{Aviso: Esse é o último capítulo da degustação do livro que foi lançado pela editora PenDragon no dia 20/06! O livro está à venda no site da editora por apenas R$29,90, o link está na sinopse!}
DRAKE
Quatro dias se passaram e eu ainda não acreditava que vi aquilo escondido nos pertences dela... Por que ela tinha um daqueles símbolos que caçadores usam?
Posso não saber muito sobre humanos, mas sei que todos os caçadores de dragão usam aquela coisa de metal amarelo com o desenho de um dragão sendo morto. Só que não tive coragem de perguntar.
Durante o tempo que passou, ajudei a família que nos acolheu como podia, e Selene já estava bem melhor. Como Carlos estava ferido, não podia utilizar os bois para arar a terra, e como foram emprestados por apenas uma semana, concordei em fazer isso. Tiveram de me ensinar, pois eu nem sabia o que era aquilo. Aparentemente, para plantar, era necessário preparar a terra com o troço que os bois puxavam – chamado de relha – e eu tive que empurrar, fazendo linhas fundas por toda a extensão do espaço delimitado. Depois, coloquei as sementes espaçadas antes de cobrir com terra...
As meninas ficaram me observando e dizendo como parecia fácil para mim, e que fui tão bem que terminei o trabalho na metade do tempo do pai delas. E é claro que foi fácil, eu era muito mais forte do que ele.
Eu também ajudei a carregar coisas e limpar o estábulo, às vezes eu até cochilava a tarde lá, ficava cansado demais, já que era difícil conseguir dormir durante a noite. Passei os dias sobre duas pernas e as noites como dragão, escondido de todos.
Trabalhei bastante e não foi um problema, mas achei estranho me darem um pequeno saco cheio de pedacinhos de metal, além de me darem algumas roupas antigas. Na verdade, Carlos insistiu que eu aceitasse dizendo que, se não fosse por mim, não teriam plantação por um mês e estragaria todo o cronograma de colheita. Eu falei que, se não fosse por eles, não sei o que teria acontecido com Selene, ela poderia ter piorado muito.
— Ah, meu jovem, eu não poderia tê-la deixado desamparada. Vocês precisavam de ajuda e eu não podia ficar sem fazer nada. Indiferença é um dos piores pecado da humanidade, e se eu quero melhorar o mundo, tenho que fazer o melhor que puder. – Foi o que Célia disse em resposta.
Só por isso que aceitei tudo o que me deram, afinal, ela estava certa. Porém não era um pecado reservado apenas aos humanos.
Selene dormiu bastante para se recuperar, e como ela ainda estava dormindo, acabei ficando com o saquinho com metais comigo quando fui para a floresta no final da tarde. Tirei as roupas e deixei tudo escondido entre as raízes de uma árvore grande antes de voltar a minha aparência original. Muito mais confortável, deitei no chão para relaxar. Era difícil passar o dia me sentindo preso no próprio corpo, como se fosse errado. Contudo, eu gostava de estar próximo a Selene, então esperava que pudesse me acostumar com isso em breve.
Abri as asas o máximo que pude, obviamente não foi muito, por falta de espaço, mas queria poder esticar os músculos. Sentia falta de voar, nunca fiquei tanto tempo em terra, já fazia mais de uma semana.
Perdido em pensamentos, demorei para notar o som de movimentação, alguém se aproximava com passos incertos e curtos. Levantei a cabeça e logo vi a origem do barulho, era Sandra, a filha mais nova. Ela fungava e chorava até levar um susto ao me ver. O que ela estava fazendo aqui? Era tarde demais, ela deveria estar em casa, o Sol já estava se pondo. O pequeno coração dela acelerou ainda mais e ela deu passos para trás, sem tirar os olhos de mim. Ela estava apavorada.
De repente, Sandra começou a correr. Alguém devia falar para ela que não devia fazer isso, a maioria dos predadores vai atrás quando a presa faz isso! Por sorte, eu não era um predador, pelo menos não para ela, e... Droga, ela está indo pro lado errado! Como eu queria poder falar para ela que devia virar, porém, ela apenas entenderia rugidos. E ficaria com mais medo...
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Selene e o Dragão {Degustação}
FantasíaEm meio a uma guerra entre humanos e dragões, Selene foge de uma tragédia que destruiu sua vila e se vê frente a frente com um inimigo dos humanos: um dragão. Ele estava caído e vulnerável. Contrariando tudo o que conhecia e ainda com a dor da perda...