Pode ser difícil de acreditar, mas nos primeiros anos de existência, o Blasphemous Hampsher era o colégio para onde as famílias tradicionais brasileiras mandavam seus filhos rebeldes para serem disciplinados. Ser aluno do BH era uma espécie de estigma que já deixava claro perante toda a sociedade que você não era flor que se cheire, e que a sua família preferia se livrar de você a ter que lidar contigo.
Em outras palavras, quem estudava no BH não se encaixava – embora aquela segunda afirmação seja algo que aconteça até hoje. Muitos de nós foram jogados no internato não só por causa do prestígio que ele traz consigo, mas porque estar lá significa estar longe de casa.
O mundo, é claro, dá muitas voltas, e o Blasphemous Hampsher não é mais conhecido por ser um reformatório de sociopatas juvenis. Acabou virando moda enviar seus filhos para lá e, em pouco tempo, fazer parte do colégio se tornou uma grande honra que nem todos conseguiam alcançar.
É difícil pensar, mesmo assim, em pessoas que escolheram ir para o BH por vontade própria e não porque era o esperado pela sua família. Há muitos legados na história do internato, aquelas famílias que sempre estiveram do lado de dentro dos portões de ouro e passam a responsabilidade de manter esta enorme honra de geração a geração.
Quem é que não conhece, afinal, a tríade soberana formada pelos Verucca, os Barrington e os von Muhlen?
Junto com os Hampshér, que carregam o colégio no próprio nome, eles são sempre criados juntos, velhos conhecidos desde o berço, graças a uma união que teve início dentro do BH nos anos vinte. É claro que nem sempre os filhos dessas famílias se dão bem como os inseparáveis Luigi Verucca, Anette Barrington e Klaus von Muhlen (os precursores), mas eles são todos inegavelmente farinha do mesmo saco.
Mais do que o afeto, o que une as pessoas do meu ciclo social é o poder e a tradição. Os laços de sangue e de nome são muito mais fortes do que se pode imaginar e nem mesmo os mais transgressores são capazes de rompê-los com facilidade. Eu mesmo nunca fui.
Então lá estávamos nós, debaixo dos nossos uniformes listrados, azuis e marrons como super-heróis nada disfarçados. Mas nem todos os alunos do colégio vinham de ilustres famílias, como se podia imaginar. O mundo realmente dava voltas e ninguém melhor do que Maria Eugênia Barros para comprovar esta afirmação.
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Bem-vindo ao Paraíso
Fiksi RemajaOra, vejam, os portões do Blasphemous Hampsher estão se abrindo de novo! Seja bem-vindo ao paraíso. Você se lembra do que estava fazendo em julho de 2010? Os alunos do Blasphemous Hampsher estavam voltando para o segundo semestre do ano letivo...