Anjo

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Ele era um garoto alto, loiro, de cabelos cacheados e olhos verdes. Quietinho as vezes, mas em outros momentos era brincalhão, ele era engraçado, e era fofo também. Quando cheguei em casa, eu perguntei para Raphael, chorando:


"Se ele não me quiser, quem vai querer?"


E ele respondeu:


"Eu".


À partir daquele momento acho que começamos uma pequena história. Conversamos bastante, ele me convidou pra sair, e lá estava eu me apaixonando de novo. Saímos. Conversamos sobre coisas que eu certamente não lembro devido ao tempo que faz desses acontecimentos, mas tenho certeza que aquele garoto gostava de mim, mas eu acabei gostando menos dele do que ele de mim, e aquilo acabava sendo ruim, visto que o meu sentimento não era igual.

Nós fomos felizes dentro do que era possível, foi o primeiro namorado que eu apresentei para a minha família, e ele era querido com eles. Na minha casa sempre houveram problemas familiares, brigas, meus pais discutindo, e eu naquele meio. Eu não entendia bem o motivo de tudo aquilo. Na verdade, nunca fez muito sentido. Minha mãe entrou em depressão após a morte da minha avó, e a cada dia que passava, ela se isolava mais e mais, não falava o que sentia para ninguém, e aquilo ia se acumulando dentro dela... E eu era o alvo de descarga. Ela jogava tudo em cima de mim, e eu nunca poderia revitar, abrir a boca, nada. Todas as raivas e aflições eram depositadas em mim, o que também me causou uma depressão.

Meu quarto passava o dia com as janelas fechadas, as vezes nem ligava a luz. Preferia o escuro. Dormia muito e chorava sem motivo, estava sempre cansada, e mesmo assim, na escola, diziam que meu sorriso era lindo. Eu não podia ficar irritada, aflita, com raiva ou triste, caso contrário minha outra face apareceria, eu colocava minhas emoções nas pessoas.

Ficava feliz quando elas estavam felizes, e como eu tinha alguns amigos, podia sempre ficar feliz. Era um bom plano a princípio, até que percebi que era sensível demais às emoções das outras pessoas... E então, acabava ficando triste com elas.

Eu precisava de alguma saída, eu estava me afogando em uma sombra escura. Eu comecei a me machucar. E aos poucos, me entregando a um abismo.

Raphael fazia eu prometer não me ferir, mas eu acabava sempre fazendo, eu era fraca demais. Ele dizia que eu era seu anjo.


"Pessoas que se machucam são apenas anjos que querem voltar para casa"


Depois de meses, ele me deu uma aliança. Eu aceitei, mas ali percebi que não era bem o que eu queria, cheguei a pensar que talvez fosse muito cedo, ou até, se eu gostava mesmo dele. Eu deixei esse pensamento de lado, continuei seguindo.

Sobre as Gabrielas: nunca mais vi Gaby. Ela saiu da cidade, foi para um internato, cortou contato, nunca mais falei com ela. Mandei mensagens, mas fui esquecida. Gabi conheceu um garoto chamado Lucas, ele era um ano acima de nós no colégio, nunca tinha visto ele, mas ouvi muito bem do mesmo.

Na minha escola, todo ano, tinha um dia que abriam os portões e os alunos colocavam expostos seus trabalhos, para os pais e amigos virem ver. Um dia antes, fizemos os preparativos, não vieram muitas pessoas, a própria Gabi não veio, só tinha eu, uma amiga minha - chamarei ela de Anne - Lucas e um garoto com ele, o qual eu já tinha reparado antes. Ele tinha uma franja na frente dos olhos, cabelos escuros, e olhos castanhos, estava usando uma camiseta de anime, a calça do uniforme e um casaco cinza, com listras cinza escuro. Ele me chamou atenção. Não sabia seu nome. Ele não falava nada

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