Capítulo 6

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  23 de março.

Exato um mês que eu havia chegado aqui havia se passado. Eu, como incrível louca que eu sou estou vivendo muito bem. Eram exatamente 3h15 da manhã e eu estava chegando em casa de uma balada. 3h15 de uma sexta que eu tinha que levantar ás 6h. Ótimo exemplo, ou não. Fui direto para o meu quarto e tomei um banho morno, colocando qualquer pijama. Me joguei na cama e capotei.
Acordei com o despertador tocando e me levantei. Eu estava péssima, com toda certeza. Fui ao banheiro e tomei um banho gelado porque eu precisava. Coloquei um vestido e em seguida uma sapatilha. Fui até o espelho e agradeci mentalmente. Estava melhor do que imaginava. Fiz uma maquiagem apenas para esconder as olheiras e prendi meu cabelo em um rabo de cavalo.
- Bom dia! — Disse assim que cheguei na cozinha e Milena se encontrava lá tomando café.
- Bom dia. Pronta pra outra?
- Outra rodada de cama! Não sei como você aguenta. Foi a primeira vez e eu não aguento nem piscar.
- Com o tempo você acostuma.
- Nem vem!
E foi isso, tomei meu café tranquilamente. Escovei os dentes enquanto isso e ajeitei minha bolsa. Peguei meu celular e desci lendo as mensagens que não tinha visto. Fui até o ponto e não demorou muito para o ônibus chegar. Cheguei na faculdade e sai quase voando. Tinha exatos 3 minutos para chegar na sala. Cheguei em 5 e dei de ombros quando percebi que a professora ainda não havia entrado. Sentei na carteira de sempre e abaixei a cabeça. Estava quase cochilando quando ouvi aquela voz irritante da professora. Toda sexta era isso. O primeiro horário era de Vânia, uma professora que eu tinha uma leve vontade de jogar pela janela da parte mais alta da faculdade.
- Senhorita Fahir?
- Acordada! — Disse levantando a cabeça não escondendo minha frustação.
Ela apenas assentiu e olhou para a porta fazendo sinal para que alguém entrasse. Logo surgiu um homem alto, moreno e que tinha uns olhos verdes. Ele me encarou e desviei o olhar para professora.
- Turma, esse é o Conrado Cortez. Ele será professor de vocês até o final do curso. Estou com problemas de saúde e precisarei me afastar. — A sala fez um grande "ah" e eu apenas revirei os olhos. — Desejo um bom ano a vocês e que sejam felizes nas suas formações. Torço para o sucesso de todos.
Ela me olhou e sorriu simpática. Apenas lhe retribui. Confesso que não gostava da sua pessoa mas ela é uma grande profissional. De certa forma, estava aliviada por não ter mais que lhe aturar. Mas estava totalmente temerosa ao fato de ter aquele professor me dando aula. O homem é gato e parece um brutamonte! A senhora Vânia se retirou e ele olhou para turma. Passou os olhos por toda sala e abriu a boca. O medo só aumentou!
- Bom dia! Como vocês já sabem, meu nome é Conrado e irei substituir a professora Vânia. Dispenso apresentações e vamos ao que interessa. Onde vocês pararam?
Amanda, a nerd da turma pegou o seu caderno e mostrou ao professor, ele conferiu e foi ao quadro. Professor piloto e quadro? Ninguém merece. Quando ele foi para o lado oposto a porta, Carla, a mais atrasada da turma entrou na pontinha do pé e sentou atrás de mim, como sempre. A turma dava risada baixinho, até ele falar.
- Algum problema? — A sua voz grave ecoou pela sala fazendo o burburinho parar. — Estou fazendo uma pergunta!
Ele disse em um tom grosso e a turma continuou calada.
- Nenhum, professor! Aconteceu algo engraçado e demos risada. O senhor não costuma rir? — Perguntei sem nenhuma pretensão.
Ele me olhou de cara feia e se virou para o quadro.
- Chato. — Murmurei baixinho.
- O quê? — Ele perguntou se virando e me encarando.
- An?
- O que você disse?
- Eu? — Perguntei na maior cara dura e ele revirou os olhos — Não disse nada! Estava prestando atenção.
Ele apenas assentiu e se virou para o quadro.
- Corajosa você. — Carla disse se aproximando do meu ouvido e apenas assenti.
Antes do sinal tocar, a vice veio informar que não haveria mais aula. Haveria uma palestra e ela esperava todos no ginásio.
O sinal tocou e todos suspiraram aliviados.
- Só sai quem já terminou de copiar o assunto.
- Voltamos ao primário! — Marcello reclamou e a sala concordou com ele entrando em um completo burburinho.
Fiquei calada e fui copiando o assunto. A turma foi saindo aos poucos e logo que terminei arrumei minhas coisas e fui caminhando até a saída.
- Senhorita Fahir! — A voz do Conrado me fez congelar.
- Oi Conrado. — Ele arqueoou a sobrancelha — Professor Conrado.
Os alunos que ali estavam saíram logo em seguida me fazendo ficar a sós com aquele assustador de meninas indefesas. Ok, eu não indefesa mas ele não deixa de ser assustador.
- Você costuma ser sempre assim?
- Assim? Como?
- Petulante. — Ele respondeu ríspido.
- Não! Só quando eu não gosto da pessoa mesmo. E a propósito, você é uma dessas. E a propósito dois, eu estou atrasada. Com licença.
Sai andando e bufando! Quem ele pensa que é?
- Anne!
Me virei e cruzei os braços na frente do corpo, tive a impressão dele me analisar por completo mas tive certeza quando ele estava focado nos meus seios.
- Perdeu alguma coisa, professor?
- Não. Mas você deve ter perdido as medidas quando foi feita!
- Realmente. Mas não é pra qualquer urubu ficar rondando.
Disse e sai dali o deixando com a cara de pastel.
Fui até a cantina e comprei um lanche completo, fui caminhando até o ginásio. Avistei o Richard sentado na escada e focado na palestra. Fui andando e avistei Conrado perto do palco montado. Desviei o olhar para o Richard e me aproximei.
- Oi neném.
- Terminei com o Pedro.
Estava dando um gole no suco e me engasgei. Comecei a tossir em um descompasso louco e as pessoas ao redor começaram a me encarar. Fui recuperando o ar aos poucos e o encarei.
- Como assim? Por quê?
- Você sabe. Estávamos nos dando muito mal tem algum tempo.
- Vocês conversaram? Tentaram se acertar?
- Eu sei que o papo está bom mas está atrapalhando. Eu quero ouvir.
Revirei os olhos.
- Conrado, você não estava lá na frente? Volte pra lá, a conversa é séria. — Disse me virando para o encarar.
- Você devia me respeitar como professor.
- Você devia respeitar as pessoas! Você não faz isso e não fico lhe jogando na cara.
- O que você não tem de tamanho, tem de petulância.
- O que você tem de gato, tem de brutamonte.
Calei a boca quando me dei conta e ele deu um sorriso torto.
- Você venceu! — Disse saindo dali.
Olhei para o Richard e ele me olhou confuso.
- Quem é esse magia que eu não conheço? E que cena foi essa?
- Você não estava na bad, miserável?
- Amiga, com esse boy sensacional, quem fica na bad?
Dei risada e o encarei.
- Todinho seu. Vamos sair daqui!

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