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— Do que está falando? Ela realmente morreu? — pergunto assustada, quase derrubando o  chá que um dos clientes do café havia me pedido

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— Do que está falando? Ela realmente morreu? — pergunto assustada, quase derrubando o  chá que um dos clientes do café havia me pedido.

— É o que parece. Ela foi assaltada enquanto voltava para casa ontem de noite — Yugyeom, o filho mais novo do meu chefe, explica. — Mesmo que tenha entregue a bolsa, como não havia quase nada dentro, o bandido se irritou e atirou, sem dó alguma.

No mesmo segundo, a imagem de Mark invade minha mente, tão rápida quanto as lágrimas que saíram dos meus olhos e desceram ao meu rosto no dia em que finalmente percebi que nunca teria chances com ele.

Quando eu senti meu coração sendo quebrado em pedaços minúsculos, tornando quase impossível juntá-los novamente.

Suspiro pesadamente enquanto pisco.  

Aquela, entretanto, era uma situação completamente diferente.

Uma morte.

Alguém que nunca mais retornaria.

E ele deveria estar arrasado.

— Quais as chances da polícia conseguir prender o culpado?

Yugyeom passa a mão pelo cabelo preto azulado, encarando-me.

— Sinceramente? Acredito que são poucas. O cara fugiu logo após atirar e essa região não tem muitas câmeras, você sabe. Mas não é impossível, apenas pouco provável.

— Por que diabos existem pessoas assim no mundo, hein? Porra, isso é tão injusto — falo, frustrada.

— É apenas a lei da vida — o mais velho dá de ombros. —  Lugar errado, hora errada. Ou aquela coisa de livre arbítrio, índole humana. Uma merda, eu sei. Mas acontece.

— Odeio isso, de verdade. Aquela garota era uma boa pessoa, Yug. Não faz sentido algo assim ter acontecido. Um filho da puta ter atirado nela só porque se sentiu frustrado por não ter conseguido alcançar seu objetivo...

— Eu sei que é frustrante, mas essa é a realidade que vivemos — ele continua, olhando para além das janelas do café, como se estivesse refletindo sobre algo mais profundo. — Às vezes, as pessoas são movidas por motivos obscuros e egoístas, e isso leva a consequências devastadoras.

Encaro a xícara em minhas mãos e balanço a cabeça em negação, inconformada.

As palavras de Yugyeom atingem um ponto sensível em mim, trazendo à tona lembranças dolorosas e um sentimento de impotência diante das injustiças do mundo.

— Se eu soubesse quem era, eu iria atrás dos desgraçado. Sério, que raiva!

— Com essa sua força genuína? — o barista provoca. — Aham, claro que sim.

Sinto sua provocação me invadir. E franzo a sobrancelha, encarando-o.

— Você realmente quer começar uma discussão agora?

Tentei pegar um lado de sua orelha e puxar, mas foi impossível porque ele estava do outro lado do longo e alto balcão que separava a cozinha dos clientes.

— Eu sou um ser humano nascido apenas para a paz e o amor — ele sorriu inicialmente, mas depois seu olhar caiu na bandeja de metal e redonda que eu estava segurando em minha mão direita. — Acho melhor você entregar isso para o cliente antes que esfrie — avisou, e só então eu me dei conta de que já fazia um bom tempo desde que estávamos conversando.

— Eu vou — disse. — Se seu pai chegar e nos ver conversando, ele nos mata.

— Não vai ser a primeira vez e nem a última de qualquer forma — ele soltou uma risada rápida. Era engraçado como seus olhinhos diminuíram enquanto ele estava rindo. — Ao meu ver, nós já morremos várias vezes.

— As broncas só parecem aumentar — comentei com um sorriso. — Mas no final, ele só quer o nosso melhor.

— É verdade — ele encarou a porta de súbito e parou de sorrir.

O sorriso que estava em meu rosto também desapareceu, mas eu não me virei para encarar a porta, pois, de alguma forma, aquele olhar dele me deixou com medo.

Medo de olhar para trás e ver alguém de quem eu ainda não estava preparada para encarar. Medo de olhar para trás e confirmar minhas suspeitas de que talvez ele estivesse tão triste e emocionalmente abalado que eu simplesmente não conseguiria passar o restante do dia bem. Que eu me renderia novamente ao sentimento que resolvi trancar a sete chaves e manter escondido.

— Algum conhecido? — pergunto, mas Yugyeom não me responde de volta. — Você está me deixando com medo.

Por favor, olhe de volta para cá e finja que está tudo bem, eu pedi mentalmente.

Por favor, olhe de volta para mim e diga algo que não tenha nada a ver com ele.

Diga que apenas se lembrou de algo ruim, ou diga que queria me assustar...

O barulho dos sinos pendurados na porta de vidro se tornou presente, seguido por passos leves.

Alguém havia entrado na loja, mas quem?

Eu estava com medo de descobrir.

Flowers ❄ Mark TuanOnde histórias criam vida. Descubra agora