Não era um dos meus melhores dias hoje. Definitivamente não era. Estava no top dez de piores dias, na certa. Acordei sentindo uma terrível dor de cabeça, latejando minha têmpora.
Sabia bem o que aquela dor tremenda significava, mas eu sempre preferi ignorá-la com toda minha força do meu ser. E hoje, não seria diferente afinal.
Fazia sete meses, doze dias, e dezessete horas, e vinte e três minutos, e exatamente trinta e sete segundos que eu malditamente havia sofrido um new falling. Sabia bem disso, porque minha pele formigava todos os dias, implorando por aproximação, mas nada que eu não pudesse controlar perfeitamente.
Afinal, não era o primeiro falling, e tão pouco seria o último.
Levantei da cama, quase me arrastando, fiz minha limpeza matinal, quase me afogando dentro da pia. Tentei de todas as formas possíveis com a ajuda da milagrosa maquiagem, apagar as marcas que nasciam a cada dia no meu corpo. Cada dia estava sendo mais sufocante este sentimento que martelava contra meu peito com ferocidade.
Quase não conseguia reconhecer a mesma garota que eu sempre fui. Era a falta que ele me fazia. Poderia me aproximar, e com certeza não estaria tão fraca como agora, mas eu sei que nunca me contentaria com tão pouco. Ainda mais, da forma que me encontro.
Espreguicei-me, estalando meus ossos. Passei as mãos nos cabelos, tentando melhorá-los sua aparência. Eu havia me mudado para o condado de Hampshire, no dia posterior após meu encontro inevitável com meu mais new destiny.
Gostava de ficar ali. O cheiro fresco da chuva pelas tardes me fazia voltar para quase sete séculos atrás, quando eu ainda era apenas mais uma num mundo onde não havia nem mais de um milhão de habitantes.
Caminhei até a janela do meu antigo quarto, e encarei os verdes campos da primavera. Notei que turistas ao longe, chegavam para mais um tour pelo meu castelo. Fechei os olhos, querendo matar os costumes ingleses. Mais um dia. Só mais um dia. Era esta a promessa que eu fazia todos os dias, a mim mesma.
Conseguia ouvir os gritinhos baixos histéricos das crianças querendo correr pelo jardim, pisoteando meus pobres cravos e petúnias que demorei quase um século para ficarem do jeito que eu queria. E lá estavam elas, destruindo-as em segundos. Respirei fundo. O guia turístico reclamava com os pais. Os pais davam broncas em suas crianças.
Só mais um dia.
Arrumei-me da melhor forma que poderia, no meu closet interno, ainda guardava os meus vestidos de bailes. Principalmente, da minha festa de dezesseis anos. Foi a ultima vez que comemorei meu aniversário com vida, junto aos meus amados pais. Ele cheirava fortemente a coisa velha, mas trazia consigo o cheiro que mais eu amava. Séculos e séculos nunca apagariam, minha devoção à minha família.
Coloquei uma calça jeans, e um suéter azul, uma bota cano alto de salto. Prendi meu cabelo em uma trança que fosse considerável. Respirei fundo, tentando controlar meu nervosismo.
Eles sempre me fazem as mesmas perguntas sempre. Às vezes, tenho vontade de ficar apenas aqui em cima, mas tenho medo de que algo aconteça com minhas preciosidades, principalmente, a estátua de minha família.
Desci as escadas, o mais triunfante possível, quantas não foram às vezes mesmo que as desci pensando "hoje é o dia".
Os grupos de pessoas já se encontravam agrupadas no grande salão de entrada, totalmente deslumbradas com as cores e tenacidades das paredes, e extasiadas com o teto totalmente composto por ladrilhos de anjos da noite. Meu pai deu de presente para mim.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Violet - único amor da minha vida
Genç KurguViolet Marian Ducker, prestes a completar seus maravilhosos setecentos anos com grande glamour e muita porpurina, a garota que teve sua vida mudada da noite para o dia. Tendo para sempre a sua adorável imortalidade como sua companhia. No mundo, qu...