Instagram-S.M. 2° temporada

Parte 2

Anahí :

07h06

Estou morta?

    Preciso fazer essa pergunta a mim mesma.

Será que estou morta?

 Parece óbvio que sim,estou morta.Que o instante de ficar parada observando o acidente foi passageiro,um rápido intervalo de tempo em que o flash da vida passou pelos meus olhos,até que eu fosse transportada para algum lugar,sabe-se lá onde.

 Mas os paramédicos estão aqui agora,e também a policia e os bombeiros.Sou eu mesma deitada no acostamento com a perna presa na valeta,cercada por uma equipe de homens e mulheres que fazem procedimentos ininterruptos sobre mim e conectam coisas nas minhas veias que eu não sei do que se trata.

 A policia acendeu pequenas chamas ao longo da área do acidente e instrui os carros que vêm em ambos os sentidos para que façam o retorno,pois a pista está fechada.Essas pessoas dentro dos carros devem ter algum lugar para ir ,mas muitas delas não fazem o retorno.Elas saem dos seus carros,protegendo-se do frio com seus próprios braços ,e se aproximam da cena.Depois,desviam o olhar,algumas delas choram e uma mulher passa mal.E,mesmo sem algumas pessoas saberem quem eu sou e o que aconteceu,elas rezam por mim.Posso sentir suas orações.Consegui reparar que 3 garotas haviam me reconhecido, duas delas chorava e se debatia como se fossemos muito próximas,uma tinha cabelos pretos e cacheados e é a mais alta,a outra é meio baixa,loira e com olhos de piscina e a que ''sobrou '',é asiática  tem cabelos longos ela está batendo fotos de mim, o que me fez me sentir um objeto ou até mesmo um pedaço de carne.

 O que também me fez pensar que estou morta.Isso e o fato do meu corpo estar completamente adormecido,muito embora,ao olhar para mim e ver minha perna completamente esfolada pelo asfalto e o meu osso exposto.Estou pensando em todas essas coisas quando a paramédica de sardas e cabelo ruivo que estava cuidando de mim respondeu a minha pergunta.

Ela está na escala 8 do coma Glasgow.Vamos entubá-la agora-Grita.Na mesma hora,eles enfiam um tubo pela minha garganta,colocam um balão nele e começam a bombear.

Qual é o tempo estimado para a chegada do helicóptero de resgate?-Pergunta ela.

Dez minutos-Responde o paramédico -E mais vinte para voltarmos à cidade.

Vamos chegar lá em quinze se você voar de verdade.

   Posso até imaginar o que o cara está pensando.Que não vai me fazer nada bem sofrer outro acidente a esta altura,e tenho de concordar.Mas ele não diz uma palavra sequer.Apenas cerra a mandíbula.Eles me carregam até a ambulância:a ruiva sobe comigo.Ela bombeia o balão com uma das mãos e ajusta o tubo intravenoso e os meus monitores com a outra.Depois afasta um emaranhado de cabelo que está sobre a minha testa.

Aguenta firme!-Ela pede.

9h22

Quando a ambulância em que estou se aproximou do hospital(não o que fica na minha cidade,mas um hospital menor,que se parece mais com uma casa antiga),os médicos se apressam e me levam para dentro.

Acho que temos um pulmão em colapso aqui.Coloquem um tubo torácico e levem-na!-ordena a médica ruiva e delicada enquanto me passa para uma equipe de enfermeiras e médicos.

Tem mais alguém?-Pergunta um cara barbudo que está vestido com um jaleco.

O motorista do caminhão sofreu contusões leves,está recebendo tratamento no local do acidente .

 Levam-me para uma sala pequena onde há luzes fluorescentes.O médico gruda alguma coisa laranja ao lado do meu peito e depois coloca um pequeno tubo de plástico em mim.Outro médico acende uma lanterna bem em cima do meu olho.

Sem resposta.-diz ele à enfermeira-O helicóptero esta aqui.Leve-a para a área de traumatologia.Agora!

 Eles me tiram às pressas da sala de emergência e me levam até o elevador.Tenho que correr para acompanhar-lós .O elevador se abre na cobertura .Um helicóptero ,com suas hélices cortando o ar ,está parado no meio de um circulo vermelho.A porta do helicóptero está aberta,e minha maca com todos os seus tubos e fios é posto ali.Entro bem atrás.Um médico permanece a meu lado,ainda bombeando balão de plástico que aparentemente está respirando por mim.

 O helicóptero atinge um bolsão de ar e é óbvio que eu deveria me sentir enjoada.Mas não sinto nada.Pelo menos este eu,que é um espectador,não sente nada.E o eu que está aqui,deitado na maca,parece que também não.Mais uma vez,preciso me perguntar se estou morta e respondo a mim mesma que não.Não teriam me colocado neste helicóptero e não sobrevoariam as florestas comigo se eu estivesse morta.Além do mais,se eu estiver morta,gosto de pensar que Elvis Presley e Amy Winehouse teriam  vindo me encontrar a esta altura ksksksksksk.

Vejo o horário no painel de controle.São 10h02.Fico me perguntando o que está acontecendo lá embaixo.Será que a Jade sabe que estou aqui?Será que Shawn e a nojentinha estão comemorando?Será que Aaron está cuidando da Alice e da Jade?

12h19

Há muitas coisas erradas comigo.

  Aparentemente,meus pulmões entraram em colapso.Estou com o baço perfurado.Hemorragia interna de origem desconhecida.E o mais grave,contusões cerebrais.Também estou com as costelas quebradas.Queimaduras nas pernas causadas pelo atrito com o asfalto,o que exigirá enxertos de pele.Agora,neste exato momento,dentro do centro cirúrgico,os médicos tiveram de remover meu baço,inserir um tubo para drenar a água que se acumula nos pulmões e dar um jeito em o que quer que estivesse causando a hemorragia interna.Não há muito que eles possam fazer em relação ao meu cérebro.

Temos de esperar para ver-Diz um dos cirurgiões,olhando para uma das tomografias computadorizadas da minha cabeça.

...

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