- Bom, agora somos você e eu... Podemos ter a conversa que você propôs. - Luce disse com um tom passivo-agressivo que ela dominava bem.
- Vamos falar aqui, com todas essa pessoas em volta, em uma rodoviária?
- Você tem alguma outra sugestão? - ela olhava em volta, como se não tivesse a menor ideia sobre onde me levar. - eu queria ter um lugar sim onde te levar, mas eu não imaginei que fosse vir, você me pegou de surpresa, eu cancelei a reserva da pousada ontem, quando acreditei que não iria vir mais.
- Não, Luh. Não tenho... mas eu não deixaria mais um fim de semana passar sem te ver, só por uma briga que nem teve um motivo exato de acontecer. Nós planejamos durante toda a semana esse dia, e eu sonhei com o abraço que você me prometeu, quando eu finalmente estivesse, aqui, durante noites. E eu sei que movida pela raiva, no meio da briga de ontem a noite, você pediu que eu não mais viesse... E eu juro que tentei não vir, mas o amor me trouxe até aqui e orgulho nenhum foi maior que ele.
- Eu realmente não sei o que dizer... - ela parecia não estar ali, naquela conversa. Eu chorava sentindo minhas lagrimas jorrarem como uma represa sem fim diante dela e nenhuma reação lhe causava. Ela apenas me olhava e nenhuma ternura colocava em seu olhar.
- Sabe, Luh? Eu esperaria mais dez, onze horas se quando você chegasse até aqui, fosse capaz de me recepcionar com um abraço ou ao menos um sorriso que fosse, mas não, na verdade tudo que consigo sentir é como se eu não fosse bem-vinda onde eu sempre acreditei ser o meu lugar: ao seu lado.
- Eu só não sei como agir. Estou atordoada com tudo... Por favor, não chora? - ela foi capaz de pedir isso sem ao menos aproximar-se e me oferecer o consolo que eu precisava naquele momento. Quando ela se tornou tão fria afinal?
- Na verdade você sabe sim. Alias, nós sabemos... Desculpe, eu de fato não sei ser menos intensa. Não consigo amar pela metade, sem não sentir todas as sensações. E eu nem deveria ter que me desculpar por isso. Eu sei que um dia você também vai lembrar de mim com saudades, e conseguir gostar dessa intensidade do meu sentimento, não agora, mas um dia quando você entender que te amei da forma mais pura que já consegui amar alguém. E eu não amava uma parte de você, eu amava o conjunto; a sua voz, o seu sorriso torto, a sua facilidade em ser irresistível ao me chamar de "Gê", seu cheiro, o teu cabelo preto contrastando na água que caia do chuveiro, o seu jeito de me olhar, a sensação de ter soltado o mundo para segurar em sua mão, o seu corpo, o quanto eu parecia caber tão bem no seu abraço... Sim, eu seria capaz de enumerar por dias o porquê te amei, mas no fim, de nada adiantaria, você não me amaria mais por isso. E eu nem sei porque estou usando esse verbo no passado, se eu ainda te amo loucamente, por mais que doa e por mais que eu não queira amar. Seu sorriso torto me afeta profundamente e me desperta um desejo de tocar seus lábios com os meus. Mas eu sei que te amar é estar na ponta de um precipício na incerteza de me jogar ou não. E sabe por quê? Por você não conseguir me dar a segurança que eu preciso para acreditar que não estou remando esse barco sozinha. Sei que amores vem e vão, mas eles nunca vão vir em vão. Você me ensinou que as surpresas só funcionam nos filmes, e que na vida real é sempre bom avisar. Que criar expectativas e planejar encontros, falas e conversas é idiotice, quando você nunca sabe como o outro vai reagir. Eu tinha tudo milimetricamente planejado desta vez e na minha cabeça seria você chegando nessa rodoviária lotada, me abraçando forte, beijando meu rosto (boca) e eu entregando em suas mãos um presentinho diria: " me perdoa por ter brigado com você ontem, mas eu não aguentaria mais uma semana sem você". E no fim, seria o mesmo clichê dos filmes Hollywoodianos: sairíamos de mãos dadas e eu provaria a sensação da liberdade de poder ser quem eu realmente era, livre para amar quem eu mais queria amar, e amava. Mas bom, eu te avisei que não sou boa com expectativas; elas sempre me frustram, e não seria diferente agora... A prova disso é que eu pensei em você para dividir uma vida e ter a sensação de um romance duradouro, como nunca consegui ter, mas sei que sonhar com isso parece cada vez mais distante do conceito de realidade que temos aqui. Você me ensinou além de tudo que algumas pessoas vão amar você somente quando as coisas estão indo bem, e seus defeitos as farão te fazer ficar lá, remando sozinha. E eu ouvi um sábio dizer que quando colocamos uma aliança no dedo de alguém, isso significa que queremos essa pessoa para sempre do nosso lado, porque a aliança é um círculo que não possui nem começo, nem fim, tal qual deve ser o amor, fácil de começar e eterno para durar. E desde que ouvi isso, me pergunto o porquê colocou essa aliança em meu dedo, se não tinha planos de ficar e cuidar do amor que conquistou em mim?
Bom domingo de Páscoa.
E pela primeira vez, adeus, Luh.- Talvez seja realmente o melhor. Amor também é aceitar que não somos o melhor para a pessoa. É também partir por amor.
- Isso que você rótula amor, eu rotulo de covardia. - nesse momento eu tentava, mas segurar as lágrimas era impossível. No entanto, ela ainda permanecia firme dentro de seus próprios sentimentos. Com um olhar triste, encarei seus olhos pela última vez antes de partir para longe dela.
LEONINA
**
Observo ela voltando, sua cabeça estava baixa. Percebo que estava se segurando, parecia que iria explodir em sentimentos a qualquer momento. Luce vai ao encontro de sua amiga, que veio junto, vejo que Gê volta para cumprimenta-la, ela dá um breve aperto de mão. Percebo também que Luce não esboça nenhum tipo de emoção, enquanto o meu coração se apertava a cada passo que Giovanna dava em minha direção.
- Acabou. - foi o que ela conseguiu dizer enquanto se sentava e levava as mãos até seu rosto, cobrindo seus olhos.
- Gê eu... Sinto muito... - eu não sabia o que dizer.
Eu realmente não queria aquilo. Preferia eu estar a passar por aquilo. Sei o quanto ela é frágil, o quanto se quebra, o quanto se perde. Eu aprendi a ser forte, tive que jogar minha essência fora para isso. Mas ela não. Ela respirava amor. Por amor vivia e morria. Por isso não demos certo. Não porque eu não a amava. Mas porquê tive medo de amar demais. Tive medo de afundar de vez, de me magoar novamente. Meu último relacionamento, antes da libriana, tinha me tirado tudo, inclusive a paz. A tranquilidade que eu conseguia passar, a intensidade que eu costumava sentir. E quando finalmente eu tinha encontrado alguém que pudesse sim corresponder, eu já tinha me treinado para não ser mais intensa. Para calcular a queda antes de me jogar. E aquilo lhe passou a impressão errada sobre mim. Ela acreditou que eu não compartilhava de seus sentimentos, sendo que ela seria a minha cura, o que me traria a tranquilidade de que eu tanto precisava. E então ela conheceu, Luce. E todo aquele medo que eu tinha se tornou realidade. E mesmo tendo calculado a queda, eu cai feio. Mas eu nunca fui boa com cálculos mesmo.
Mas ela estava ali, ao meu lado. Chorando...
- Não chora... - fiz o Coelho de marionete, fazendo uma voz ridícula. - A Bia tá achando que você precisa de um abraço, e eu concordo. - finalmente ela levanta a cabeça e me olha. Seus olhos estavam encharcados. Eu a acolho em meus braços. E não disse mais nada.
- Bia, vamos sair daqui? - ela me suplica.
- Claro...
Nos levantamos, é a maldita geminiana ainda estava lá, contando tudo para a amiga.
- Eu não sei o que fazer com esse coelho. Vou jogar ele no lixo!
- Não! Não faça isso... - O coelho ainda estava em minhas mãos.
- Eu não quero levar ele para casa. Ele me lembraria esse dia horrível.
- Entendo... Dê a ela. Você o comprou pra ela, então pertence a ela. Por mais que eu tenha virado best dele. - ela não conseguia rir mais.
- Por favor, entrega pra mim? - ela me pede não só sonoramente, mas com os olhos também.
- Não. Se mostre superior uma vez nesse dia. E vá você entregar. Mostre sua força.
- Eu não vou conseguir, por favor, Bia...
- Gê, você consegue qualquer coisa. E eu estou aqui com você agora. Pega um pouco dá minha força emprestado, e vai lá. Espero aqui. - ela assente. E vai caminhando até Luce.
- Eu trouxe ele para você. Tinha um ovo de Páscoa também, mas derreteu. Mas ele é seu. Feliz Páscoa. - ela estende seu braço com o senhor coelho, o entrega e dá as costas deixando uma confusa Luce no local.
Caminhamos no sentido oposto, eu estava calada, mas meus pensamentos estão em turbilhões. Eu queria poder cuidar de cada pedaço que aquela geminiana deixou de seu coração. Mas não sabia como. Então, só me fiz presente e esperei seu tempo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Guerra dos signos - [ Romance lésbico ]
FanfictionEsse conto é para todas aquelas que amam o mundo dos zodíacos. Trata-se de um conto que vai explorar as características mais marcantes de cada signo com leveza e humor. :3