Amores rasos

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Coração de concreto, pé no chão

Colo gelado, sorriso forçado.  

Cubo mágico sem solução,

E contos de fadas sem felizes pra sempre,

Toda amor raso é parecido,

A gente afoga na areia

Vê o copo meio vazio, e a cabeça cheia.

Desabafos guardados numa casa de sapê,

Escorado por um pretinho básico.

A gente vira veterano de guerra.

E se permite nublar,

chovendo quando está sozinho.

Mas amanhã é um novo dia,

Para brotar no concreto,

E reaprender a voar

Para repintar o cubo mágico.

E escrever um conto de fadas.

Para esvaziar a cabeça no travesseiro.

E sonhar acordado.

Para ver o copo transbordar.

E contar estrelas

Para fazer da lua pão de queijo.

E sorrir sem peso.

Demora, mas no fim a gente aprende,

que amor raso a gente não perde.

Se livra.

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