O sim - capítulo - 24

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LIBRIANA

Eu olhava aquela cena e me sentia vivendo um sonho bom, do qual despertar daquele absorto seria cruel e impensável. Ela ali, parada, abaixo da minha varanda, cantando... Céus, era um sonho! Só podia ser!

Eu queria gritar que sim, que eu já era sua antes mesmo do coração seguir juntar essas três letras e gritar a plenos pulmões. Sim, eu era dela mesmo quando quase acreditei pertencer à outra. Ali, olhando-a, não vi dentro de mim, rastros de outra paixão. A Luce havia se dissipado de mim naquele momento e meu coração incendiava e queimava com sensações boas.

Calcei minhas pantufas e corri até onde ela estava. O trajeto parecia interminável e a espera para cair em seus braços e me embriagar em seus beijos parecia interminável; mas terminou e já era hora.

Só que algo me fez parar. E o medo começou a me dominar. Eu não tinha mais certeza. Eu não estaria dando um passo maior que a perna? Eu não estaria caminhando para uma nova decepção? Droga, Luce. O que você fez comigo?

Eu era dela. Eu queria ser dela. Eu seria dela. Mas eu não consegui apenas dizer sim, e gritar isso como imaginei em minha mente. E por mais que eu tenha enchido meus pulmões e querer dizer " é claro que quero ser sua", não consegui. Eu não tinha espaço para processar declarações românticas e tudo o mais que ela merecia que eu fizesse. Eu só conseguia sentir, sentir aquele momento, aquele amor. Mas não conseguia sentir o que eu deveria. E se pensar em dizer um sim já fazia meu coração querer sair fora da caixa torácica, uma declaração me faria ter um enfarte. Será que seria isso que me travou?

- Bianca? - ela estava ali na minha frente. Eu pude ver seu sorriso se dissipar. - Por que vocês não entram? - eu abria e fechava a boca, tentando ainda dizer algo, mas preferi o silêncio. Seu melhor amigo, o Alê, foi na frente e ela ao meu lado. Eu podia escutar sua respiração entrecortar. E meu peito apertava.

Ela entrou e sentou logo no sofá. Vi suas pernas perdendo as forças. Que droga, Giovanna! E cada segundo daquele silêncio mortal, ela se encolhia cada vez mais em meu sofá. O qual em outra noite fizemos um sexo maravilhoso.

- Me acompanha até o meu quarto? -  falo quebrando o silêncio, estendo minha mão para que ela a segure. Sinto o quanto estava gelada e trêmula.

Ela puxa a sua bombinha de asma do bolso, e suga desesperadamente por 3 vezes, eu me apavorei.

- Você está bem? - pergunto colocando a mão em peito. Para sentir se sua respiração teria voltado ao normal. Ela tentava se acalmar. Eu nunca a vi tão assustada e acuada.

- Vou ficar... - foi o que ela disse. Então eu resolvi me abrir.

- Olha, Bia... Eu realmente te acho incrível. De verdade. Nossa sintonia é incontestável​. E eu gosto de sentir todo o perigo que você parece me passar. Sabe aquele erro que beija bem? E transa melhor ainda? É você. Aquele que a gente precisa repetir de tão viciante que é. Mas aí você me mostra seu outro lado. Um que eu procurava antes em você e não vi. E hoje...

- Hoje é tarde demais... - vejo seus olhos marejarem.

- Não sei se é tarde. Mas sei que não é o momento certo para a gente casar. Eu tô focada em outras coisas. E você acaba de ser promovida... - tentei ser sensata. Afinal, a gente acabou de se reencontrar.

- Eu me demiti. - eu não esperava.

- Você é louca? Não... Amanhã vá e tente reaver sua vaga. - Eu odiei o fato da ex ser sua nova chefe. Mas sei que é o trabalho dela. E eu não poderia interferir.

- Não... Não quero reaver. A única coisa que quero é estar aqui com você. Mas não posso te forçar a ficar comigo, Gê. Eu já entendi tudo. - ela não tinha entendido nada. Ela não poderia ver o quanto eu estava insegura? Sou Libriana, e a insegurança é o meu estado natural.

Guerra dos signos - [ Romance lésbico ]Onde histórias criam vida. Descubra agora