|| 03

4.1K 555 385
                                    

Atenção: há um glossário ao final do capítulo com o significado das palavras estrangeiras no texto

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Atenção: há um glossário ao final do capítulo com o significado das palavras estrangeiras no texto.

Nota inicial: Como o poema contido no capítulo é chinês, tive que traduzi-lo do inglês. Por isso não consegui preservar as rimas e a construção de palavras do original, mas o significado é essencialmente o mesmo.

💮💮💮 


Jusang não tira os olhos das páginas. Sentado sobre algumas almofadas e mantendo uma expressão indecifrável, ele lê o livro apoiado na mesa à sua frente. Parece absorto, inatingível. Completamente perdido na beleza dos caracteres do alfabeto hangul que seu avô, o grande Sejong, inventara.

Solenemente ignorada, suspiro ruidosamente preenchendo o silêncio absoluto do recinto com os ruídos da minha insatisfação. Quando penso em simplesmente acomodar-me num canto e esperar até que ele decida que sou merecedora sua atenção, jeonha, ainda sem fazer contato visual, acena para que eu me aproxime.

 Está familiarizada com esses escritos?

— Não, Jeonha. — Sento-me ao seu lado com cautela.

Ele ergue o rosto e pousa os olhos sobre mim. São como duas pedras de azeviche, tingidas de profundidade e luz.

— Verde, verde é o salgueiro. Plácido, um fluxo pacífico escuto e ouço do rio...— Ele faz uma pausa, hesita e prossegue.— Para o leste, o sol nasce. Para o oeste, a garoa persiste. Embora digam que o sol é nulo, para mim, meu sol brilha¹.

— Um poema. — Constato, fascinada pelos versos cujos significados me são ocultos.

— Sim. — Ele assente. — Escrito por Liu Yuxi, um poeta chinês.

— O que quer dizer? — Pergunto.

Um sorriso quase imperceptível cintila em seus lábios antes que ele volte a falar. Porém, quando o faz, não é para responder minha questão. Ignorando minha curiosidade, ele pede que eu traga alguns livros que estão guardados na estante.

Passamos o resto da noite imersos em leitura de poesia e canções. Jeonha ensina-me sobre os festivais do palácio e conta-me sobre as danças da corte. Por fim, retira o pincel do tinteiro e traça riscos num papel.

— Fique com o poema de que você gostou.— Entrega-me o escrito.

Retorno para meus aposentos com passos demorados, plenamente consciente de que algo estranho acabara de acontecer. Apesar da animosidade presente em meu relacionamento com jeonha, o tempo não se arrastou dolorosamente como eu imaginava, mas esvaiu-se como um breve suspiro. 

Assim, sentada em meu futon enquanto Hye Sun escova meus cabelos antes de dormir, releio atentamente os versos.

— Qual o significado desse poema?—  Pergunto à ela.

Jeongsun, flor do palácio✓Onde histórias criam vida. Descubra agora