Capítulo 8

7 3 0
                                    

Acordei me sentindo fraca. Abri os olhos lentamente e estava num quarto todo branco. Ninguém merece! A enfermaria da faculdade parecia ser mais legal quando eu passava pela porta. Pisquei algumas vezes e uma senhora de cabelos longos castanhos apareceu a minha frente.
- Tudo bem, querida?
An, claro! Estou deitada na cama de uma enfermaria, com soro enfiado na minha veia e claramente fraca. Está tudo ótimo!
A encarei de cara feia e ela pareceu entender o recado, deu um sorriso fraco e desandou a falar.
- Você não anda se alimentando e não adianta negar, eu já sei muito sobre você, Anne Marie.
Levantei a sobrancelha e a olhei no fundo dos olhos.
- Sabe muito sobre mim?
- Sei o suficiente para cuidar de ti.
Sorri e revirei os olhos.
- Depois que sair daqui, vou me cuidar muito bem, sozinha.
- Nananinanão! Depois que sair daqui eu vou cuidar muito bem de você, querida.
- Mas não precisa! Eu sei muito bem me cuidar sozinha
Disse sendo grossa. Que coisa chata.
- Você não tem querer Anne! A direção me encaminhou essa função e eu vou cuidar de você. Você colabora, eu cuido de você, você se recupera e se vê livre de mim. Não é ótimo? Exatamente, é ótimo. Agora cala essa boca e deixe eu cumprir o meu papel.
Eu estava estátua. Paralisada. Perplexa. Chocada. E não sei mais que adjetivo utilizar, mas eu estava parada com os olhos arregalados — certamente — e muda.
Mas perai, quem ela pensa que é?
- Il n'y a rien de grand! J'ai une meilleure idée.
- Quoi? — Ela respondeu e eu fiquei perplexa por ela saber francês.
- Vous prétendez avec moi, je Fingo vous me suivez, leurs rapports me montrer que je suis bien et de l'ordre. Je ne l'accepte pas non pour une réponse.
- Anne, isso é errado. Se o reitor descobrir..
- Se! Ele não vai. Confia em mim, eu não tenho nada, apenas não me alimento.
- Ok garota. Mas qualquer sinal de fraqueza, eu assumo a postura correta.
Ela veio até a mim e checou algo na máquina, começou a tirar as sondas que iam até minha veia.
- Obrigada Maria, você é linda! — Disse levantando.
Cheguei na porta e soltei um beijinho.
- Não conta o nosso segredo, tá?
Andei pelos corredores da faculdade que estavam vazios, passei pelo corredor da minha sala e Conrado estava sentado em um sala qualquer.
- Bonjour!
Ele levantou a cabeça e me encarou.
- Olá Anne. Como se sente? Está melhor?
- Estou sim. É... não tava te procurando mas ja que te encontrei, obrigada. Quero dizer, obrigada por me levar a enfermaria.
Eu fico parecendo uma trouxa perto desse homem. Que porra é essa?
- Tudo bem, Anne. Eu faria isso por qualquer aluno.
Assenti e sai dali. Corri até o ponto de ônibus e esperei o mesmo. Peguei meu celular e tinha algumas chamadas perdidas. Incluindo, 3 do meu chefe. Droga!
- Alô? — Disse assim que meu supervisor atendeu.
- Oi Anne. Como você está?
- É.. Bem?!
- A faculdade me ligou avisando que você havia passado mal. Pode ficar em casa hoje. Nos vemos amanhã, se cuida!
Ele simplesmente desligou sem me dá a chance de agradecer. Eu, sinceramente precisava daquele dia de folga. Para a minha felicidade, olhei para o lado e vinha meu ônibus. Entrei feliz e me sentei, me permiti relaxar e só me movi quando o meu ponto chegou.
Desci e andei um pouco até o condomínio. Cheguei e tratei de me encaminhar o mais rápido possível para o apartamento: Elevador!
Não demorou quase nada para eu está na porta do 603. Entrei e o apartamento estava em perfeita ordem, o que me dava um alívio no coração. Fui para o meu quarto e tomei um banho relaxante, vesti uma roupinha leve e fiz um almoço. Eu estava precisando me alimentar mesmo. Vi o quê eu precisava fazer e tinha alguns trabalhos pendentes, normal. Peguei meu celular e respondi as mensagens do pessoal perguntando como eu estava, coloquei o mesmo para carregar e peguei o notebook, começando a fazer os trabalhos.
16h30 e trabalhos concluídos, eu ouvi um amém, aleluia? Resolvi atualizar minhas redes sociais e mexi no facebook. Olha, essa vida de universitária/trabalhadora/escrava não era nada fácil. Olhei algumas páginas e me apaixonei. Era uma tatuagem totalmente incrível. Queria! Minha primeira tatuagem, socorro. Eu tinha certeza que era ela. Meus pais iriam me matar? Iriam, né. Mas eu morreria tatuada. Peguei meu celular e coloquei na câmera, foquei na imagem e tirei uma foto.
[16h42]  Você conhece algum estúdio de tatu??? — Eu
[16h45]  Não. Faço minhas tatuagens nas cadeias! — Melhor bff.
[16h47]  Iria adorar que fosse verdade, viado. Agora sério, me leva lá!
[16h49]  Levo! Se arruma que passo aí daqui a 30 minutos. — Melhor bff.
Era isso que eu amava no Richard. Ele era do lema: "-Bora?; -Bora!"
Me levantei e fui tomar banho. Coloquei um shortinho jeans preto e uma blusinha soltinha cinza, calcei uma rasteirinha e peguei minha bolsa, sai do quarto e ouvi meu celular tocar na sala, corri e era o Richard dizendo que podia descer.
Desci de elevador para ser mais rápido, afinal, eu estava com pressa para realizar isso. Richard estava encostado na porta do seu carro com uma beleza indiscritivel, se não fosse gay, me candidataria a ser sua namorada, seria um casal da porra mas ele é gay e apenas meu amigo. Ok? Ok.
Entrei no carro e estava tocando uma música do Luan Santana, cujo eu não lembro o nome. Eu era francesa, ok, mas sabia todas as tendências brasileiras, e adorava. Fui cantando cada música que passava na rádio e eu sabia, algumas Richard me acompanhava, outras, apenas ria da minha cara. Chegamos no studio em cerca de 40 minutos e estava vazio.
- Fala, mano! — O tatuador, eu pensei, falou com Richard.
- E aí, André!
Eles se cumprimentaram e Richard me apresentou ao André.
- Quem vai riscar?
Juro, de dedinho, que fiquei perdida quando ele disse, acho que ele percebeu porque ficou me olhando com uma expressão estranhar. Richard deu risada e tomou a minha atenção.
- Riscar, Anne. Tatuar.
- Ahhhh sim! — Exclamei — Então quem vai riscar, sou eu.
- Beleza. O que tu quer fazer? Já sabe? — André perguntou e assenti.
Peguei o celular e mostrei a foto pra ele, ele me olhou e sorriu.
- Foda!
- Consegue?
- Se eu consigo? Eu tô louco pra fazer essa tatto já. Preparada?
Assenti e entreguei minha bolsa ao Richard.
- Será que eu posso ver qual é a tatuagem? Porque eu trouxe esse ser aqui e até agora não sei qual é.
André, que estava com o meu celular, virou a tela e mostrou a imagem ao Richard que sorriu.
- Adorei!
André me indicou a cadeira e eu sentei. Relaxei e esperei ele voltar. Richard estava sentado na cadeira próximo a mim, mexendo no celular. André voltou e começou a fazer o desenho no meu antebraço logo após a linha da veia, um tempo depois, senti a agulha perfurando a minha pele. Era uma dor suportável e eu estava adorando. Richard me olhava é sorria cada vez que eu suspirava um pouco mais pesado. Levou cerca de uma hora até ficar pronta.
- Riscada! — André disse com aquele sotaque carioca.
Olhei para minha tatuagem e me senti orgulhosa.
- Ficou linda, valeu André!
- Disponha.
- Também vou riscar hoje, se a Anne fiz e outra.
- Outra? Qual?
- O trevo.
Sorri. Tínhamos escolhido o trevo como nosso símbolo.
- Feito!
     Tradução:
[ - Não há nada ótimo! Eu tenho uma idéia melhor.
- O quê?
- Você finge que cuida de mim, eu finjo que você cuida, os relatórios mostram que estou bem. Eu não vou aceitar um não como resposta.

365Onde histórias criam vida. Descubra agora