São exatamente sete da noite quando fechamos o café, um pouco mais cedo que o habitual, o que era ótimo, se analisado que hoje, o dia não aparentou ser muito favorável para mim.
E tudo isso porque fitei aqueles olhos prestes a transbordar em lágrimas por tempo demais.
Desde a sua visita a cafeteria, não consegui mais me concentrar em nada. Não consegui mais permanecer atenta ao meu trabalho, e isso ocasionou em alguns pedidos errados e certas reclamações.
— Hoje foi um dia conturbado, hein? — Yugyeom diz, conferindo pela segunda vez se a porta do café estava realmente fechada.
— Sinto muito pelo transtorno — falo com sinceridade.
Me sentia culpada por ter me deixado levar e ter sido tão desatenta. Por tê-lo feito pedir desculpa aos clientes por conta de uma responsabilidade que era minha.
— Está tudo bem, desencana disso. Não precisa se desculpar — Yugyeom sorri, dando alguns passos em direção a sua moto, que se encontrava estacionada ao lado do café.
— Claro que preciso, eu estava no mundo da lua hoje.
— E daí? Nem sempre estamos em nossos melhores dias, acontece.
Yugyeom se senta na moto e me oferece um dos capacetes, mas eu recuso.
— A quantidade de pedidos errados que eu fiz...
— Olha, aquilo não foi nada além de um dia não favorável. Todos nós temos dias assim, é normal. Apenas não deixe isso consumir você, ok? — ele me interrompe e, mesmo após eu recusar sua carona, ele manteve o capacete estendido para mim com um sorriso travesso nos lábios.
Sim, era um fato que suas palavras haviam sido cem por cento sinceras. No entanto, eu soube no mesmo instante que aquele sorriso em seus lábios era algo a mais que um simples "consolo emocional."
— Eu não vou beber com você, desiste — falo, ao revirar os olhos.
— E quem disse que nós vamos beber? — provoca, e franzo o cenho, confusa.
— Ah, não?
Uma breve curiosidade e instalou em mim. Normalmente, os únicos locais para o qual ele me chamava para sair em um horário tão tardio assim eram apenas dois: balada ou bar.
— Não — ele responde.
— E o que vamos fazer, então?
O sorriso em seus lábios aumenta, deixando explícito sua animação.
— Vou te mostrar um lugar especial — Yugyeom responde, sem perder a animação.
— Especial? — pergunto, tentando esconder minha curiosidade crescente.
Ele assente com a cabeça, ainda segurando o capacete para mim.
— Prometo que você vai gostar. Confia em mim — diz ele, sua voz suave, mas cheia de convicção.