Vermelho

77 6 0
                                    

Último ano no ensino fundamental, e eu finalmente fiz amigos. As Gabrielas. Uma era a Gabi, ela era risonha, cabelo comprido, castanho médio, os olhos dela eram castanhos, ela tinha olhos grandes e sempre me fazia rir. A Gaby tinha pele mais escura, cabelo castanho escuro, curto, com mechas loiras. Ela tinha olhos verdes lindos, era engraçada e fazia piadas ótimas! Depois de uma delas vir falar comigo, nos aproximamos mais e mais e viramos melhores amigas, tinhamos muitos assuntos em comum - na verdade não tínhamos não, passávamos boa parte do tempo olhando uma pra cara da outra e rindo, e quase nunca tinha um motivo. Nós costumávamos rir as sete horas da manhã e nada parecia dos impedir de der feliz!
Um dia fomos na casa da Gabi, tinha um bosque lá com uma parte mais densa e tivemos a melhor ideia de todas: entrar lá. Para um amontoado de árvores de pouco mais de 50 metros quadrados, nós rimos e gritamos bastante, foi uma aventura incrível. Naquele mesmo dia, Gaby viu que no quarto tinha uma boneca de pelúcia, que a Gabi tinha medo desde pequena, mas mantinha no quarto por sua avó gostar dela. Tivemos a idéia de destruir a boneca, pegamos uma tesoura e rasgamos ela toda. Esse episódio ficou conhecido como "O Assassinato da Mônica".
Eu era apaixonada por um garoto. Ele estudava no período da tarde e eu, no período da manhã. Ele sabia, mas nao ligava. Lembro que ele me mandava mensagens me caçoando ou tentando me iludir, talvez pra mostrar pros amigos e rir. O seu nome era Miguel. Já faziam meses que eu pensava nele, mas nada parecia adiantar para ele se interessar por mim... Eu tirei notas baixas e acabei precisando de aula extra, e tive que ir para o colégio no período da tarde, e bem, ele estava lá. Vi ele conversando com uma garota e sorrindo, eu senti uma raiva dentro de mim, olhei pra eles e percebi eles me olharem com cara de medo.
Corri pro banheiro, percebi que a íris dos meus olhos estavam vermelhos, confesso que fiquei com medo também. Aos poucos, voltaram a ser verdes.
Nada estava fazendo sentido, acabei não fazendo a aula extra, disse para a minha mãe que estava me sentindo mal e precisava ir ao médico. Nós fomos. Foi feito o questionário padrão de sempre que vamos até o hospital. O problema é que eu não estava sentindo nada... Respondi ao médico que meus olhos tinham ficado vermelhos e eu fiquei assustada. Ele examinou-os, nada foi encontrado. Voltei pra casa e fui para as árvores, nada parecia fazer muito sentido, olhos vermelhos, sensibilidade aos sentimentos de pessoas próximas, sonhos... Parecia tudo tão estranho e sem conexão.
Miguel nunca mais falou comigo, nunca mais olhou pra mim, e quando eu estava perto dele, ele se afastava com medo. Eu desisti de tentar algo com ele. O tempo passou de novo, quando eu ficava com raiva, meus olhos ficavam vermelhos, e eu me sentia forte. Eu tentava sempre me manter calma, não queria espantar as poucas pessoas que tinham na minha volta.
Eu e minhas amigas sempre saíamos da escola juntas, e então, na saída da escola, Gabi começou a conversar com um garoto. Ele era ruivo. Tinha olhos verdes lindos, usava aparelho, e tinha um sorriso fofo. Eu comecei a conversar com ele também, logo construímos uma amizade e começamos a conversar em toda a saída do colégio. Eu estava gostando de um garoto? Pra mim isso era uma novidade enorme. Ele tinha a mesma idade que eu, mas estava dois anos atrasado, seu nome era Nathan.
Digamos que para uma garota que já não tinha fama de popular, estar se envolvendo com um garoto "mais novo" era motivo de brincadeiras sem graça, que eram mais internas entre as pessoas, não costumavam chegar à mim, mas mesmo assim, era um clima desagradável ver as pessoas olhando pra mim e rindo.
Um dia, fiquei depois da escola de novo, Nathan ficou comigo, o motivo? Não me lembro. Talvez um trabalho que eu precisava fazer... Não me recordo. Conversamos, ele me beijou. Me pediu em namoro. Eu estava namorando!
Fui feliz para casa, fiz um colhedor de sonhos. Entreguei pra ele no dia seguinte, ele me questionou o motivo do presente, respondi:

- Os sonhos são o portal entre a realidade e o seu subconsciente, eles precisam ser protegidos, não acha?

Ele consentiu.

Naquele ano, tive problemas familiares, minha avó estava no hospital, antes de falecer, ela me disse algo que eu levei pro resto da vida.

Onde Está Você?Onde histórias criam vida. Descubra agora