Capítulo 4: Bolthorn

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Quando se dá a passagem do katum em Midgard, e acontece um ato terrorista.



Apesar de, tecnicamente, Midgard completar a volta sobre si mesma em Musphelday, as comemorações sempre se davam em Svartalday, dois dias depois. Isso porque Svartalday era o dia em que estava completamente escuro em Valhalla e era o último dia da semana. Nada como uma chuva de fogos de artifício à noite para comemorar o novo katum, seguido pelo dia internacional da ressaca, Aesirday.


A grande maioria das empresas dava o dia anterior, Vanaday, quando começava a noite, de folga para seus funcionários, de modo que as comemorações sempre começavam antes. Os costumes divergiam de país para país. Nos costeiros, era natural que as pessoas se aglomerassem nas praias e passassem a virada com suas famílias.


Naqueles onde a praia ficava mais distante, muitos recorriam a rios, lançando oferendas simbólicas aos deuses. É claro, nas grandes cidades, havia festas de todo tipo: desfiles pelas ruas, baladas nos clubes, promoções nos bares.


Nos templos Odínicos, os klokes geralmente liam alguma passagem de renovação a seus fiéis. Já nos templos Baldéricos, os adeptos reuniam-se para entoar orações e pedir o retorno de Balder no katum vindouro.


Na capital, era tradição o povo reunir-se em frente ao Palácio Hlidskialf para ouvir o discurso do Rei e ver a queima de fogos. O palácio estava particularmente belo, com os holofotes que o iluminavam mudando de cor de quando em quando. A multidão bebia, conversava e dançava ao som da música que saía das gigantescas caixas de som, especialmente colocadas para a festa.


O palco estava armado em frente ao palácio para receber a banda que tocaria após o discurso, mas as luzes lá estavam apagadas enquanto o Rei não chegava e tocava apenas música ambiente. Da sacada do palácio, Kvásir e seus netos observavam a multidão abaixo.


- Quanta gente, vovô! – Bem observou Bodn.


- É mesmo, não é?


- Quantas pessoas você acha que estão lá embaixo?


- Ah, não faço ideia. Milhares.


- Eu vou contar. – Disse Son, determinado. E começou a tarefa, como se fosse algo trivial. – Um, dois, três...


- Por que está todo mundo em frente ao palácio, vovô? – Perguntou Bodn, ignorando a contagem do irmão.


- Bem, eles estão aqui para comemorar a passagem do katum. Veja, meu neto, hoje o nosso planeta completa uma volta em torno de si mesmo. Você vai aprender mais sobre isso na escola, eventualmente.


- Ah é? E todos os planetas são assim?


- ... vinte e um, vinte e dois, vinte e três...


- Não, não todos. – Kvásir pegou Bodn no colo e olhou para o céu. Svartal estava bastante próximo e podia ser visto quase em sua integridade. Asgard e Jotun estavam mais afastados, mas também podiam ser vistos a olho nu, enquanto os outros planetas do sistema eram meras estrelas no firmamento.

O Sopro do Gjallarhorn: Uma Odisseia pelo Sistema TRAPPIST-1Onde histórias criam vida. Descubra agora