Capítulo 12

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Damon! - Minha voz proferiu em um farfalhar alto, mas parecia ser ignorada de maneira clássica pelo som forte e abafado da tempestade.

Quem era aquela Rose, afinal? Como Damon nunca havia me falado dela antes? Eu me sentia traída... Era como se todos os meus órgãos estivessem estritamente apertados, agonizando-me aos poucos.

Apressei meus passos, tentando alcançá-lo, no entanto, o solo encharcado afundava meus pés - Era como se eu estivesse andando em círculos.

Eu tive que ir atrás de meu marido, ignorando a torrencial chuva primaveril daquela noite escura. Deixei todos, sem olhar por sobre os ombros, abrindo a porta da sala e correndo pelo jardim.

- Damon, espere! - Gritei outra vez, e tive a sensação de vê-lo andar mais rápido, enquanto sentia minha roupa colar ao corpo e ficar pesada de repente, dificultando meus passos. - Não aja como uma criança. Precisamos conversar.

Ele virou de uma vez; seus grandes olhos de safira fulminantes. E eu parei. Pude notar seu peito e subir e descer em um ritmo ainda mais descompassado que o meu, torneando seus músculos perfeitos por conta dos grossos pingos de chuva que caíam em sua camiseta branca, mesmo com aquela jaqueta de couro por cima.

- Eu agindo como uma criança? - Sua voz estava rouca e... Diabos! Ele tinha que ser tão sensual? Não podia ser a porra de um canalha qualquer? - Pelo que me parece, Bella, querida, a criança aqui é você, que passou todo o final da semana dividida sobre a quem dar a devida atenção: Eu ou seu querido Edward.

Eu arfei. O ar ficou preso em minha garganta e pensei que pudesse engasgar. Damon não era um canalha - nunca foi -, porque eu era a porra de uma mulher que não merecia merda alguma. Mas não pude controlar... Eu tentava... Deus sabe como tentava tirar Edward de minha cabeça, contudo, tornava-se uma tarefa cada vez mais árdua... Impossível. Ele estava cravado no meu coração.

Senti meus olhos marejarem, embora eu não pudesse distinguir se eram minhas lágrimas ou os pingos de chuva. Engoli em seco, lançando meu último olhar ao Damon, virando-me e andando de volta para a casa.

Mordi meus lábios com força e estaquei o maldito choro preso em minha garganta, tentando respirar fundo. Meus pés mal conseguiram dar dois passos e, logo, senti as quentes e grandes mãos de meu esposo prenderem meu pulso.

- Eu te amo. - sussurrou carinhosamente, como um estilhaçar de uma porcelana rara. - Perdão.

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Meu olhar se voltou a ele, e encontrei seus olhos temerosos e seu cenho franzido. Seu hálito entorpecente bateu em meu rosto, formando uma pequena neblina ao sair de seus lábios.

- Você me ama? - perguntei sem conseguir disfarçar o tom contrariado. Meneei a cabeça, mordendo meu lábio inferior. - Diga-me quem Rose foi em sua vida.

Damon suspirou, afastando-se novamente. Os músculos de seu dorso estavam tensos, e eu pude reparar no instante em que ele virou de costas para mim.

- Ela foi minha primeira namorada... - murmurou; sua voz perdida, como se estivesse recordando-se daquele tempo. - Éramos muito jovens e eu a conheci quando a vi pegando algumas uvas, escondida naquele vinhedo. - Riu sem vontade, a nostalgia quase palpável. - Eu a amei desde o primeiro momento...

Senti meu cenho franzir sem qualquer permissão, e minha garganta se fechou, como se eu tivesse engolido um cubo de gelo. Eu não tive outra reação a não ser olhar ao redor, enquanto sentia minha roupa ficar pesada conforme a chuva a molhava.

Respiro MeOnde histórias criam vida. Descubra agora