ainda te atendi – Retruquei.
_ Não começa com mironga  não fia – Falou.
_ Da licença, foi você que me ligou – Falei nervosa.
_ To querendo levar uma ideia contigo, tipo dois adultos, sem gracinha – Respondeu sério.
_ Não tenho nada pra falar com você – Virei os olhos.
_ Valesca, nos temos um filho, você querendo ou não, eu ainda sou pai do Bryan. – Disse firme.
_ Ok Pablo, você quer conversa? Nos vamos conversar então – Respirei fundo.
_ Vai vim hoje? – Perguntou sereno, bom mesmo.
_ Sim – Respondi seca.
_ To te esperando então – Dito isso ele desligou.
Fim da ligação.

Era só o que me faltava. Mas no fundo eu sei que preciso, ele foi um péssimo pai quando eu estava presa, mas  Bryan não entende isso, e eu não posso privar os dois.
_ Filho – Chamei e ele apareceu correndo.
_ Oi ? – Me olhou
_ Vai tirar a roupa e entra pro banheiro que você vai ver seu pai hoje – Baguncei o cabelo dele.
_ Papai papai papai - Ele abriu um sorriso e saiu pulando e chamando o pai.

Ver ele feliz me faz feliz. Guardei umas vasilhas e fui ajudar ele no banho, enrolei ele na toalha e fomos pro quarto dele.
Coloquei ele com uma bermuda jeans de lavagem clara com um detalhe rasgado, uma camiseta azul, cordão de ouro fininho e um mocassim preto, passei gel e espetei o cabelo dele e passei o perfume.
_ Espera a mamãe na sala assistindo desenho - Falei e ele foi.

Tomei um banho demorado, lavei meu cabelo, escovei os dentes e sai enrolada na toalha. Vesti minha roupas íntimas, passei um hidratante, Bati o secador no cabelo, coloquei um body todo aberto nas costas e na lateral, um short  jeans, calcei uma avarca, passei lápis, rímel e batom nude 33 da latika, me perfumei, coloquei uma roda de caminhão (RS), coloquei dinheiro e celular na bolsa e fui.

Passei em um ponto de táxi e pedi pra ele me levar até o morro.
O Bryan estava muito ansioso, e de certa forma eu também estava, não faço ideia do que conversar com  Pablo, apesar de estar com odio dele, precisamos realmente conversar.

Perdida em meus pensamentos mal me dei conta que já estávamos no pé do morro, paguei a corrida e começamos a subir. Eu não faço ideia de onde ir, se vou pra casa dele, pra boca, sei la, é estranho, um lugar que deveria ser tão familiar, hoje me soa desconhecido.

Avistei o Menor de longe e o mesmo veio até mim.
_ Fala patroa – Tocou na minha mão. _ Eai garoto. – Tocou na do  Bryan.
_ Oi Menor, suave? – Assenti.
_ Chuave tio? – Bryan fez sinal de jóia e nos Gargalhamos.
_ Veio conversa com o Pom né? – Me olhou.
_ Sim, cadê ele? – Olhei em volta.
_ Pediu pra tu colar lá na casa dele – Falou.
_ Demorô, valeu – Sorri de canto, ele se despediu de Bryan e nos continuamos subindo.

O sol tava de matar qualquer um, alguns moradores acenavam pra mim e eu apenas retribuía com um sorriso, eu estava tão nervosa que nem conseguia pensar. Cheguei em frente à casa que foi nossa, e Bryan já entrou correndo na frente deixando a porta aberta.

Caminhei lentamente até a porta e os dois estavam grudados, em um abraço que revelava muita saudade.
Ele me olhou e assentiu, então entrei.
_ Eai filhão, como tá ? – O sentou em sua perna e me olhou novamente.
_ chuave papai – Cruzou os braços
_ Então tá bom ue, tá "chuave" – Gargalhou.
_ E sua mãe? – Olhou pro Bryan.
_ Mamãe é peppa – Tampou a boquinha e riu.
Eu Balancei a cabeça negativamente e acabei rindo também.

_ Senta aí pô, eu não mordo – Pablo me olhou.
Virei os olhos e sentei.
_ Vou levar ele na Marilena porque ela tá com saudades dele, bom que nos conversa – Levantou com ele no colo.
_ Pode pá – Assenti e ele foi.

Olhei em volta e estava tudo tão estranho, a casa como sempre linda, mas estava com uns móveis tão feios, tudo foi trocado, até as cores da parede, me passava uma energia tão ruim, era como se nada que vivi aqui fosse real, ou fizesse alguma diferença pra ele.

Pablo entrou, fechou a porta e sentou no outro sofá, acendeu um cigarro e ligou o ventilador.
_ Como tá as coisas ? – Me olhou.
_ Tudo normal – Dei de ombros.
_ Normal? Ta tudo bem com vocês? – Seus olhos estavam fixos em mim.
_ Graças a Deus sim, tá tudo bem Pablo - Suspirei.
_ Mas Eai, vai ser isso mesmo ? – Se aconchegou no sofá.
_ Isso oque?

_ Não tem mais volta ? – Perguntou.
_ Você me chamou aqui pra conversar isso ? – Falei indignada.
_ Também - Deu de ombros.
_ Não, não tem mais volta - Falei firme.
_ Por que? Tá bem melhor sem eu? – Começou com seu joguinho barato.

_ Pablo, eu deixei de me importar com nos, quando passei a me importar comigo. Pra mim já deu sabe, eu estava casada sozinha, porque você não estava casado comigo – Respirei fundo.
_ Para de k.o Valesca, eu sempre tava contigo. Você queria o que? Que eu fosse lá te visitar pra me ferrar também ? –  Abriu os braços

_ Homens têm mania de falar que nos gostamos de mexer no passado Pablo. Hoje eu nem estou falando disso sabe, porque dói muito. Eu estou falando do hoje, do agora. Sua chance veio e foi, você sabe. – Respondi.
_ Eu quero tentar de novo Valesca, começar do zero – Falou e deu um trago no cigarro.
_ Mas eu não quero Pablo, eu quero o recíproco, e isso você não sabe me dar – Me ajeitei no sofá.

_ Pensei que o seu te amo fosse sincero – Olhou a varanda.
_ É sim, e é ainda mais sincero quando se trata do meu amor por mim – Assenti.

A fiel mandou avisar 2 🎶Onde histórias criam vida. Descubra agora