Capítulo 10

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  Por que existem pessoas que dizem que a vida é fácil? Quem foi o dito cujo que inventou essa maldita expressão? Ele, obviamente, não deve ter vivido muito... Ou sou eu que vivi demais.

            Bella era um livro semi-aberto – Tão fácil de ser lida, às vezes... Mas outras em que eu nem me lembrava quem ela é. No instante em que vi seus sedosos lábios sussurrarem meu nome, enquanto dormia, a sensação que tomou conta de todo o meu corpo foi única. E quando lhe entreguei seu anel – o qual ela, certamente, havia esquecido na mesa do grande e luxuoso refeitório do hospital – eu senti como se não fosse mais eu mesmo. Era como se eu vivesse em um universo paralelo. Era como se eu estivesse tão morto a ponto de nem sentir meus dedos, mas tão vivo a ponto de nem conseguir respirar.

            Lembro-me do exato dia em que minha querida irmã teve a brilhante ideia de uma festa tripla, e tal lembrança fez com que outra viesse à tona: a visão que Alice teve durante a festa que reencontrei Bella. A pequena vampira recusou-se a dizer, argumentando que não era nada de mais – E sua mente bloqueada não me ajudava muito.

Tive que me contentar, assim, com uma frustração e mau humor que tomou conta de mim. Reação não muito diferente da que Charlize teve, ao descobrir a ideia da cunhada e sócia, mas que, logo, foi mudada – Ela sabia que os sentimentos de nossa filha era muito mais importante que qualquer outra coisa.

            – Papai, volta pra aquela música! – Minha querida falou, quando eu mudava as estações de rádio. Estávamos no Volvo, rumo à Montalcino, onde se localizava a casa de campo dos Salvatore.

Para ouvir: U2 – Vertigo

http://www.youtube.com/watch?v=bVfhq1pe7nA

            – Yupi! Essa música é boa! – Wendy exclamou, extasiada, remexendo-se desengonçada, no banco de trás, ao ritmo da música.

            Eu e minha esposa nos entreolhamos, apenas para depois cairmos na gargalhada. Charlize tamborilava os dedos junto ao som da guitarra, enquanto o vento que vinha do lado de fora movimentava seus cabelos, há quase 200 quilômetros por hora.

            A paisagem incrivelmente verde das planícies italianas dominava a vista daquela ensolarada manhã, e tudo ganhava um toque especial, apesar das 120 milhas que ainda tínhamos pela frente. Logo, uma pequena garotinha de cabelos cor de bronze fez uma gostosa risada sair de meus lábios outra vez, vendo-a cantarolar um “Hello, hello” todo desafinado e fora do ritmo, conforme o rock que embalava nossa viagem.

Os carros dos meus pais e irmãos vinham logo atrás de nós, exceto por Emmett e Rose, que já haviam acelerado e estavam há alguns quilômetros adiantados. E poucas horas mais tarde, estávamos atravessando o enorme portão de grades com dizeres dourados, ao passo em que estacionávamos no colorido jardim da mansão da família Salvatore.

O canto dos mais diversos pássaros soou alto, no exato instante em que o motor dos carros foi desligado. Colocando meu Wayfarer, pude contemplar a longa casa rústica, porém delicada de dois andares. Senti a luz solar bater em minha pele e disparar pequenos brilhos em todas as direções, enquanto abria a porta do carro para minhas duas mulheres, que sorriam, apreciando a propriedade.

– Sejam bem vindos! – A voz entusiasmada de Stefan proferiu, e pude vê-lo descer os pequenos degraus de madeira da varanda e vir até eu e minha família – que acabara de atravessar os portões –, com Elena logo atrás dele.

– Muito obrigada – Minha bela loira disse com um de seus belos sorrisos, abraçando a jovem vampira amorenada.

Antes que pudéssemos nos cumprimentar apropriadamente, o ronco de um Audi soou, e pude notar que se tratava de Damon, que riu irônico e revirou os olhos ao nos ver – Seus pensamentos irritadiços.

Respiro MeOnde histórias criam vida. Descubra agora