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  Êxtase. Era exatamente a palavra que definia todo o meu estado de torpor naquele instante. Os suaves lábios de Bella estavam colados aos meus, tão macios, tão serenos... Eles ainda possuíam o mesmo delirante sabor de morangos recém colhidos, a mesma textura de seda chinesa e a mesma temperatura de um corpo em chamas. E tudo aquilo me deixava insano.

            Seus pequenos dedos se embrenhavam nos fios de cabelo da minha nuca, puxando-os sem qualquer receio, enquanto uma de minhas mãos desceu rumo a sua cintura fina, colando nossos corpos que ainda se encaixavam perfeitamente. Minha outra mão deslizou por entre seu pescoço até alcançar as delicadas maçãs de seu rosto, numa carícia tão antiga quando a Bíblia. Meus olhos se apertaram mais fortemente no momento em que suguei seu lábio inferior, mordendo de uma maneira suave, e ela somente gemeu baixinho.

            Um frágil suspiro escapou por entre os lábios de Bella que, ao invés de nos distanciar, somente me puxou mais contra si, beijando-me com volúpia e um desespero nunca sentido. Minha língua logo pediu passagem, invadindo a boca quente e deliciosa que apenas Bella possuía. E foi como voltar para casa após anos na guerra.

            Nunca havíamos compartilhado de um beijo tão intenso e conhecê-la daquela forma apenas fazia minha mente se revirar em satisfação e querer fugir com ela para sempre. Suas mãos em meus cabelos e seus lábios contra os meus era a mais pura sensação que já tivera o prazer de sentir. Era única. Era Bella.

            A suave música que nos entoou em nosso primeiro baile cessou e foi como o quebrar de um encanto. Nossos lábios se separaram devagar, como se não quisessem, e eu me vi sem ar pela primeira vez em anos. Ambos ofegávamos, sentíamos nossos peitos subindo e descendo em um ritmo descompassado, somente ao som de nossas respirações abafadas.

            E, então, meus olhos se abriram, enquanto ela encostava sua testa à minha. Bella estava tão linda, tão minha... Até que ela também abriu seus olhos, focalizando os meus com uma precisão e verdade que quase me deixou a seus pés. O chocolate era entorpecente e contrastava unicamente à luz do sol que se punha preguiçosamente. Ela soltou uma lufada de ar, misturada a um suspiro feminino que me fez arrepiar. Palavras não eram necessárias naquele momento, nem mesmo gestos ou atitudes. Seu olhar doce e gentil me dizia tudo... Era apaixonado.

            Minhas mãos acariciaram seu rosto teimosamente, sentindo sua pele quente sob a temperatura gélida da minha. Os olhos dela se fecharam, apreciando o toque que eu tanto quisera desde aquele dia do nosso reencontro. Meus dedos trilharam um caminho de reconhecimento por suas sobrancelhas, descendo para suas bochechas, lábios e deslizando cada vez mais ao sul... Até seus ombros parcialmente cobertos pela camisa de botões que ela trajava, retornando por sua nuca para alcançar seus tão singulares fios castanhos avermelhados.

            – Eu senti tanto a sua falta. – sussurrei, fechando os olhos e sentindo seu delicado aroma de frésias me invadir.

            – Eu também... – Sua voz sussurrada fez meus pelos se eriçarem, ao passo em que seus dedos afagavam carinhosamente a pele próxima à minha orelha, embrenhando-se em alguns fios acobreados.

            – Bella, eu... – Eu te amo, minha mente gritava pra eu dizer...

            – Oh, meu Deus... O que eu fiz? – Ela sussurrou quase que para si mesma, segurando meu ombro e olhando para a grama debaixo de nós. – Eu... Edward, me perdoe... Eu...

            Ela não me deu chances ou sequer esperou eu puxá-la e roubá-la só para mim, apenas me encarando com os olhos sinceros repletos de arrependimento, suspirando pesadamente e correndo para longe.

Respiro MeOnde histórias criam vida. Descubra agora