Capítulo 3| Ele
«Uns dias antes do presente»
- Então para confirmar convosco, os senhores vão ficar connosco 5 noites de hoje até sexta, num quarto superior deluxe com uma com cama de casal. Posso ver na sua reserva que não tem o pequeno almoço incluído. Gostaria de adicionar? - Questiono o cliente à minha frente.
- Qual seria o custo? - O senhor de cabelo grisalho questiona.
- Se quiser acrescentar o pequeno-almoço agora terá um custo de $12,50 por pessoa. Se desejar adicionar apenas no restaurante no momento em que for comer serão $17,50 por pessoa.
- Então nós vamos querer adicionar.
- Muito bem.- Sorrio e mostro o key holder aos clientes. - O seu quarto será no terceiro piso, se seguir por este corredor encontrará o elevador à sua direita. Se desejar contactar a receção e falar connosco diretamente basta apenas marcar o 0 no telefone do seu quarto. - O cliente pega nas chaves e sorri. - Desejo-lhes uma excelente estadia e no que eu puder ajudar, por favor não hesitem em perguntar. - Sorrio para os clientes e vejo-os a afastarem-se.
Arrumo as minhas coisas e preparo-me para a minha pausa.
- Boa tarde, gostava de fazer o check in por favor. - A minha cabeça roda demasiado depressa em direção à voz rouca e melodiosa. Os seus olhos rapidamente encontram os meus e o seu rosto assume uma expressão surpresa e melancólica.
- Não. - É tudo o que consigo dizer antes de começar a afastar-me da receção.
- Sky? - A sua voz soa pelo largo corredor.Olho para trás enquanto caminho e consigo aperceber-me que me segue.
- Skylyn, por favor... - Dylan tenta alcançar o meu braço de modo a virar o meu corpo para si e é bem sucedido. Paro à sua frente e solto-me do seu toque, ajeitando o blazer da farda. Encaro o seu rosto e um sentimento de saudade preenche o meu peito. O meu fôlego fica mais lento e olho diretamente nos seus olhos arregalados. - Porque foges? - Questiona-me num tom baixo.
- O que é que estás aqui a fazer Dylan, pensei que tivesses em Louisiana. - Brinco com as minhas mãos nervosamente.
- Vim tratar de uns negócios e da minha mudança de escritório. - Ele esboça um leve sorriso. - Se soubesse que estavas a trabalhar aqui até tinha trazido um fato mais apresentável. - Ele lambe os seus lábios e ajeita a sua gravata cinzenta.
- Por algum motivo não sabias. - Tento manter a calma e regular a minha respiração. - Eu tenho de, de ir à minha pausa de almoço. - Viro-me de costas para ele e chamo o elevador à minha frente.
- Se puderes esperar 5 minutos enquanto eu faço o check-in, gostava de te levar a almoçar. - Ele afirma e encaro-o.
- A tua namorada pode ficar chateada não achas? - O meu tom torna-se mais áspero e desvio o olhar do seu rosto novamente.
- Já não estou com a Vanessa há algum tempo. Ela foi embora de Louisiana com ele. - No seu tom consigo notar uma certa tristeza e não escondo a surpresa no meu rosto. O elevador abre-se à minha frente.
- Com ele? - Pergunto curiosa.
- Com o Tommy, o meu filho. - Quando ele diz isto o meu rosto automaticamente assume uma expressão de espanto e acabo por entrar no elevador sem lhe dizer nada.
- Sky...- Dylan coloca-se entre as portas do elevador impedindo-as de fechar. - Tenho saudades tuas, já se passou tanta coisa nestes ultimos três anos. Sei que te magoei muito, mas por favor deixa-me redimir, deixa-me levar-te a almoçar.
- Talvez um dia Dylan. Hoje não. - Carrego no botão para fechar as portas do elevador e o moreno afasta-se e responde com um "okay" que mal se ouviu.
- Posso ficar com o teu número para que possamos combinar noutro dia? - Ele torna a impedir que as portas do elevador fechem.
- Não. - Respondo firmemente cruzando os braços e encostando o meu corpo na parede. O moreno procura algo no bolso interior do seu blazer e tira um cartão pequeno.
- Então aí tens um cartão com o meu número. Diz-me tu alguma coisa. - Dylan estende-me o cartão e eu aceito.
O moreno afasta-se do elevador e fica a encarar-me enquanto as portas fecham lentamente.
- Foi bom ver-te. - Consigo ouvi-lo dizer antes das portas fecharem completamente.
Levo as mãos ao peito e respiro fundo.
Um filho?
«Presente»
- Skylyn, queres falar sobre o que te está a aborrecer? - Ele profere num tom suave.
- Não quero falar, não tem importância. Acho que podemos terminar por hoje, não concorda? - A minha voz assume um nervosismo característico.
- Como te sentires mais à vontade, podemos sempre continuar para a semana. Como sempre estarei aqui para ti. - As palavras dele calmas e ternas ecoam no espaço e faz-me esboçar um sorriso.
- Já fez muito por mim hoje, doutor. - Elevo o meu corpo do sofá.
- Por favor Skylyn toma a medicação, vai fazer com que te sintas melhor. - Ele, já de pé, acaricia o meu braço.
- Vou tentar, obrigada. - Viro costas e abro a porta do consultório. - Adeus Barbara, até para a semana. - Sorrio-lhe e ela retribui.
Ao sair do edifício o vento gélido de fevereiro atinge o meu rosto e visto o casaco. Nos bolsos encontro o cartão que Dylan me deu. Aí está escrito o seu nome, o seu posto de trabalho, o número de telefone e a morada do escritório.
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Gravity
RomanceTodos nós precisamos da gravidade para nos mantermos sóbrios daquilo que possa ser irreal.