Nem todo vazio é,Tão leve como parece,
Nem todo nada é,
Tão vago como deveria ser.
O sono parece desculpa,
Para a tristeza brincar de pique-esconde,
Desculpa parece choro,
Que foi engolido durante dias.
Choro parece inverno,
Que nos esfria até quase congelar.
A gente parece bem,
Mas o coração nos diz que não.
O coração parece concreto,
Sem lugar pra brotar flor.
Mas dai aparecem trincas,
Tem gente que acha que é ferida
Ferida às vezes dói
Mas às vezes parece que cicatrizou.
O nada parece grande demais
Para se aconchegar entre os grilos da cabeça,
A gente parece demente
Embriagado com copos
Cheios de promessas vazias.
E o vazio transborda cheio de nada
E o nada carrega uma mala cheia de coisas,
Coisas vazias, sabe?