O pedido - capítulo 20

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LIBRIANA

Voltei meus olhos para cada metro quadrado daquele quarto e busquei Bianca. Mas ela não estava. Porra, ela havia saído sem que eu me desse conta. Maldita Luce que me faz esquecer o mundo a minha volta. Mas onde ela foi afinal? Será que foi embora e me deixou aqui sozinha?

Levanto-me da cama e caminhei pelo quarto, pisei em algo estranho, voltei meus olhos para baixo e só ali caiu a ficha do quanto idiota fui. Eu havia acabado de pisar nas flores que outrora havia ganhado com tanto carinho e dedicação. Meu coração pesou e meus pensamentos ficaram confusos. Já não bastava eu estar me sentindo mal pela conversa com a Luce e agora tudo só piorava ainda mais. Baixei e catei as flores e sorri - elas ainda estavam com o mesmo perfume-. Isso era o mais encantador nas flores, por mais machucadas e despetaladas que estivesse, não deixavam de inebriar e exalar seu perfume. Séria esse o exemplo que eu deveria tomar? Ainda que com o coração quebrado e esmagado, não posso deixar de oferecer reciprocidade a quem tão bem me cuidou.

Levantei-me e cuidadosamente coloquei sobre a cama o ramalhete e só após quase ser consumida pela dúvida de onde Bianca poderia estar, me deparei com um bilhete deixado na escrivaninha do quarto. E lendo todas aquelas palavras senti meu estômago queimar. Ela achava mesmo tudo aquilo? Como ela poderia agir como se a nossa noite não tivesse significado nada? Eu reconheço que estou no meio de um abismo e essa rapidez com que tudo aconteceu é extremamente assustadora, mas droga, eu jamais usaria seus sentimentos como válvula de escape. Eu ainda amava Luce, e não posso negar, mas é com Bianca que quero recomeçar minha vida agora. Depois de tudo que Luce me fez, não há amor que sobreviva a isso. E não posso negar que Bianca ainda mexe fortemente comigo. E como ela poderia não saber se nossa química é extremamente extraordinária? E se ela ainda não sabe ou se recusa a acreditar, hoje sanarei todas as suas dúvidas. - afirmei a mim mesma, colocando o bilhete em meu bolso e batendo a porta em busca de encontra-la. Essa era a minha vez de falar e não seria de forma escrita. Eu olharia em seus olhos e então ela verá o que nunca conseguiu ver: verá sentimento.

LEONINA

Depois de tudo o que passei durante o dia de ontem. Depois de todo o esforço para fazer o resto do dia dela ser bom... Depois de ter mergulhado novamente para dentro de nossa história, a qual eu acreditava que estava encerrada, eu iria simplesmente desistir? Deixar a maldita Geminiana assumir o meu lugar novamente? - Olhei para o meu celular, mas não havia nenhuma notificação. Não dela. Então guardo novamente. - acho que sim, eu iria.

Não é porque ela não vale a pena o esforço, está longe disso. Giovanna vale qualquer esforço que eu possa fazer. Mas ela ainda ama Luce, vive e morre por ela. E eu entendo, pois sinto o mesmo sentimento, com a mesma intensidade, só que pela Libriana. Não sei se posso chamar de minha alguém que não me pertence mais faz tempo.

Eu não sei se essa minha mania de fugir seja a melhor alternativa, mas eu prefiro eu sair machucada.

Pego o violão que eu tinha apanhado quando fui em casa. Nesse tempo em que não nos  vimos, me dediquei  a aprender a tocar. No início foi difícil, mas sempre foi meu sonho. Me conectar a música. E eu precisava ocupar a minha cabeça com tudo o que fosse possível.
E aproveito que essa música estava em minha lembrança, começo a tocar sua introdução de "Pra você dar nome."

"Deixa pra lá...
Que de nada adianta esse papo de agora não dá. Que eu te quero é agora e não posso e nem vou te esperar. Que esse lance de um tempo nunca funcionou pra nós dois."

Ela chega sorrateiramente, escutava eu cantar. Fingi que não a notei.

"Sempre que der... Mande um sinal de vida de onde estiver dessa vez.
Qualquer coisa que faça eu pensar que você está bem, ou deitada nos braços de um outro qualquer que é melhor do que sofrer de saudade de mim como eu tô de você, pode crer, que essa dor eu não quero pra ninguém no mundo... Imagina só pra você?"

Guerra dos signos - [ Romance lésbico ]Onde histórias criam vida. Descubra agora