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- não me atraio por caras como você - sussurro no mesmo tom de provocação em seu ouvido, e me afasto.

- garotas com o seu temperamento não duram muito tempo comigo - ele sussurra de volta - vamos ver quanto tempo você vai durar... - ele da um sorriso sarcástico.

A realidade é que a pior coisa que eu podia ter feito, era despertar o interesse dele pelo simples fato de não estar interessada!

Quer dizer... ele é gostoso pra caralho e desperta todos os pensamentos mais eróticos que eu tenho, mas ainda assim, não passa de um idiota!

Vejo Max bufar de ódio e nadar para longe como se nada tivesse acontecido. Talvez eu tenha sentido uma grande dose de satisfação ao ver a cara dele de não ter conseguido o que queria, ou será que isso era efeito do álcool?. Pego uma toalha na pilha de toalhas, e estico a mesma em uma rocha, deito por cima, e fico olhando as nuvens, por sorte, um dia nublado estava a nos contemplar.
Depois de uns cinco minutos, meu instinto começa a me alertar, logo escuto barulho de galhos se partindo, o que me faz olhar para o lado e  ver que se trata do mesmo lobo que me atacou no outro dia.

Sento na pedra, e o mesmo continua a me encarar sem sequer se preocupar em ser discreto para não atrair olhares alheios.
Olho para as pessoas em volta, e vejo que ninguém notou a sua presença, coloco um short e meu tênis e vou em sua direção.
O mesmo quando vê tal ato, começa a andar para longe da festa, como se esperasse que eu o seguisse.

- quem é você? - pergunto e o mesmo não responde. Eu sabia que ele poderia me escutar.

- tem muitos humanos aqui! - volto a insistir - não é bom que você fique andando por aí na sua forma Lupina!

E então ele para no meio do caminho e se vira para mim. Sua forma lupina é a maior que eu já vi até hoje, ele é um lobisomem forte. Não sei quem era, mas conforme ele se aproxima de mim, começo a ficar nervosa... tento sair dali, mas o mesmo me barra. Me admira que ele ainda não tinha sido notado, mas devemos levar em conta que todos aqui estavam chapados. Ele parece tentar se arriscar, e dá alguns passos a mais em minha direção. Agarro meu cordão com força devido ao susto, e vejo seu olhar vidrado no meu pescoço.
Ganhei este cordão pouco antes do ataque, pouco antes dos meus pais morrerem. Eles me disseram para nunca tirar, e assim eu fiz.

É feito com prata de fada, nunca enferruja ou quebra.

Aos olhos de qualquer um, não é nada demais. É apenas uma corrente fina com um pingente modesto de lua, mas é sem dúvida minha jóia mais preciosa.
Ele olha fixamente para o meu cordão e então rosna, e sai correndo floresta a dentro.

Estranho...

Volto para festa, e junto minhas coisas para ir embora.

- já vai, amiga? - pergunta Lu com a voz embolada.

- sim... estou um pouco cansada - explico achando graça de seu estado alcoolizado. 

Não me levem a mal, mas ela é uma bruxa, logo estaria de volta ao normal. Se é que existe algum estado de normalidade para Lúcia.

- quer que eu te leve? - ela toca em meu ombro e tenta se equilibrar para colocar suas sandálias de dedo.

- não precisa, eu vou andando - dou risada - agora pare de beber! - falo em tom de ordem.

- sim, mãe! - ela revira os olhos.

- me liga se precisar de alguma coisa, ok?.

Ela assente e volta para a festa saltitante. Entro na floresta para cortar caminho, começo a andar na trilha que ia dar perto da minha casa. Eu não faço o tipo social mesmo.

(...)

Depois de 20 minutos, eu já deveria pelo menos estar vendo a minha casa, mas nem isso. Lobisomens poderiam ter ecolocalização, tipo as belugas sabe?, mas acho que seria pedir demais a grande Deusa. Começo a me desesperar, o tempo estava se fechando, e estava prestes a começar uma grande chuva. Aperto o passo, mas acabo não vendo a raiz de árvore no meu caminho, então acabo tropeçando e torcendo o pé. Bom trabalho, Katherine!.

- ahhgr! - gemo de dor.

Pingos de chuva começam a cair, e com mais frequência, ficando mais forte e deixando a paisagem mais turva.
Estava começando a anoitecer, eu não podia me transformar por causa da dor, e por não saber se tinha humano por perto.
Pego um tronco de árvore, e uso como apoio para me levantar... vou mancando até cair de novo e bater a cabeça em uma pedra.

A última coisa que lembro...
Um lobo...
Olhos vermelhos...
Caninos afiados...

(...)

Alguém me tirou do chão, e está me carregando... posso sentir o seu cheiro.

O seu cheiro....

E então apago...

(...)

Acordo com uma dor de cabeça infernal, tento abrir mais meus olhos, mas logo os fecho devido a claridade. Eu fui pisoteada por um trator ou o quê?.
Quando meus olhos se acostumam com a claridade, analiso a situação.
Eu estou em uma cama macia, lençóis  cheirosos, e um quarto com aparência rústica.

O cheiro...
O cheiro...
O cheiro...

Um leve aroma de perfume masculino e folhas de menta impregnava aquele quarto. Passo a mão no meu peito, e vejo que meu cordão já não estava mais lá, o que me leva a me desesperar.
Me levanto as pressas mas logo caio novamente, eu esqueci do pé machucado!. Me apoio na cama, observo a paisagem pela janela, e aparentemente, eu estou em uma casa na floresta, o que poderia vir a facilitar a minha fuga(ou não).
A porta é destrancada, pego a primeira coisa que vejo para me defender... um abajur!

Quando a porta é aberta, jogo o abajur no ser, e o mesmo cai no chão.
Me levanto rápido e saio "correndo", até que chego em uma sala e tento abrir a porta porém a maldita estava destrancada.
Sinto braços ao meu redor, me afastando a força e sem muita demora, um pano com um cheiro estranho é pressionado contra o meu rosto.

Num dia chuvosoOnde histórias criam vida. Descubra agora